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Transmissão transplacentária da infecção por SARS-CoV-2

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A infecção1 por SARS-CoV-2 causa a nova doença do coronavírus (COVID-19) e seu surto é a primeira pandemia2 do século. A infecção1 por SARS-CoV-2 é transmitida principalmente através de gotículas, mas outras hipóteses de transmissão foram levantadas, apesar de ainda não confirmadas.

Até o momento não está claro se, e como, o SARS-CoV-2 pode ser transmitido da mãe para o feto3. Alguns casos de transmissão perinatal foram descritos, mas não está estabelecido se eles ocorreram por via transplacentária4, ou transcervical5, ou por exposição ambiental.

É importante esclarecer se, e como, o SARS-CoV-2 atinge o feto3, para prevenir a infecção1 neonatal, otimizar o gerenciamento da gravidez6 e, eventualmente, entender melhor a biologia do SARS-CoV-2.

Em publicação da revista Nature Communications, apresentou-se um estudo de caso abrangente, demonstrando a transmissão transplacentária4 do SARS-CoV-2 com manifestação clínica no neonato7, consistente com sinais8 e sintomas9 neurológicos da COVID-19.

Foi demonstrada a transmissão transplacentária4 de SARS-CoV-2 em um recém-nascido nascido de mãe infectada no último trimestre e apresentando comprometimento neurológico. A transmissão foi confirmada por investigações virológicas e patológicas abrangentes.

Em detalhes, o SARS-CoV-2 causa: (1) viremia materna, (2) infecção1 placentária demonstrada por imuno-histoquímica e carga viral muito alta, inflamação10 da placenta, como demonstrado pelo exame histológico11 e imuno-histoquímica, e (3) viremia neonatal após infecção1 placentária.

O neonato7 foi estudado clinicamente, por meio de imagens, e acompanhado. O neonato7 apresentou manifestações neurológicas semelhantes às descritas em pacientes adultos.

Leia sobre "Gravidez6 e coronavírus", "Anticorpos12 em bebês13 nascidos de mães com COVID-19" e "Manifestações neurológicas da COVID-19".

 

Fonte: Nature Communications, publicação em 14 de julho de 2020.

 

NEWS.MED.BR, 2020. Transmissão transplacentária da infecção por SARS-CoV-2. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1374093/transmissao-transplacentaria-da-infeccao-por-sars-cov-2.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.

Complementos

1 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
2 Pandemia: É uma epidemia de doença infecciosa que se espalha por um ou mais continentes ou por todo o mundo, causando inúmeras mortes. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a pandemia pode se iniciar com o aparecimento de uma nova doença na população, quando o agente infecta os humanos, causando doença séria ou quando o agente dissemina facilmente e sustentavelmente entre humanos. Epidemia global.
3 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
4 Transplacentária: Que atravessa a placenta ou que se processa através dela, por exemplo, as infecções transplacentárias.
5 Transcervical: Através da cérvix ou do colo do útero.
6 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
7 Neonato: Refere-se a bebês nos seus primeiros 28 dias (mês) de vida. O termo “recentemente-nascido“ refere-se especificamente aos primeiros minutos ou horas que se seguem ao nascimento. Esse termo é utilizado para enfocar os conhecimentos e treinamento da ressuscitação imediatamente após o nascimento e durante as primeiras horas de vida.
8 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
9 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
10 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
11 Histológico: Relativo à histologia, ou seja, relativo à disciplina biomédica que estuda a estrutura microscópica, composição e função dos tecidos vivos.
12 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
13 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
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