Variantes genéticas do hospedeiro, como ausência de receptores de células NK antivirais, podem contribuir para a gravidade da COVID-19
Variantes genéticas do hospedeiro podem contribuir para a gravidade da COVID-19. Pesquisadores do Centro de Virologia da Universidade Médica de Viena, na Áustria, descobriram uma relação entre a ausência de receptores de células1 exterminadoras naturais, as células1 NK, e a ocorrência de casos graves de Covid-19. A pesquisa foi publicada na revista científica Genetics in Medicine.
Os resultados apontam que quem foi hospitalizado com Covid-19, em geral, fica mais propenso a ter uma variação genética que causa a falta dos receptores NKG2C, que ajudam no combate de infecções2 virais. Os NKG2C se comunicam com as células1 infectadas através do HLA-E, uma de suas estruturas de superfície. Essa interação resulta na destruição de células1 infectadas.
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Entretanto, algumas pessoas têm uma deficiência natural desses receptores. Essa falha é decorrente de uma variação genética que é encontrada em cerca de 4% da população, em que a expressão desses receptores está ausente, e outros 30% que apresentam nível de expressão significativamente menor dos receptores.
As células1 NK NKG2C+ são células1 efetoras antivirais potentes, potencialmente limitando a extensão das infecções2 por SARS-CoV-2. O NKG2C é um receptor de células1 NK de ativação codificado pelo gene KLRC2, que se liga ao HLA-E nas células1 infectadas, levando à ativação das células1 NK.
A deleção do KLRC2 (KLRC2del) heterozigótica ou homozigótica4 pode ocorrer naturalmente e está associada a um nível de expressão de NKG2C significativamente menor ou ausente. Além disso, ocorrem variantes genéticas HLA-E*0101/0103, causadas por um polimorfismo de nucleotídeo único5. Portanto, o estudo investigou se a gravidade da COVID-19 está associada a essas variantes genéticas.
Foi investigada a distribuição da deleção do KLRC2 e de variantes alélicas HLA-E*0101/0103 em uma coorte6 de estudo de 361 pacientes com COVID-19 leve (N = 92) ou grave (N = 269).
Especialmente o alelo7 com KLRC2del, e em menor grau o alelo7 com HLA-E*0101, foram significativamente super representados em pacientes hospitalizados (p = 0,0006 e p = 0,01), particularmente em pacientes que requerem cuidados intensivos (p <0,0001 e p = 0,01), em comparação com pacientes com sintomas8 leves. Ambas as variantes genéticas foram fatores de risco independentes para COVID-19 grave.
Os dados mostram que essas variantes genéticas no eixo NKG2C / HLA-E têm um impacto significativo no desenvolvimento de infecções2 graves por SARS-CoV-2 e podem ajudar a identificar pacientes de alto risco para COVID-19 grave.
Veja sobre "Mutações genéticas" e "Associação da ativação dos inflamassomas e gravidade da COVID-19".
Fontes:
Genetics in Medicine, publicação em 26 de janeiro de 2021.
Olhar Digital, notícia publicada em 23 de fevereiro de 2021.