Estudo explica por que problemas cardíacos podem causar problemas de sono
Uma resposta imune desencadeada por uma doença cardíaca afeta a função de uma glândula1 com um papel fundamental no ciclo sono-vigília.
Estudo publicado na revista Science apontou que a perda de células nervosas2 específicas no pescoço3 pode explicar por que muitas pessoas com doenças cardíacas têm dificuldade para dormir. Essas células4 se conectam diretamente à glândula pineal5, que fica no meio do cérebro6 e secreta melatonina, um hormônio7 responsável por cronometrar o ciclo de sono do corpo.
No artigo, os pesquisadores descrevem como a denervação8 imunomediada da glândula pineal5 é a base do distúrbio do sono na doença cardíaca.
Pacientes com doenças cardíacas frequentemente apresentam níveis baixos de melatonina e interrupções do ciclo fisiológico9 sono-vigília. Embora o sono desordenado aumente consideravelmente a carga geral de doenças desses pacientes, os mecanismos subjacentes a esse fenômeno permanecem obscuros.
No estudo, os pesquisadores relatam em camundongos e humanos que a interrupção do sono em doenças cardíacas é causada pela perda de neurônios10 que normalmente se projetam dos gânglios11 cervicais superiores para a glândula pineal5, que secreta melatonina.
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A imunocoloração de axônios13 simpáticos em glândulas14 pineais opticamente limpas de humanos e camundongos com doença cardíaca revelou sua desnervação15 substancial em comparação com os controles.
O sequenciamento espacial, unicelular, nuclear e de RNA em massa rastreou esse defeito até os gânglios11 cervicais superiores (GCS), que responderam à doença cardíaca com acúmulo de macrófagos16 inflamatórios, fibrose17 e perda seletiva de neurônios10 inervadores da glândula pineal5.
Descobriu-se, assim, que a doença cardíaca desencadeia a infiltração de macrófagos16 nos gânglios11 cervicais superiores, onde eles orquestram a morte das células4 neuronais.
A depleção18 de macrófagos16 nos GCS ou a inibição de sua ativação atenuaram esses defeitos em um modelo de doença cardíaca em camundongos, evitando a desnervação15 da glândula pineal5 associada à doença e restaurando a secreção fisiológica19 de melatonina.
Esses dados identificam o mecanismo pelo qual a ritmicidade diurna nas doenças cardíacas é perturbada e sugerem um alvo para intervenção terapêutica20.
Fontes:
Science, Vol. 381, Nº 6655, em 20 de julho de 2023.
Nature, notícia publicada em 24 de julho de 2023.