Estudo detalha o impacto a longo prazo da infecção por COVID-19 no funcionamento dos órgãos
Mais de 260 milhões de casos positivos para o SARS-CoV-2 foram confirmados globalmente.
Agora, um novo estudo da Europa, publicado no European Heart Journal, destaca as potenciais implicações a longo prazo da infecção1 por COVID-19 entre pacientes com uma forma leve a moderada da doença que não requer hospitalização.
Os resultados do estudo, que avaliou dados de 443 pacientes positivos para COVID-19 do Hamburg City Health Study COVID Program que foram submetidos a avaliações de alterações estruturais e funcionais subclínicas sustentadas de vários órgãos 9,6 meses após a infecção1, sugerem que aqueles que se recuperaram de uma infecção1 leve a moderada por SARS-CoV-2 exibiram sinais2 de afecção3 subclínica de múltiplos órgãos relacionados à função cardíaca, pulmonar, trombótica4 e renal5. Não houve sinais2 de dano cerebral estrutural, neurocognitivo ou comprometimento da qualidade de vida.
Leia sobre "Síndrome6 pós-Covid", "Eventos trombóticos7 na Covid-19" e "76% dos pacientes que tiveram COVID-19 relataram sintomas8 6 meses após a infecção1".
“Em mais de 1.700 indivíduos, fenotipamos extensivamente a estrutura e a função de vários órgãos específicos e exploramos os resultados neurocognitivos e relatados pelo paciente para avaliar de forma abrangente os efeitos intermediários a longo prazo da doença leve e moderada de COVID-19. Observamos consistentemente o envolvimento subclínico específico do órgão”, escreveram os pesquisadores.
Como a COVID-19 se tornou presente no cenário da medicina há 2 anos, mais e mais pesquisas passaram a se concentrar no exame de possíveis sequelas9 de longo prazo de contrair a doença. Com relatos de disfunção orgânica surgindo durante a pandemia10, uma equipe de pesquisadores da Alemanha procurou avaliar a prevalência11 de disfunção específica do órgão por meio de fentotipagem profunda entre indivíduos que se recuperaram de infecção1 leve a moderada por SARS-CoV-2.
Quatrocentos e quarenta e três indivíduos, principalmente não hospitalizados, foram examinados em média 9,6 meses após o primeiro teste positivo para SARS-CoV-2 e pareados por idade, sexo e educação com 1.328 controles de uma coorte12 alemã de base populacional. Avaliou-se o estado pulmonar, cardíaco, vascular13, renal5 e neurológico, bem como os resultados relacionados ao paciente.
A pletismografia corporal documentou um volume pulmonar total levemente menor (coeficiente de regressão -3,24, P ajustado = 0,014) e maior resistência específica das vias aéreas (coeficiente de regressão 8,11, P ajustado = 0,001) após a infecção1 por SARS-CoV-2.
A avaliação cardíaca revelou medidas ligeiramente mais baixas da função ventricular esquerda (coeficiente de regressão para fração de ejeção do ventrículo esquerdo no ecocardiograma14 transtorácico -0,93, P ajustado = 0,015) e da função ventricular direita e concentrações mais altas de biomarcadores cardíacos (fator 1,14 para troponina de alta sensibilidade, 1,41 para fragmento15 N-terminal do peptídeo natriurético tipo B, P ajustado ≤0,01) em pacientes pós-SARS-CoV-2 em comparação com controles pareados, mas sem diferenças significativas nos achados de ressonância magnética16 cardíaca.
As veias17 femorais ultrassonograficamente não compressíveis, sugerindo trombose venosa profunda18, foram substancialmente mais frequentes após a infecção1 por SARS-CoV-2 (odds ratio 2,68, P ajustado <0,001).
A taxa de filtração glomerular (coeficiente de regressão -2,35, P ajustado = 0,019) foi menor nos casos pós-SARS-CoV-2.
Volume cerebral relativo, prevalência11 de micro-hemorragias19 cerebrais e resíduos de infarto20 foram semelhantes, enquanto a espessura cortical média foi maior nos casos pós-SARS-CoV-2. A função cognitiva21 não foi prejudicada. Da mesma forma, os resultados relacionados ao paciente não diferiram.
O estudo concluiu que indivíduos que aparentemente se recuperaram de uma infecção1 leve a moderada por SARS-CoV-2 mostram sinais2 de afecção3 subclínica de múltiplos órgãos relacionados à função pulmonar, cardíaca, trombótica4 e renal5, sem sinais2 de dano cerebral estrutural, comprometimento neurocognitivo ou de qualidade de vida. A respectiva triagem pode orientar o manejo adicional do paciente.
Veja também sobre "Os sintomas8 da Covid-19" e "Síndrome6 pós-covid: taxas aumentadas de disfunção de múltiplos órgãos após internação".
Fontes:
European Heart Journal, publicação em 06 de janeiro de 2022.
Practical Cardiology, notícia publicada em 07 de janeiro de 2022.