Gostou do artigo? Compartilhe!

A radioterapia para câncer retal foi associada a um risco aumentado de câncer do corpo do útero e câncer de ovário

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

A radioterapia1 para câncer2 retal está associada ao aumento do risco de segundas neoplasias3 malignas ginecológicas e ao prognóstico4 em mulheres com câncer2 retal?

A radioterapia1 é um tratamento comum para o câncer2 retal, mas o risco de segundas neoplasias3 malignas ginecológicas (SNMGs) em pacientes com câncer2 retal submetidas à radioterapia1 não foi adequadamente estudado.

O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA Network Open, foi investigar a associação entre radioterapia1 e o risco de tipos individuais de SNMG em pacientes com câncer2 retal e avaliar os resultados de sobrevida5.

Um grande estudo de coorte6 de base populacional foi desenhado para identificar o risco de SNMGs em pacientes com câncer2 retal diagnosticado de janeiro de 1973 a dezembro de 2015. A análise estatística foi conduzida de setembro de 2019 a abril de 2020.

O estudo foi baseado em 9 registros de câncer2 da base de dados de Vigilância, Epidemiologia e Resultados Finais. Um total de 20.142 pacientes do sexo feminino com câncer2 retal em estágio localizado e regional foram incluídas.

Saiba mais sobre "Radioterapia1", "Câncer2 colorretal" e "Neoplasia7 intraepitelial cervical - o que é".

A exposição do estudo foi o recebimento de radioterapia1 neoadjuvante para câncer2 retal. O principal resultado foi o desenvolvimento de uma SNMG definida como qualquer tipo de NMG que ocorre mais de 5 anos após o diagnóstico8 de câncer2 retal.

A incidência9 cumulativa de SNMGs foi estimada por regressão de risco competitivo de Fine-Gray10. A regressão de Poisson foi usada para avaliar o risco associado à radioterapia1 para SNMGs em pacientes submetidas à radioterapia1 vs pacientes não submetidas à radioterapia1. O método Kaplan-Meier foi usado para avaliar os resultados de sobrevivência11 de pacientes com SNMGs.

De 20.142 pacientes, 16.802 pacientes (83,4%) eram brancas e a média de idade foi de 65 anos (intervalo interquartil, 54-74 anos). Um total de 5.310 (34,3%) pacientes foram tratadas com cirurgia e radioterapia1, e 14.832 (65,7%) pacientes foram tratadas apenas com cirurgia.

A incidência9 cumulativa de SNMGs durante 30 anos de acompanhamento foi de 4,53% entre as pacientes que receberam radioterapia1 e 1,53% entre as pacientes que não receberam.

Na análise de regressão de risco competitivo, a radioterapia1 foi associada a um risco maior de desenvolver câncer2 do corpo do útero12 (razão de risco ajustada, 3,06; IC 95%, 2,14-4,37; P <0,001) e câncer2 de ovário13 (razão de risco ajustada, 2,08; IC 95%, 1,22-3,56; P = 0,007) em comparação com aquelas que não receberam radioterapia1.

Os riscos (RR) dinâmicos associados à radioterapia1 para câncer2 do corpo do útero12 aumentaram significativamente com o aumento da idade no diagnóstico8 de câncer2 retal (idade 20-49 anos: RR ajustado, 0,79; IC 95%, 0,35-1,79; P = 0,57; idade 50-69 anos: RR ajustado, 3,74; IC 95%, 2,63-5,32; P <0,001; idade ≥70 anos: RR ajustado, 5,13; IC 95%, 2,64-9,97; P <0,001) e diminuiu com o aumento da latência14 desde o diagnóstico8 de câncer2 retal (60-119 meses: RR ajustado, 3,22; IC 95%, 2,12-4,87; P <0,001; 120-239 meses: RR ajustado, 2,72; IC 95%, 1,75-4,24; P <0,001; 240-360 meses: RR ajustado, 1,95; IC 95%, 0,67-5,66; P = 0,22), mas os RR dinâmicos para câncer2 de ovário13 aumentaram com o aumento da latência14 desde o diagnóstico8 de câncer2 retal (60-119 meses: RR ajustado, 0,70; IC 95%, 0,26-1,89; P = 0,48; 120-239 meses: RR ajustado, 2,26; IC 95%, 1,09-4,70; P = 0,03; 240-360 meses: RR ajustado, 11,84; IC 95%, 2,18-64,33; P = 0,004).

