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Estudo identificou 8 fenótipos de nascimento prematuro, que foram associados a diferenças na morbidade neonatal e nos resultados infantis

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As complexidades etiológicas do nascimento prematuro permanecem mal compreendidas, o que pode impedir o desenvolvimento de melhores medidas preventivas e de tratamento.

Este estudo publicado pelo JAMA Pediatrics buscou examinar a associação entre fenótipos específicos do nascimento prematuro e diferenças clínicas, de crescimento e de neurodesenvolvimento entre recém-nascidos prematuros em comparação com recém-nascidos a termo até a idade de 2 anos.

Leia sobre "Prematuridade e os cuidados necessários", "Crescimento infantil1", "Desenvolvimento infantil" e "Parto prematuro".

O estudo INTERBIO-21st incluiu uma coorte2 de recém-nascidos prematuros e nascidos a termo inscritos entre março de 2012 e junho de 2018 em maternidades em 6 países em todo o mundo que foram acompanhados desde o nascimento até a idade de 2 anos. Todas as gestações foram datadas por ultrassonografia3. Os dados foram analisados ​​de novembro de 2019 a outubro de 2020.

Os principais resultados e medidas foram: tamanho, saúde4, nutrição5 e marcos de desenvolvimento motor (da Organização Mundial da Saúde4) do bebê avaliados nas idades de 1 e 2 anos; neurodesenvolvimento avaliado aos 2 anos de idade usando a ferramenta INTERGROWTH-21st Neurodevelopment Assessment (INTER-NDA).

Um total de 6.529 crianças (3.312 meninos [50,7%]) foram incluídos na análise. Destes, 1.381 nasceram prematuros (idade gestacional média [DP] ao nascer, 34,4 [0,1] semanas) e 5.148 nasceram a termo (idade gestacional média [DP] ao nascer, 39,4 [0] semanas).

Entre 1.381 recém-nascidos prematuros, 8 fenótipos foram identificados:

  1. nenhuma condição materna, fetal ou placentária principal detectada (485 bebês6 [35,1%]);
  2. infecções7 (289 bebês6 [20,9%]);
  3. pré-eclâmpsia8 (162 bebês6 [11,7%]);
  4. sofrimento fetal (131 bebês6 [9.5 %]);
  5. restrição de crescimento intrauterino (110 bebês6 [8,0%]);
  6. doença materna grave (85 bebês6 [6,2%]);
  7. sangramento (71 bebês6 [5,1%]);
  8. e anomalia congênita9 (48 bebês6 [3,5%]).

Para todos os fenótipos, um parto prematuro anterior foi um fator de risco10 para recorrência11. Cada fenótipo12 apresentou diferenças na morbidade13 neonatal e nos resultados dos bebês6.

Por exemplo, bebês6 com o fenótipo12 de nenhuma condição importante detectada tinham baixa morbidade13 neonatal, mas aumentaram a morbidade13 e a incidência14 de hospitalização na idade de 1 ano (odds ratio [OR], 2,2; IC 95%, 1,8-2,7). Em comparação com recém-nascidos a termo, o maior risco de pontuação inferior ao percentil 10 dos valores normativos do INTER-NDA foi observado no domínio do desenvolvimento motor fino entre recém-nascidos com fenótipo12 de sofrimento fetal (OR, 10,6; IC 95%, 5,1-22,2).

Os resultados deste estudo sugerem que a classificação fenotípica15 pode fornecer uma melhor compreensão dos fatores etiológicos e mecanismos associados ao nascimento prematuro do que continuar a considerá-lo uma entidade exclusivamente baseada no tempo.

Veja também sobre "Cuidados com o recém-nascido", "Quando uma criança começa a falar" e "Quando uma criança começa a andar".

 

Fonte: JAMA Pediatrics, publicação em 01 de março de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Estudo identificou 8 fenótipos de nascimento prematuro, que foram associados a diferenças na morbidade neonatal e nos resultados infantis. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1389920/estudo-identificou-8-fenotipos-de-nascimento-prematuro-que-foram-associados-a-diferencas-na-morbidade-neonatal-e-nos-resultados-infantis.htm>. Acesso em: 14 out. 2024.

Complementos

1 Crescimento Infantil: Aumento na estrutura do corpo, tendo em vista a multiplicação e o aumento do tamanho das células. Controla-se principalmente o peso corporal, a estatura e o perímetro cefálico, com o objetivo de saber o quanto a criança ganhou ou perdeu em determinados intervalos de tempo e tendo por base um acompanhamento a longo prazo, através de anotações em gráficos ou curvas de crescimento. O pediatra precisa conhecer e analisar vários fatores referentes à criança e a sua família, como o peso e a altura dos pais, o padrão de crescimento deles, os dados da gestação, o peso e a estatura ao nascimento e a alimentação do bebê para avaliar a situação do crescimento de determinada criança. Não é simplesmente consultar gráficos. Somente o médico da criança pode avaliar seu crescimento. Uma criança pode estar fora da “faixa mais comum de referência“ e, ainda assim, ter um crescimento normal.
2 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
3 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Nutrição: Incorporação de vitaminas, minerais, proteínas, lipídios, carboidratos, oligoelementos, etc. indispensáveis para o desenvolvimento e manutenção de um indivíduo normal.
6 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
7 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
8 Pré-eclâmpsia: É caracterizada por hipertensão, edema (retenção de líquidos) e proteinúria (presença de proteína na urina). Manifesta-se na segunda metade da gravidez (após a 20a semana de gestação) e pode evoluir para convulsão e coma, mas essas condições melhoram com a saída do feto e da placenta. No meio médico, o termo usado é Moléstia Hipertensiva Específica da Gravidez. É a principal causa de morte materna no Brasil atualmente.
9 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
10 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
11 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
12 Fenótipo: Características apresentadas por um indivíduo sejam elas morfológicas, fisiológicas ou comportamentais. Também fazem parte do fenótipo as características microscópicas e de natureza bioquímica, que necessitam de testes especiais para a sua identificação, como, por exemplo, o tipo sanguíneo do indivíduo.
13 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
14 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
15 Fenotípica: Referente a fenótipo, ou seja, à manifestação visível ou detectável de um genótipo. Características físicas, morfológicas e fisiológicas do organismo.
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