Gostou do artigo? Compartilhe!

Uso de cigarros eletrônicos na cessação do tabagismo: o que se sabe

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Os cigarros eletrônicos ou vapes aquecem um líquido que se transforma em um vapor que as pessoas podem respirar. Eles geralmente contêm nicotina, que é o produto químico viciante dos cigarros. Porém, os cigarros eletrônicos não contêm tabaco, que é a parte prejudicial dos cigarros que causa câncer1.

De acordo com a Cancer1 Research UK, as pesquisas até agora mostram que os cigarros eletrônicos legais são muito menos prejudiciais do que fumar cigarros convencionais. Para as pessoas que fumam, os cigarros eletrônicos legais são uma opção para ajudá-las a parar.

Porém, os cigarros eletrônicos não são isentos de riscos. Eles podem causar efeitos colaterais2 como irritação na garganta3 e na boca4, dor de cabeça5, tosse e enjoo. Esses efeitos colaterais2 tendem a diminuir com o tempo com o uso continuado. Também há preocupações quanto a riscos para a saúde6 cardiovascular e pulmonar.

Ainda não se conhece os seus efeitos a longo prazo, por isso crianças e pessoas que nunca fumaram não devem usá-los.

Leia sobre "Cigarro eletrônico", "Tabagismo" e "Parar de fumar - como é".

Fumar cigarros convencionais causa pelo menos 15 tipos diferentes de câncer1, então parar de fumar completamente é a melhor coisa que uma pessoa pode fazer pela sua saúde6. Os cigarros eletrônicos parecem ajudar as pessoas a parar de fumar, e poderiam assim funcionar como uma ferramenta eficaz para a cessação do tabagismo, auxiliando na redução do risco de câncer1.

Apesar de cigarros eletrônicos ainda conterem nicotina, o que também representa risco para desenvolver ou manter o vício, essa substância não é a responsável pelos efeitos nocivos do tabagismo, e a nicotina não causa câncer1. Há muitos anos que as pessoas utilizam com segurança a terapia de reposição de nicotina (TRN) para deixar de fumar. A TRN é prescrita por médicos ou está disponível em farmácias.

Um novo estudo, publicado no The New England Journal of Medicine, aponta que o uso de cigarros eletrônicos, junto ao aconselhamento padrão para parar de fumar, resultou em maior tempo de abstenção do cigarro, em comparação com o aconselhamento isolado.

Os pesquisadores relatam que sistemas eletrônicos de administração de nicotina – também chamados de cigarros eletrônicos – são usados por alguns fumantes de tabaco para ajudar a parar de fumar. Mas são necessárias evidências sobre a eficácia e segurança desses sistemas.

Nesse contexto, este estudo aberto e controlado designou aleatoriamente adultos que fumavam pelo menos cinco cigarros de tabaco por dia e que queriam definir uma data para parar de fumar, para um grupo de intervenção, que recebeu cigarros eletrônicos e e-líquidos gratuitos, aconselhamento padrão para parar de fumar e terapia de reposição de nicotina opcional (não gratuita), ou para um grupo de controle, que recebeu aconselhamento padrão e um voucher, que poderia usar para qualquer finalidade, incluindo terapia de reposição de nicotina.

O desfecho primário foi a abstenção contínua de fumar tabaco aos 6 meses, validada bioquimicamente. Os desfechos secundários incluíram abstenção de tabaco e de qualquer nicotina relatada pelos participantes (incluindo tabagismo, cigarros eletrônicos e terapia de reposição de nicotina) aos 6 meses, sintomas7 respiratórios e eventos adversos graves.

Um total de 1.246 participantes foram submetidos à randomização; 622 participantes foram designados para o grupo de intervenção e 624 para o grupo de controle.

A porcentagem de participantes com abstenção contínua validada do tabagismo foi de 28,9% no grupo de intervenção e 16,3% no grupo de controle (risco relativo, 1,77; intervalo de confiança de 95%, 1,43 a 2,20).

A porcentagem de participantes que se abstiveram de fumar nos 7 dias anteriores à consulta de 6 meses foi de 59,6% no grupo intervenção e 38,5% no grupo controle, mas a porcentagem que se abstiveram de qualquer uso de nicotina foi de 20,1% no grupo intervenção e 33,7% no grupo controle.

Eventos adversos graves ocorreram em 25 participantes (4,0%) no grupo intervenção e em 31 (5,0%) no grupo controle; eventos adversos ocorreram em 272 participantes (43,7%) e 229 participantes (36,7%), respectivamente.

O estudo concluiu que a adição de cigarros eletrônicos ao aconselhamento padrão para parar de fumar resultou em maior abstenção do uso de tabaco entre os fumantes do que apenas o aconselhamento para parar de fumar.


Já se passou cerca de uma década desde que os cigarros eletrônicos ganharam popularidade. Desde então, os tipos de dispositivos disponíveis e o número de pessoas que os utilizam aumentaram acentuadamente.

E à medida que a popularidade do uso cresceu, também cresceu o debate em torno dele. O grande atrativo dos cigarros eletrônicos é que eles são uma forma de ajudar as pessoas a parar de fumar e reduzir os danos causados pela maior causa de câncer1 no mundo, o tabaco.

De acordo com o Office for National Statistics, o nível de tabagismo no Reino Unido em 2022 foi o mais baixo desde 2011. Isto segue a mesma tendência das taxas de tabagismo em 2021, onde foi sugerido que a diminuição poderia ser em parte devido ao aumento do uso de cigarros eletrônicos.

Mas é um ato de equilíbrio. A maioria dos cigarros eletrônicos contém nicotina, que é a substância química viciante do tabaco. Por isso é importante garantir que as pessoas que nunca fumaram, especialmente os jovens, não comecem a usá-los.

No âmbito das pesquisas científicas, ainda não houve tempo suficiente para se ter uma visão8 completa sobre os efeitos reais e a longo prazo dos cigarros eletrônicos. E ainda há muito mais que se precisa entender sobre eles.

Veja também sobre "Substâncias cancerígenas" e "Câncer1 de pulmão9".

 

Fontes:
The New England Journal of Medicine, publicação em 15 de fevereiro de 2024.
Cancer1 Research UK, informações disponíveis no site.
Cancer1 Research UK, análise disponível no site.

 

NEWS.MED.BR, 2024. Uso de cigarros eletrônicos na cessação do tabagismo: o que se sabe. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/saude/1466232/uso-de-cigarros-eletronicos-na-cessacao-do-tabagismo-o-que-se-sabe.htm>. Acesso em: 14 out. 2024.

Complementos

1 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
2 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
3 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
4 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
5 Cabeça:
6 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
9 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
Gostou do artigo? Compartilhe!