Alemtuzumab para tratar a esclerose múltipla mostra ser promissor em ensaios clínicos na fase 3, publicado pelo The Lancet
O periódico The Lancet publicou dois estudos clínicos, na fase 3, sobre a avaliação da eficácia e da segurança do anticorpo1 monoclonal anti-CD52, alemtuzumab, por um período de 2 anos em pacientes com esclerose múltipla2. Alemtuzumab está licenciado para tratar a leucemia3, mas tem sido utilizado, há muito anos, para além das indicações da bula, em pacientes com esclerose múltipla2. Estes ensaios clínicos4 estavam sendo esperados por médicos e pacientes que desejam estabelecer evidência para esta prática.
Os resultados são encorajadores: em comparação com um tratamento de primeira linha bem estabelecido e amplamente utilizado, o interferon beta 1a, o alemtuzumab reduziu significativamente a taxa de recidiva5 da doença, não apenas em pacientes com esclerose múltipla2 recorrente não tratados previamente, mas também naqueles que apresentavam recidivas6 com o tratamento de primeira linha. Neste último grupo, o risco de incapacidade foi também diminuído. A eficácia de alemtuzumab, como de todos os medicamentos, vem acompanhada de eventos adversos: nestes estudos, incluíram reações associadas à perfusão, infecções7 e doenças autoimunes8 - principalmente distúrbios da tireoide9; mas também trombocitopenia10 imune, sendo que ambos requerem monitoramento cuidadoso e acompanhamento.
Alemtuzumab foi desenvolvido e comercializado por um dos patrocinadores destes ensaios clínicos4, a Genzyme (uma empresa Sanofi). A Genzyme recentemente retirou a droga dos EUA e da União Europeia e foram feitos pedidos de aprovação para o tratamento da esclerose múltipla2 recidivante11 para o Food and Drug Administration, EUA, e para a Agência Europeia de Medicamentos (EMEA). No entanto, existe a preocupação de que, com uma licença para a esclerose múltipla2, o custo do Alemtuzumab possa subir e se tornar muito caro para muitos pacientes (e para os sistemas de saúde12). Além disso, a interrupção do fornecimento pode levar pacientes com esclerose múltipla2, que já começaram o tratamento, a não conseguirem obter o seu segundo curso de uso, que é vital para a terapêutica13.
A esclerose múltipla2 segue um curso crônico14 e progressivo, eventualmente leva muitos pacientes à incapacidade. Medicamentos mais eficazes, a preços acessíveis, com base em evidências clínicas de benefícios no longo prazo, são necessários. A descoberta de tratamentos promissores como o alemtuzumab é importante. Assim como mantê-lo acessível e disponível se o seu sucesso precoce, nestes ensaios, provar ser de valor duradouro.
Fonte: The Lancet, publicação online de 1° de novembro de 2012