Maioria das pessoas que tiveram COVID-19 pela infecção com a cepa original do SARS-CoV-2 está protegida de contraí-la novamente por pelo menos 6 meses
O grau em que a infecção1 pelo SARS-CoV-2 confere proteção para a reinfecção subsequente não está bem descrito. Em 2020, como parte da ampla estratégia de testes PCR2 gratuitos da Dinamarca, aproximadamente 4 milhões de indivíduos (69% da população) foram submetidos a 10,6 milhões de testes.
Usando esses dados nacionais de testes PCR2 de 2020, pesquisa publicada pelo The Lancet estimou a proteção contra a repetição da infecção1 pelo SARS-CoV-2.
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Neste estudo observacional em nível populacional, foram coletados dados em nível individual de pacientes que foram testados na Dinamarca em 2020 do banco de dados de microbiologia dinamarquês e analisou-se as taxas de infecção1 durante o segundo surto da epidemia de COVID-19, de 1º de setembro a 31 de dezembro, 2020, pela comparação das taxas de infecção1 entre indivíduos com testes de PCR2 positivos e negativos durante o primeiro surto (março a maio de 2020).
Para a análise principal, foram excluídas pessoas com teste positivo pela primeira vez entre os dois surtos e aqueles que morreram antes do segundo surto. Foi feita uma análise de coorte3 alternativa, na qual comparou-se as taxas de infecção1 ao longo do ano entre aqueles com e sem infecção1 confirmada anterior pelo menos 3 meses antes, independentemente da data. Também foi investigado se as diferenças foram encontradas por faixa etária, sexo e tempo desde a infecção1 na análise de coorte3 alternativa. Calculou-se as razões de taxas (RRs) ajustadas para potenciais fatores de confusão e estimou-se a proteção contra repetição da infecção1 como 1 - RR.
Durante a primeira onda (ou seja, antes de junho de 2020), 533.381 pessoas foram testadas, das quais 11.727 (2,20%) tiveram PCR2 positivo e 525.339 eram elegíveis para acompanhamento na segunda onda, das quais 11.068 (2,11%) tiveram teste positivo durante a primeira onda.
Entre os indivíduos com PCR2 positivo elegíveis do primeiro surto da epidemia, 72 (0,65% [IC 95% 0,51–0,82]) testaram positivo novamente durante o segundo surto em comparação com 16.819 (3,27% [3,22–3,32]) de 514.271 com teste negativo durante o primeiro surto (RR ajustada 0,195 [IC 95% 0,155–0,246]).
A proteção contra infecção1 recorrente foi de 80,5% (IC 95% 75,4–84,5%). A análise de coorte3 alternativa deu estimativas semelhantes (RR ajustada 0,212 [0,179–0,251], proteção estimada de 78,8% [74,9–82,1]).
Na análise de coorte3 alternativa, entre aqueles com 65 anos ou mais, a proteção observada contra reinfecção foi de 47,1% (IC 95% 24,7–62,8).
Não foi encontrada nenhuma diferença na proteção estimada contra reinfecção por sexo (masculino 78,4% [72,1–83,2] vs feminino 79,1% [73,9-83,3]) ou evidência de diminuição da proteção ao longo do tempo (3-6 meses de acompanhamento 79,3% [74,4-83,3] vs ≥7 meses de acompanhamento 77,7% [70,9-82,9]).
Essas descobertas podem informar as decisões sobre quais grupos devem ser vacinados e defender a vacinação de indivíduos previamente infectados, uma vez que não se pode confiar na proteção natural, especialmente entre os idosos.
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Fonte: The Lancet, Vol. 397, Nº10280, em 27 de março de 2021.