Tuberculose na infância em 22 países de alto risco: um estudo de modelagem mostra grande oportunidade de prevenção da doença
A confirmação do diagnóstico1 de tuberculose2 em crianças (com idade menor do que 15 anos) é um desafio; a subnotificação pode ocorrer até mesmo quando as crianças frequentam os serviços de saúde3. As estimativas de incidência4 direta não estão disponíveis e a Organização Mundial de Saúde3 (OMS) estima e constrói as notificações pediátricas com ajustes para a vigilância incompleta feitas com os mesmos fatores das notificações de adultos.
O objetivo do trabalho, publicado pelo The Lancet Global Health, foi estimar a incidência4 de infecção5 e doença em crianças, a prevalência6 de infecção5 e a exposição domiciliar em 22 países com risco elevado da doença.
Dentro de um modelo matemático mecanicista, os pesquisadores combinaram as estimativas de prevalência6 de tuberculose2 em adultos, em 2010, com aspectos da história natural da tuberculose2 pediátrica. Em um modelo familiar, estimaram a exposição domiciliar e a infecção5. Contabilizaram os efeitos da idade, da vacinação com BCG7 e da infecção5 pelo HIV8. Além disso, testou-se a sensibilidade aos pressupostos estruturais fundamentais, repetindo todas as análises, sem variação na eficácia da BCG7 por latitude.
A estimativa do número médio de crianças que estavam dividindo a mesma casa com um indivíduo com tuberculose2 infecciosa, em 2010, era de 15.319.701 (IQR ou diferença interquartílica de 13.766.297-17.061.821). Em 2010, o número médio de infecções9 por Mycobacterium tuberculosis em crianças foi de 7.591.759 (5.800.053-9.969.780) e 650.977 crianças (424.871-983.118) desenvolveram a doença. Exposição cumulativa significa que o número médio de crianças com infecção5 latente em 2010 era de 53.234.854 (41.111.669-68.959.804). O modelo sugere que 35% (23-54%) dos casos pediátricos de tuberculose2 nos quinze países que relataram as notificações por idade em 2010 foram detectados. A previsão foi de que a Índia colaborou com 27% (22-33%) da carga total de tuberculose2 pediátrica nos 22 países estudados. A proporção prevista de tuberculose2 em crianças de cada país, correlacionada à incidência4, varia entre 4% e 21%.
Este modelo demonstrou que a incidência4 da tuberculose2 pediátrica é maior do que o número de notificações, particularmente em crianças pequenas. As estimativas atuais de exposição domiciliar e infecção5 cumulativa sugerem uma grande oportunidade para o tratamento preventivo10 da doença.
Este estudo foi financiado pela UNITAID e pela US Agency for International Development.
Fonte: The Lancet Global Health, volume 2, número 8, de agosto de 2014