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Testar medicamentos em miniaturas de cânceres em laboratório pode revelar o melhor tratamento

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A próxima inovação no tratamento do câncer1 poderá ser testar todos os medicamentos possíveis em milhares de versões em miniatura do tumor2 de uma pessoa, cultivadas em laboratório, para ver qual funciona melhor.

A técnica, às vezes chamada de teste de sensibilidade a medicamentos, pode já ter ajudado algumas crianças com câncer1 avançado a viver mais tempo do que a abordagem padrão, de acordo com um estudo publicado na revista Nature Medicine.

Leia sobre "O que é o câncer1", "Câncer1 infantil" e "Quimioterapia3".

A abordagem poderia eventualmente tornar-se rotineiramente usada para todas as pessoas com câncer1, diz Diana Azzam, da Universidade Internacional da Florida, em Miami. “Eu diria que isso ajudará a orientar o tratamento de qualquer câncer1, seja ele agressivo ou não.”

As células4 usadas para o cultivo dos mini cânceres são obtidas quando alguém faz biópsias5 do tumor2 ou quando faz uma cirurgia para removê-lo por completo.

A abordagem significa que mais de 100 diferentes medicamentos contra o câncer1 ou combinações de medicamentos podem ser testados em milhares de aglomerados de células cultivadas6 em pequenas placas7, usando equipamento robótico para aplicá-los em cada placa8 e nutrir as células4 por cerca de 10 dias. O tratamento que se mostrar mais eficaz em impedir a multiplicação das células4 pode então ser usado como terapia.

Atualmente, os médicos selecionam o medicamento que é normalmente empregado contra esse tipo de câncer1 ou usam seu julgamento para escolher entre algumas opções. Se o primeiro tratamento não conseguir diminuir o tumor2, um medicamento diferente será tentado, mas esse processo de tentativa e erro pode levar meses e ter efeitos colaterais9 graves.

“Ocorrem efeitos colaterais9 prejudiciais que prejudicam a saúde10 geral do paciente e tornam muito mais difícil continuar o tratamento”, diz Azzam. “A única maneira de fornecer o medicamento certo ao paciente no momento certo é realmente testar os medicamentos nas células4 tumorais e descobrir quais funcionam e quais não funcionam.”

A abordagem de teste de sensibilidade a medicamentos está em desenvolvimento há vários anos, mas até agora houve apenas um ensaio anterior, em adultos com cânceres das células sanguíneas11 em estágio avançado, como leucemia12. Este trabalho sugeriu que a técnica permite que as pessoas vivam mais.

O novo ensaio encontrou sinais13 de que a abordagem também ajuda crianças com tumores sólidos. A equipe de Azzam realizou esses testes em 21 pessoas com tumores ou cânceres no sangue14 que haviam retornado após vários tratamentos anteriores, portanto tinham um prognóstico15 ruim.

O teste de sensibilidade a medicamentos levou a um tratamento recomendado para 19 dos participantes. Apenas seis receberam o tratamento recomendado porque alguns médicos ignoraram a recomendação, enquanto outras crianças pioraram demasiado rapidamente e tiveram de retirar-se do estudo.

Dos seis participantes que fizeram o tratamento aconselhado, cinco tiveram uma remissão do câncer1 que durou 8,5 vezes mais, em média, do que após o tratamento anterior.

É razoável pensar que isto sugere que os testes de sensibilidade a medicamentos conduzem a um tratamento mais potente, porque normalmente o período de remissão do câncer1 dura menos tempo após cada novo tratamento contra o câncer1 ser tentado, diz Maddy Parsons, do King’s College London. “Considerando que é uma cultura de células4 relativamente pouco sofisticada, impulsionada pela necessidade de velocidade, é incrível como funciona bem.”

O próximo passo é verificar se a abordagem conduz a melhores resultados num ensaio randomizado16, incluindo em pessoas que são diagnosticadas com câncer1 num estágio relativamente precoce, que podem obter mais benefícios, diz Azzam.

“Sempre há pacientes que não respondem à terapia de primeira linha”, diz Parsons. “Enquanto eles não estão respondendo, o câncer1 está piorando. O objetivo é prever desde o início quem responderá à quimioterapia3 padrão e quem não responderá, e o que deveríamos usar em seu lugar.”

No artigo, os pesquisadores avaliaram a viabilidade da medicina de precisão funcional para orientar o tratamento de cânceres pediátricos recidivantes17 ou refratários18.

