Maiores níveis de atividade física, medida por acelerômetro, foram associados a menor risco de incidência de doenças cardiovasculares
Níveis mais elevados de atividade física (AF) estão associados a um menor risco de doenças cardiovasculares1 (DCV). No entanto, existe incerteza sobre se a relação inversa entre AF e incidência2 de DCV é maior nos níveis mais altos de AF.
Estudos anteriores basearam-se principalmente em evidências autorrelatadas de AF com base em questionário, que é rudimentar e não pode capturar todas as AF realizadas. Nesse estudo publicado pela PLOS Medicine, investigou-se a associação entre a atividade física moderada, vigorosa e total medidas por acelerômetro e a doença cardiovascular incidente3.
Leia sobre "Atividade física - um hábito adquirido com prazer" e "Doenças cardiovasculares1 - o que são e como evitá-las".
Foram obtidos os dados de atividades físicas de intensidade moderada e vigorosa e o volume total de AF, medidos por acelerômetro, ao longo de um período de 7 dias em 2013–2015, para 90.211 participantes sem DCV anterior ou concomitante na coorte4 UK Biobank.
Os participantes da categoria mais baixa de AF total fumavam mais, tinham índice de massa corporal5 e proteína C reativa mais elevados e foram diagnosticados com hipertensão6. A atividade física foi associada a 3.617 casos incidentes7 de DCV durante 440.004 pessoas-ano de acompanhamento (mediana (intervalo interquartil [IIQ]): 5,2 (1,2) anos) usando modelos de regressão de Cox.
Foi encontrada uma relação dose-resposta linear para AF, seja medida como intensidade moderada, intensidade vigorosa ou como volume total, com risco de incidência2 de DCV.
Hazard ratios (HRs) e intervalos de confiança de 95% para quartos crescentes da distribuição de AF em relação ao quarto mais baixo foram:
- para AF de intensidade moderada - 0,71 (0,65, 0,77), 0,59 (0,54, 0,65) e 0,46 (0,41, 0,51);
- para AF de intensidade vigorosa - 0,70 (0,64, 0,77), 0,54 (0,49,0,59) e 0,41 (0,37,0,46);
- e para o volume total de AF - 0,73 (0,67, 0,79), 0,63 (0,57, 0,69) e 0,47 (0,43, 0,52).
Levou-se em consideração possíveis fatores de confusão, mas fatores de confusão não mensurados permanecem uma possibilidade e, embora a remoção de mortes precoces não tenha afetado as HRs estimadas, não se pode descartar completamente a probabilidade de que a causalidade reversa tenha contribuído para os resultados. Outra possível limitação deste trabalho é a quantificação dos níveis de intensidade de AF com base em métodos validados em estudos relativamente pequenos.
Neste estudo, não foram encontradas evidências de um limiar para a associação inversa entre atividade física moderada, vigorosa e total medida objetivamente com doença cardiovascular. Os resultados sugerem que a atividade física não está apenas associada a um menor risco de doença cardiovascular, mas o maior benefício é observado para aqueles que são ativos no nível mais alto.
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Fonte: PLOS Medicine, publicação em 12 de janeiro de 2021.