Nova diretriz conjunta recomenda a prescrição de tratamentos combinados para pessoas com asma recém-diagnosticada
Pela primeira vez, a British Thoracic Society (BTS), o National Institute for Health and Care Excellence (NICE) e a Scottish Intercollegiate Guidelines Network (SIGN) trabalharam juntos para produzir uma nova diretriz conjunta, em todo o Reino Unido, para o diagnóstico1 e tratamento da asma2 crônica em adultos, jovens e crianças.
A nova diretriz publicada recomenda que a asma2 crônica seja diagnosticada por profissionais de saúde3 assim que as pessoas apresentarem os primeiros sintomas4, por meio de testes simples.
A diretriz também afirma que os profissionais de saúde3 devem sempre prescrever tratamentos de manutenção ou combinados, que previnem e aliviam os sintomas4, em vez do conhecido inalador azul “apenas para alívio”, quando a asma2 é diagnosticada pela primeira vez.
A diretriz recomenda que os profissionais de saúde3 ofereçam uma combinação de corticosteroides inalatórios (CI) e formoterol em baixas doses, conforme necessário, para todos com 12 anos ou mais e asma2 recém-diagnosticada, a fim de reduzir a inflamação5 e aliviar os sintomas4.
Ela recomenda não prescrever agonistas beta-2 de curta ação (SABA), que é o inalador/medicamento de alívio azul mais amplamente utilizado, sem corticosteroides inalatórios, a qualquer pessoa com diagnóstico1 de asma2.
A diretriz ainda inclui novas recomendações para o diagnóstico1 de asma2 em adultos e crianças, incluindo o uso de FeNO (um teste respiratório simples) e medição de células6 eosinófilas no sangue7, bem como testes tradicionais como espirometria8 ou medições de pico de fluxo.
O Dr. Paul Walker, presidente da BTS, afirmou que “a Sociedade Torácica Britânica e os profissionais da área respiratória acolhem com satisfação a nova diretriz para asma2 e o impacto que ela terá no tratamento da asma2 em todo o Reino Unido. A mudança nas investigações diagnósticas simplificará os processos diagnósticos e ajudará a lidar com os atuais atrasos no diagnóstico1 de adultos, crianças e jovens.”
O Dr. Paul Walker continuou: “As mudanças no tratamento representam um verdadeiro ponto de virada nos princípios do tratamento da asma2 e contribuirão para melhores resultados. A sociedade gostaria de agradecer às inúmeras pessoas que trabalharam para implementar esta diretriz. Este é apenas o início de um trabalho árduo de disseminação, educação e implementação, mas, em última análise, proporcionará um melhor atendimento às pessoas com asma2.”
O comitê independente de diretrizes analisou evidências que demonstravam que o uso de inaladores combinados de CI e formoterol, quando necessário, resultou em menos crises graves de asma2.
Como parte da publicação final da diretriz, a BTS, o NICE e a SIGN também desenvolveram um novo recurso digital que funcionará como um “balcão único” online. O caminho digital para a asma2 conecta ferramentas, recursos e informações, todos armazenados em um hub central, acessível no site de cada organização.
O caminho foi desenvolvido para auxiliar profissionais de saúde3 a fazer diagnósticos precisos, promover boas práticas e fornecer tratamento eficaz e personalizado para controlar e prevenir crises agudas de asma2.
O caminho para a asma2 inclui as orientações atuais da BTS/SIGN sobre o manejo da asma2 aguda, manejo não farmacológico e asma2 ocupacional. Outros recursos incluem um guia de decisão conjunta para pacientes9 sobre inaladores para asma2 e mudanças climáticas, todos os medicamentos e tratamentos para asma2 recomendados pelo NICE e recomendações do Consórcio Escocês de Medicamentos.
A asma2 é uma doença pulmonar comum, na qual as pessoas apresentam dificuldades respiratórias. Os sintomas4 incluem falta de ar, tosse, chiado no peito10 e aperto no peito10. No Reino Unido, cerca de 5,4 milhões de pessoas têm asma2, o que representa cerca de oito em cada 100 pessoas.
Leia sobre "Asma2: definição, causas, sintomas4, diagnóstico1 e tratamento".
Principais recomendações da nova diretriz de asma2 do Reino Unido (BTS/NICE/SIGN 2024)
Diagnóstico1:
- Realizar história clínica estruturada com avaliação de sintomas4 típicos, como chiado, tosse, dispneia11 e seus padrões de variação, além de fatores desencadeantes.
