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Pesquisa descobriu fatores subjacentes ao ganho de peso associado à cessação do tabagismo

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Resumo da pesquisa

  • Pessoas que param de fumar geralmente ganham peso, o que pode fazer com que alguns indivíduos comecem a fumar novamente.
  • Os fatores subjacentes a este tipo de ganho de peso não são totalmente compreendidos.
  • Microrganismos no intestino (microbiota1) podem influenciar aspectos da saúde2 humana e têm sido implicados na obesidade3.
  • Escrevendo na Nature, Fluhr et al. relatam evidências de estudos em camundongos e humanos que apontam o papel da microbiota1 no ganho de peso associado à cessação do tabagismo.
  • Essas descobertas podem ajudar nos esforços para permitir que as pessoas evitem os efeitos colaterais4 associados a parar de fumar.
Saiba mais sobre “Tabagismo”, “Parar de fumar: como é” e “Microbioma5 intestinal humano”.

No artigo publicado na revista Nature, os pesquisadores abordam como a microbiota1 intestinal modula o ganho de peso em camundongos após a interrupção da exposição ao fumo.

O tabagismo constitui uma das principais causas globais de morbidade6 e morte evitável, e a maioria dos fumantes ativos relata o desejo ou tentativa recente de parar de fumar. O ganho de peso induzido pela cessação do tabagismo (GPCT; 4,5 kg relatado como ganho em média por 6–12 meses, >10 kg ano-1 em 13% daqueles que pararam de fumar) constitui um grande obstáculo para a abstinência do tabagismo, mesmo sob ingestão calórica estável ou restrita.

Neste estudo, foi usado um modelo de camundongo para demonstrar que o tabagismo e a cessação induzem um estado disbiótico que é impulsionado por um influxo intestinal de metabólitos7 relacionados à fumaça do cigarro.

A depleção8 do microbioma5 induzida pelo tratamento com antibióticos impede o GPCT. Por outro lado, o transplante de microbioma5 fecal de camundongos previamente expostos à fumaça de cigarro em camundongos livres de germes, ingênuos à exposição à fumaça, induz ganho de peso excessivo entre várias dietas e linhagens de camundongos.

Metabolicamente, o GPCT induzido por microbioma5 envolve um hospedeiro combinado e um desvio do microbioma5 da colina dietética para a dimetilglicina, conduzindo ao aumento da colheita de energia intestinal, juntamente com a depleção8 de um metabólito9 de redução de peso regulado cruzadamente, N-acetilglicina e, possivelmente, pelos efeitos outros metabólitos7 relacionados à fumaça de cigarro diferencialmente abundantes.

Dimetilglicina e N-acetilglicina também podem modular o peso e a imunidade10 do tecido adiposo11 associada sob condições de não fumantes.

As observações preliminares em uma pequena coorte12 humana de corte transversal apoiam esses achados, o que exige maiores ensaios em humanos para estabelecer a relevância desse mecanismo em fumantes ativos.

Coletivamente, descobriu-se uma orquestração do ganho de peso induzido pela cessação do tabagismo dependente do microbioma5 que pode ser explorada para melhorar o sucesso na cessação do tabagismo e para corrigir perturbações metabólicas, mesmo em situações de não fumantes.

Leia sobre “Metabolismo13: como ele influencia na perda e no ganho de peso”, “Disbiose intestinal14” e “Peso ideal e como calculá-lo”.

 

Fonte: Nature, publicação em 08 de dezembro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Pesquisa descobriu fatores subjacentes ao ganho de peso associado à cessação do tabagismo. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1407315/pesquisa-descobriu-fatores-subjacentes-ao-ganho-de-peso-associado-a-cessacao-do-tabagismo.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Microbiota: Em ecologia, chama-se microbiota ao conjunto dos microrganismos que habitam um ecossistema, principalmente bactérias, protozoários e outros microrganismos que têm funções importantes na decomposição da matéria orgânica e, portanto, na reciclagem dos nutrientes. Fazem parte da microbiota humana uma quantidade enorme de bactérias que vivem em harmonia no organismo e auxiliam a ação do sistema imunológico e a nutrição, por exemplo.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
4 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
5 Microbioma: Comunidade ecológica de microrganismos comensais, simbióticos e patogênicos que compartilham nosso espaço corporal. Microbioma humano é o conjunto de microrganismos que reside no corpo do Homo sapiens, mantendo uma relação simbiótica com o hospedeiro. O conceito vai além do termo microbiota, incluindo também a relação entre as células microbianas e as células e sistemas humanos, por meio de seus genomas, transcriptomas, proteomas e metabolomas.
6 Morbidade: Morbidade ou morbilidade é a taxa de portadores de determinada doença em relação à população total estudada, em determinado local e em determinado momento.
7 Metabólitos: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
8 Depleção: 1. Em patologia, significa perda de elementos fundamentais do organismo, especialmente água, sangue e eletrólitos (sobretudo sódio e potássio). 2. Em medicina, é o ato ou processo de extração de um fluido (por exxemplo, sangue) 3. Estado ou condição de esgotamento provocado por excessiva perda de sangue. 4. Na eletrônica, em um material semicondutor, medição da densidade de portadores de carga abaixo do seu nível e do nível de dopagem em uma temperatura específica.
9 Metabólito: Qualquer composto intermediário das reações enzimáticas do metabolismo.
10 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
11 Tecido Adiposo: Tecido conjuntivo especializado composto por células gordurosas (ADIPÓCITOS). É o local de armazenamento de GORDURAS, geralmente na forma de TRIGLICERÍDEOS. Em mamíferos, existem dois tipos de tecido adiposo, a GORDURA BRANCA e a GORDURA MARROM. Suas distribuições relativas variam em diferentes espécies sendo que a maioria do tecido adiposo compreende o do tipo branco.
12 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
13 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
14 Disbiose intestinal: Definida como o desequilíbrio da flora intestinal, entre os microrganismos benéficos e patogênicos, que resulta em uma situação desfavorável à saúde do indivíduo.
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