Doenças autoimunes maternas foram associadas ao aumento de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças
A doença autoimune1 materna foi associada a um risco aumentado de distúrbios do neurodesenvolvimento na prole, mas poucos estudos avaliaram a associação com o transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH).
O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA Pediatrics, foi examinar a associação entre doença autoimune1 materna e TDAH em uma coorte2 de base populacional e combinar os resultados em uma revisão sistemática subsequente e metanálise.
Um estudo de coorte3 foi conduzido com crianças únicas nascidas de gestação a termo (37-41 semanas) em New South Wales, Austrália, de 1º de julho de 2000 a 31 de dezembro de 2010, e acompanhadas até o final de 2014; e uma revisão sistemática avaliou artigos das bases de dados MEDLINE, Embase e Web of Science para identificar todos os estudos publicados antes de 20 de novembro de 2019.
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Um total de 12.610 crianças expostas a doenças autoimunes4 maternas foram combinadas (1:4) pelo escore de propensão a 50.440 crianças não expostas, para um coorte2 total de 63.050. Uma criança foi considerada como tendo TDAH se tivesse (1) uma autorização ou receita preenchida para tratamento com estimulantes para TDAH ou (2) um diagnóstico5 hospitalar de TDAH. Crianças vinculadas a um primeiro evento de TDAH antes dos 3 anos de idade foram excluídas. Os dados foram analisados de 13 de janeiro a 20 de abril de 2020.
A exposição do estudo foi um ou mais diagnósticos autoimunes4 maternos em registros de internação hospitalares vinculados entre 1º de julho de 2000 e 31 de dezembro de 2012. Trinta e cinco condições foram consideradas juntas e individualmente.
O desfecho principal foi o TDAH infantil identificado a partir de dados de autorização ou prescrição de estimulantes e diagnósticos em registros de internação hospitalares vinculados. A regressão multivariada de Cox foi usada para avaliar a associação entre doença autoimune1 materna e TDAH ajustada para o sexo da criança. Taxas de risco (HRs) agrupadas foram calculadas usando metanálise de efeitos aleatórios com pesos de variância inversa para cada exposição relatada por 2 ou mais estudos.
Na análise de coorte2 de base populacional, foram avaliados 831.718 bebês6 únicos nascidos a termo de 831.718 mães (idade média [DP], 29,8 [5,6] anos). De 12.767 bebês6 (1,5%) que foram associados a um diagnóstico5 autoimune1 materno, 12.610 foram combinados pelo escore de propensão com 50.440 bebês6 controle, para um coorte2 total de estudo de 63.050 bebês6.
Nesta coorte2, qualquer doença autoimune1 foi associada a TDAH na prole (HR, 1,30; IC 95% 1,15-1,46), assim como diabetes7 tipo 1 (HR, 2,23; IC 95%, 1,66-3,00), psoríase8 (HR, 1,66; IC 95%, 1,02-2,70) e febre reumática9 ou cardite reumática (HR, 1,75; IC 95%, 1,06-2,89).
Cinco estudos (incluindo o presente estudo) foram incluídos na metanálise. Qualquer doença autoimune1 (2 estudos: HR, 1,20; IC 95%, 1,03-1,38), diabetes tipo 110 (4 estudos: HR, 1,53; IC 95%, 1,27-1,85), hipertireoidismo11 (3 estudos: HR, 1,15; 95 % CI, 1,06-1,26) e psoríase8 (2 estudos: HR, 1,31; IC 95%, 1,10-1,56) foram associados com TDAH.
Neste estudo de coorte3, as doenças autoimunes4 maternas foram associadas ao aumento de transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em crianças.
Crianças cujas mães tinham qualquer doença autoimune1, diabetes tipo 110, febre reumática9 ou cardite reumática ou psoríase8 tinham probabilidade significativamente maior de serem diagnosticadas com TDAH. Além disso, em uma metanálise de 5 estudos, crianças cujas mães tinham alguma doença autoimune1, diabetes tipo 110, hipertireoidismo11 ou psoríase8 tinham probabilidade significativamente maior de serem diagnosticadas com TDAH.
Esses achados sugerem uma possível vulnerabilidade genética compartilhada entre doenças autoimunes4 e TDAH ou um papel potencial para a ativação imune materna na expressão de distúrbios do neurodesenvolvimento em crianças. Estudos futuros medindo a atividade da doença, modificadores e uso de medicamentos são necessários para compreender melhor os mecanismos subjacentes a essa associação.
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Fonte: JAMA Pediatrics, publicação em 19 de janeiro de 2021.