Eles relatam que crianças com cânceres raros, recidivantes17 ou refratários18 enfrentam frequentemente opções de tratamento limitadas, e estão disponíveis poucos biomarcadores preditivos que possam permitir recomendações de tratamento personalizadas.

A implementação da medicina de precisão funcional (MPF), que combina o perfil genômico com testes de sensibilidade a medicamentos (TSM) de células4 tumorais derivadas de pacientes, tem potencial para identificar opções de tratamento quando o padrão de cuidados tiver sido esgotado.

Este estudo observacional prospectivo19 buscou gerar dados de MPF para pacientes pediátricos com câncer1 recidivante20 ou refratário. O objetivo principal foi determinar a viabilidade de retornar recomendações de tratamento baseadas em MPF em tempo real ao conselho de tumores de MPF (CTMPF) dentro de um prazo clinicamente acionável (<4 semanas). O objetivo secundário foi avaliar os resultados clínicos dos pacientes inscritos no estudo.

Vinte e cinco pacientes com cânceres sólidos e hematológicos recidivantes17 ou refratários18 foram incluídos; 21 pacientes foram submetidos ao TSM e 20 também completaram o perfil genômico. Os tempos médios de resposta para TSM e genômica foram de 10 e 27 dias, respectivamente.

Foram feitas recomendações de tratamento para 19 pacientes (76%), dos quais 14 receberam intervenções terapêuticas. Seis pacientes receberam tratamentos subsequentes guiados por MPF. Entre esses pacientes, cinco (83%) experimentaram uma melhora superior a 1,3 vezes na sobrevida21 livre de progressão associada à terapia guiada por MPF em relação à terapia anterior, e demonstraram um aumento significativo na sobrevida21 livre de progressão e na taxa de resposta objetiva em comparação aos resultados de oito pacientes não guiados.

As descobertas desse estudo de prova de princípio ilustram o potencial da medicina de precisão funcional para impactar positivamente o cuidado clínico de pacientes pediátricos e adolescentes com câncer1 recidivante20 ou refratário e garantem validação adicional em grandes estudos prospectivos.

Veja também sobre "Câncer1 - informações importantes" e "Imunoterapia".

 

Fontes:
Nature Medicine, publicação em 11 de abril de 2024.
New Scientist, notícia publicada em 11 de abril de 2024.

 

NEWS.MED.BR, 2024. Testar medicamentos em miniaturas de cânceres em laboratório pode revelar o melhor tratamento. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1469102/testar-medicamentos-em-miniaturas-de-canceres-em-laboratorio-pode-revelar-o-melhor-tratamento.htm>. Acesso em: 7 nov. 2024.

Complementos

1 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
2 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
3 Quimioterapia: Método que utiliza compostos químicos, chamados quimioterápicos, no tratamento de doenças causadas por agentes biológicos. Quando aplicada ao câncer, a quimioterapia é chamada de quimioterapia antineoplásica ou quimioterapia antiblástica.
4 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
5 Biópsias: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
6 Células Cultivadas: Células propagadas in vitro em meio especial apropriado ao seu crescimento. Células cultivadas são utilizadas no estudo de processos de desenvolvimento, processos morfológicos, metabólicos, fisiológicos e genéticos, entre outros.
7 Placas: 1. Lesões achatadas, semelhantes à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
8 Placa: 1. Lesão achatada, semelhante à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
9 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
10 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
11 Células Sanguíneas: Células encontradas no líquido corpóreo circulando por toda parte do SISTEMA CARDIOVASCULAR.
12 Leucemia: Doença maligna caracterizada pela proliferação anormal de elementos celulares que originam os glóbulos brancos (leucócitos). Como resultado, produz-se a substituição do tecido normal por células cancerosas, com conseqüente diminuição da capacidade imunológica, anemia, distúrbios da função plaquetária, etc.
13 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
14 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
15 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
16 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
17 Recidivantes: Característica da doença que recidiva, que acontece de forma recorrente ou repetitiva.
18 Refratários: 1. Que resiste à ação física ou química. 2. Que resiste às leis ou a princípios de autoridade. 3. No sentido figurado, que não se ressente de ataques ou ações exteriores; insensível, indiferente, resistente. 4. Imune a certas doenças.
19 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
20 Recidivante: Característica da doença que recidiva, que acontece de forma recorrente ou repetitiva.
21 Sobrevida: Prolongamento da vida além de certo limite; prolongamento da existência além da morte, vida futura.
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