Estudo relaciona quatro condições cardiometabólicas a mais de 60% das hospitalizações por COVID-19
O risco de hospitalização por COVID‐19 está fortemente relacionado à saúde1 cardiometabólica. Uma análise usando dados do CDC, COVID-NET e do Projeto de Rastreamento da COVID sugere que quase 2 de cada 3 hospitalizações por COVID-19 nos EUA foram atribuídas à obesidade2, hipertensão3, diabetes4 e insuficiência cardíaca5.
Os resultados de um estudo de modelagem, publicado no Journal of the American Heart Association e realizado por pesquisadores da Tufts University, sugerem que quase dois terços de todas as hospitalizações por COVID-19 podem ser atribuídos à presença dessas quatro condições específicas preexistentes.
A análise incluiu dados de mais de 900.000 hospitalizações por COVID-19; os resultados indicam que 64% das hospitalizações foram atribuíveis à obesidade2, hipertensão3, diabetes4 e insuficiência cardíaca5 – com mais de 30% de todas as hospitalizações atribuíveis apenas à obesidade2.
Leia sobre "Hipertensão3 e diabetes4 e maior risco de infecção6 por COVID-19" e "Obesidade2 como fator de risco7 para infecção6 grave por COVID-19".
“Embora as vacinas contra a COVID-19 recém-autorizadas eventualmente reduzam as infecções8, temos um longo caminho a percorrer para chegar a esse ponto. Nossas descobertas pedem intervenções para determinar se a melhoria da saúde1 cardiometabólica reduzirá hospitalizações, morbidade9 e a sobrecarga dos serviços de saúde1 devidos à COVID- 19”, disse Dariush Mozaffarian, MD, DrPH, investigador principal e reitor da Gerald J. and Dorothy R. Friedman School of Nutrition Science and Policy da Tufts University, em um comunicado. “Sabemos que as mudanças na qualidade da dieta por si só, mesmo sem perda de peso, melhoram rapidamente a saúde1 metabólica em apenas seis a oito semanas. É crucial testar essas abordagens de estilo de vida para reduzir infecções8 graves de COVID-19, tanto para esta pandemia10 quanto para futuras pandemias que provavelmente ocorrerão.”
O estudo estimou as hospitalizações por COVID‐19 absolutas e proporcionais em adultos norte-americanos atribuíveis a 4 principais doenças cardiometabólicas nos Estados Unidos, separadamente e em conjunto, e por raça/etnia, idade e sexo.
Foram usadas as melhores estimativas disponíveis de associações independentes de condições cardiometabólicas com risco de hospitalização por COVID‐19; dados representativos a nível nacional sobre as condições cardiometabólicas do National Health and Nutrition Examination Survey 2015-2018; e hospitalizações por COVID‐19 nos EUA estratificadas por idade, sexo e raça/etnia do banco de dados da Rede de Vigilância de Hospitalização Associada à Doença do Coronavirus 2019, do Centro de Controle e Prevenção de Doenças, e do Projeto de Rastreamento da COVID, para estimar os números e proporções de hospitalizações por COVID‐19 atribuíveis a diabetes mellitus11, obesidade2, hipertensão3 e insuficiência cardíaca5.
As entradas de dados foram combinadas em uma estrutura de avaliação de risco comparativa, com análises de sensibilidade probabilística e 1000 simulações de Monte Carlo para incorporar conjuntamente incertezas específicas do estrato nas entradas de dados.
Até 18 de novembro de 2020, ocorreram cerca de 906.849 hospitalizações por COVID-19 em adultos nos Estados Unidos. Destas, uma estimativa de 20,5% (intervalo de incerteza [UI] de 95%, 18,9-22,1) das hospitalizações por COVID-19 foram atribuíveis ao diabetes mellitus11, 30,2% (UI, 28,2-32,3) à obesidade2 total (índice de massa corporal12 ≥30 kg/m²), 26,2% (UI, 24,3-28,3) à hipertensão3 e 11,7% (UI, 9,5-14,1) à insuficiência cardíaca5.
Consideradas em conjunto, 63,5% (UI, 61,6-65,4) ou 575.419 (UI, 559.072-593.412) das hospitalizações por COVID‐19 foram atribuíveis a essas 4 condições. Grandes diferenças foram observadas nas proporções de hospitalizações por COVID-19 atribuíveis a risco cardiometabólico por idade e raça/etnia, com diferenças menores por sexo.
O estudo concluiu que uma proporção substancial das hospitalizações por COVID‐19 nos EUA parece ser atribuíveis a condições cardiometabólicas importantes. Esses resultados podem ajudar a informar as estratégias de prevenção de saúde1 pública para reduzir o fardo da COVID-19 sobre o sistema de saúde1.
“Os prestadores de serviços médicos devem educar os pacientes que podem estar em risco de COVID-19 grave e considerar a promoção de medidas preventivas de estilo de vida, como melhor qualidade da dieta e atividade física, para melhorar a saúde1 cardiometabólica geral. Também é importante que os prestadores estejam cientes das disparidades de saúde1 que pessoas com essas condições muitas vezes enfrentam”, disse a primeira investigadora Meghan O'Hearn, na declaração acima mencionada.
Os pesquisadores alertaram os médicos a considerarem as limitações de seu estudo antes de interpretar os resultados de maneira exagerada. Essas limitações incluíram a incapacidade de provar causalidade e a incapacidade de provar que as melhorias reduzirão o risco de hospitalização por COVID-19.
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Fontes:
Journal of the American Heart Association, Vol. 10, Nº 5, em 02 de março de 2021.
Practical Cardiology, notícia publicada em 25 de fevereiro de 2021.