Jejum intermitente confere proteção na autoimunidade do sistema nervoso central através da alteração da microbiota intestinal
Destaques
- O jejum intermitente1 melhora o curso clínico e a patologia2 do modelo de camundongo de esclerose múltipla3 (encefalomielite autoimune4 experimental).
- O jejum intermitente1 aumenta a diversidade microbiana intestinal, altera sua composição e vias metabólicas.
- A transferência da microbiota5 intestinal de camundongos em jejum intermitente1 levou à proteção contra encefalomielite autoimune4 experimental em camundongos receptores.
- As descobertas observadas com restrição de energia intermitente1 em pacientes com esclerose múltipla3 recapitulam parcialmente o que é observado com jejum intermitente1 na encefalomielite autoimune4 experimental.
Resumo
A esclerose múltipla3 (EM) é uma doença inflamatória desmielinizante6 do sistema nervoso central7 caracterizada por vários graus de lesão8 de axônios9 e neurônios10 desencadeada presumivelmente por mecanismos autoimunes11.
A EM afeta 2,5 milhões de pessoas em todo o mundo, com carga pessoal e socioeconômica significativa.
Os fatores de risco genéticos não são totalmente responsáveis pelo desenvolvimento da doença. Fatores ambientais, incluindo algumas infecções12, baixos níveis de vitamina13 D, tabagismo e obesidade14, foram associados ao aumento do risco de EM.
A EM é mais comum nos países ocidentais, sendo a dieta um potencial fator contribuinte.
Leia sobre "Dieta do jejum", "Como é a esclerose múltipla3", "Relações entre intestino e cérebro15" e "Microbioma16 intestinal humano".
Neste estudo, publicado na revista Cell Metabolism, mostrou-se que o jejum intermitente1 (JI) melhorou o curso clínico e a patologia2 do modelo de EM, encefalomielite autoimune4 experimental (EAE).
O JI levou ao aumento da riqueza de bactérias intestinais, ao enriquecimento das famílias Lactobacillaceae, Bacteroidaceae e Prevotellaceae e ao aumento das vias metabólicas microbianas antioxidantes.
O JI alterou as células17 T no intestino com redução de células17 T produtoras de IL-17 e aumento de células17 T reguladoras.
O transplante de microbioma16 fecal de camundongos em JI melhorou a EAE em camundongos receptores imunizados em uma dieta normal, sugerindo que os efeitos do JI são pelo menos parcialmente mediados pela flora intestinal.
Em um ensaio clínico piloto em pacientes com esclerose múltipla3, a restrição intermitente1 de energia alterou as adipocinas sanguíneas e a flora intestinal, assemelhando-se às alterações protetoras observadas em camundongos.
Em conclusão, o jejum intermitente1 tem potentes efeitos imunomoduladores que são pelo menos parcialmente mediados pelo microbioma16 intestinal.
Fonte: Cell Metabolism, Vol. 27, Nº 6, em 05 de junho de 2018.