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Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em adultos está associado a um risco aumentado de demência

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As evidências de que o transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH) em adultos está associado a um risco aumentado de demência1 são escassas e inconsistentes, e fontes potenciais de viés não foram testadas.

O objetivo deste estudo, publicado no JAMA Network Open, foi examinar a associação entre TDAH em adultos e o risco de demência1.

Este estudo prospectivo2 de coorte3 nacional consistiu em 109.218 membros de uma organização israelense sem fins lucrativos de manutenção da saúde4, nascidos entre 1933 e 1952, que entraram na coorte3 em 1º de janeiro de 2003, sem diagnóstico5 de TDAH ou demência1 e foram acompanhados até 28 de fevereiro de 2020. Os participantes tinham idades entre 51 e 70 anos em 2003. A análise estatística foi realizada de dezembro de 2022 a agosto de 2023.

O TDAH em adultos foi uma co-variável variável no tempo, classificada como presente a partir da idade do primeiro diagnóstico5 (usando a Classificação Internacional de Doenças, Nona Revisão, e a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde4, Décima Revisão); caso contrário, ausente.

Modelos de regressão de Cox foram ajustados para quantificar a associação entre TDAH em adultos e o risco de demência1 incidente6 com taxas de risco (HR) e seus IC 95% não ajustados e na análise primária, usando pesos de probabilidade inversa, ajustados para 18 fontes de potencial confusão. Em 14 análises complementares foram implementadas análises de subgrupos e de sensibilidade.

No início do acompanhamento, a amostra de 109.218 participantes tinha idade média (DP) de 57,7 (5,5) anos, 56.474 participantes (51,7%) eram do sexo feminino e 52.744 (48,3%) do sexo masculino. Durante o acompanhamento, 730 participantes (0,7%) receberam diagnóstico5 de TDAH na idade adulta e 7.726 (7,1%) receberam diagnóstico5 de demência1.

Saiba mais sobre "TDAH: o que é", "Demência1" e "Concentração mental".

A demência1 ocorreu entre 96 dos 730 participantes (13,2%) com TDAH na idade adulta e 7.630 dos 108.488 participantes (7,0%) sem TDAH na idade adulta. Na análise primária, em comparação com a ausência de TDAH na idade adulta, a presença de TDAH na idade adulta foi estatisticamente significativamente (P <0,001) associada a um risco aumentado de demência1 (HR não ajustado, 3,62 [IC 95%, 2,92-4,49; P <0,001]; HR ajustado, 2,77 [IC 95%, 2,11-3,63; P < 0,001]).

Doze das 14 análises complementares não atenuaram as conclusões baseadas nos resultados da análise primária. Não houve, no entanto, nenhum aumento claro no risco de demência1 associado ao TDAH na idade adulta entre aqueles que receberam medicação psicoestimulante, e a evidência de causalidade reversa foi leve.

Neste estudo de coorte7 de indivíduos nascidos entre 1933 e 1952 e acompanhados na velhice, o TDAH na idade adulta foi associado a um risco aumentado de demência1. Os decisores políticos, cuidadores, pacientes e médicos podem desejar monitorar de forma confiável o TDAH na velhice.

 

Fonte: JAMA Network Open, publicação em 17 de outubro de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade em adultos está associado a um risco aumentado de demência. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1461635/transtorno-de-deficit-de-atencao-e-hiperatividade-em-adultos-esta-associado-a-um-risco-aumentado-de-demencia.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.

Complementos

1 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
2 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
3 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
4 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
5 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
6 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
7 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
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