- Não confirmar o diagnóstico1 de asma2 sem histórico sugestivo e exame objetivo de suporte.
- Utilizar exames como FeNO (óxido nítrico exalado), contagem de eosinófilos12 no sangue7, espirometria8 (com teste de reversibilidade) e variabilidade do pico de fluxo expiratório (PEF).
- Em casos inconclusivos, considerar teste de provocação brônquica para detectar hiper responsividade das vias aéreas.
Crianças:
- Para crianças de 5 a 16 anos, seguir a mesma lógica de testes objetivos (FeNO, espirometria8, PEF), com valores de referência apropriados.
- Para menores de 5 anos, iniciar tratamento empírico com corticosteroide inalatório e reavaliar periodicamente. Quando possível, realizar testes objetivos a partir dos 5 anos.
- Encaminhar crianças com múltiplas idas à emergência13 ou internações por sibilância para avaliação com especialista.
Asma2 ocupacional:
- Investigar relação com o ambiente de trabalho em casos de início na vida adulta, piora de sintomas4 ou retorno de asma2 da infância.
- Encaminhar para especialista em asma2 ocupacional se houver suspeita clínica.
Monitoramento:
- Avaliar o controle da asma2 em toda consulta, considerando sintomas4, uso de medicação de resgate, faltas ao trabalho/escola, uso de corticoide oral e internações.
- Considerar uso de questionários validados (por exemplo, o Questionário de Controle da Asma2, o Teste de Controle da Asma2 ou o Teste de Controle da Asma2 na Infância).
- Evitar o uso rotineiro do PEF para monitoramento, exceto quando incluído em um plano de ação personalizado.
- Considerar a medição de FeNO em adultos durante revisões regulares ou antes/depois de ajustes no tratamento.
Tratamento farmacológico em pacientes com ≥12 anos:
- Não prescrever agonistas beta-2 de curta ação (SABA) isoladamente.
- Iniciar tratamento com budesonida/formoterol em baixa dose sob demanda (AIR therapy).
- Em casos mais sintomáticos ou com crise aguda, iniciar com MART (terapia de manutenção e alívio com a mesma combinação de CI/formoterol), e avaliar redução para AIR posteriormente, se o controle for atingido.
- A escolha do inalador deve considerar preferência do paciente, técnica correta de uso, presença de contador de doses e menor impacto ambiental.
- A técnica inalatória deve ser revisada e observada a cada consulta, especialmente em mudanças de dispositivo ou piora dos sintomas4.
Tratamento farmacológico em crianças de 5 a 11 anos:
- Iniciar com CI em baixa dose como preventivo14, associado a SABA para alívio dos sintomas4.
- Se o controle for inadequado, considerar a introdução de agonistas beta-2 de longa ação (LABA – em combinação com CI), preferencialmente como inalador combinado.
- Caso o LABA não funcione, pode-se aumentar a dose do CI ou substituir o LABA por um LTRA (antagonista15 de leucotrienos16).
- A escolha do inalador deve levar em conta a idade e capacidade da criança de usá-lo corretamente.
- Assim como em adultos, a adesão e a técnica inalatória devem ser verificadas em todas as consultas.
Tratamento farmacológico em crianças com <5 anos:
- Em crianças com sintomas4 sugestivos de asma2, iniciar tratamento com corticosteroide inalatório (CI) em baixa dose como tentativa terapêutica17.
- Utilizar agonista18 beta-2 de curta duração (SABA) para alívio dos sintomas4.
- Manter revisões regulares para avaliar a resposta ao tratamento e reexaminar a necessidade de manter, ajustar ou interromper o uso de medicamentos.
- Caso os sintomas4 persistam ao atingir 5 anos de idade, realizar testes objetivos para confirmar o diagnóstico1 e ajustar o tratamento conforme necessário.
- Se a criança não puder realizar testes objetivos mesmo após os 5 anos ou se não responder adequadamente ao tratamento, considerar encaminhamento para especialista em pneumologia pediátrica.
Inaladores digitais:
- Não são recomendados para uso rotineiro em pessoas com asma2.
Veja a diretriz completa:
Asthma: diagnosis, monitoring and chronic asthma management (BTS, NICE, SIGN)
Fonte: NICE, notícia publicada em 27 de novembro de 2024.