A sobrevida5 global de 10 anos entre as pacientes com câncer2 do corpo do útero12 associado à radioterapia1 foi significativamente menor do que entre as pacientes com câncer2 primário do corpo do útero12 (21,5% vs 33,6%; P = 0,01).

O estudo concluiu que a radioterapia1 para câncer2 retal foi associada a um risco aumentado de câncer2 do corpo do útero12 e câncer2 de ovário13, e o desenvolvimento de câncer2 do corpo do útero12 foi associado a um pior prognóstico4.

Os resultados sugerem que atenção especial é necessária para reduzir o risco de segundas neoplasias3 malignas ginecológicas no tratamento e acompanhamento de pacientes com câncer2 retal após radioterapia1.

Leia sobre "Câncer2 de endométrio15", "Câncer2 de ovário13", "Câncer2 do colo do útero16" e "Prevenção do câncer2".

 

Fonte: JAMA Network Open, publicação em 08 de janeiro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. A radioterapia para câncer retal foi associada a um risco aumentado de câncer do corpo do útero e câncer de ovário. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1386995/a-radioterapia-para-cancer-retal-foi-associada-a-um-risco-aumentado-de-cancer-do-corpo-do-utero-e-cancer-de-ovario.htm>. Acesso em: 7 nov. 2024.

Complementos

1 Radioterapia: Método que utiliza diversos tipos de radiação ionizante para tratamento de doenças oncológicas.
2 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
3 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
4 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
5 Sobrevida: Prolongamento da vida além de certo limite; prolongamento da existência além da morte, vida futura.
6 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
7 Neoplasia: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
8 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
9 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
10 Gray: Em radioterapia, a dose absorvida é medida em rad (do inglês radiation absorbed dose) e significa a energia (dose) realmente absorvida por um corpo específico. 1 rad equivale a 0,01 joules por kg. Atualmente usa-se o gray (Gy) para expressar dose absorvida no sistema internacional (SI), que corresponde a 100 rad (1 joule de energia para 1 kg de massa).
11 Sobrevivência: 1. Ato ou efeito de sobreviver, de continuar a viver ou a existir. 2. Característica, condição ou virtude daquele ou daquilo que subsiste a um outro. Condição ou qualidade de quem ainda vive após a morte de outra pessoa. 3. Sequência ininterrupta de algo; o que subsiste de (alguma coisa remota no tempo); continuidade, persistência, duração.
12 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
13 Ovário: Órgão reprodutor (GÔNADAS) feminino. Nos vertebrados, o ovário contém duas partes funcionais Sinônimos: Ovários
14 Latência: 1. Estado, caráter daquilo que se acha latente, oculto. 2. Por extensão de sentido, é o período durante o qual algo se elabora, antes de assumir existência efetiva. 3. Em medicina, é o intervalo entre o começo de um estímulo e o início de uma reação associada a este estímulo; tempo de reação. 4. Em psicanálise, é o período (dos quatro ou cinco anos até o início da adolescência) durante o qual o interesse sexual é sublimado; período de latência.
15 Endométrio: Membrana mucosa que reveste a cavidade uterina (responsável hormonalmente) durante o CICLO MENSTRUAL e GRAVIDEZ. O endométrio sofre transformações cíclicas que caracterizam a MENSTRUAÇÃO. Após FERTILIZAÇÃO bem sucedida, serve para sustentar o desenvolvimento do embrião.
16 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
Gostou do artigo? Compartilhe!