Descoberta de que astrócitos têm memória imunológica lança luz sobre a autoimunidade
Os astrócitos1 são células2 cerebrais que respondem a lesões3 e doenças. Uma nova descoberta, de que eles formam memórias moleculares de certas respostas e que modificam a sinalização inflamatória lança luz sobre a autoimunidade4.
Uma história de infecção5, lesão6 traumática ou doença pode influenciar o início, a progressão ou a gravidade de distúrbios do sistema nervoso central7 (SNC8), como doenças autoimunes9, acidente vascular cerebral10 e doenças neurodegenerativas. Como isso ocorre é mal compreendido.
Um mecanismo potencial emergente é uma forma de memória molecular intracelular que é mediada pelas chamadas alterações epigenéticas – modificações de proteínas11 que controlam a acessibilidade do DNA para a expressão genética.
A memória imunológica epigenética está bem caracterizada nas células2 do ramo “inato” do sistema imunológico12 após as respostas de defesa, e o processo aumenta as respostas de defesa subsequentes.
Em um novo estudo, publicado na revista Nature, pesquisadores revelam que uma célula13 do SNC8 chamada astrócito pode adquirir memória imunológica epigenética que amplifica a sinalização pró-inflamatória da célula13 em resposta a estímulos moleculares específicos e durante doenças autoimunes9.
As descobertas abrem portas para a compreensão e potencial melhoria de vários distúrbios do SNC8.
Leia sobre "Doenças autoimunes9", "O que é inflamação14", "Encefalites15" e "Como é a esclerose múltipla16".
No artigo, os pesquisadores descrevem como a memória epigenética de astrócitos1 associados a doenças promove patologia17 do SNC8.
Eles relatam que subconjuntos de astrócitos1 associados a doenças contribuem para a patologia17 de doenças neurológicas, incluindo esclerose múltipla16 e encefalomielite autoimune18 experimental (EAE), um modelo experimental para esclerose múltipla16. No entanto, pouco se sabe sobre a estabilidade destes subconjuntos de astrócitos1 e a sua capacidade de integrar eventos de estimulação passados.
Neste estudo relatou-se a identificação de um subconjunto de astrócitos1 com memória controlada epigeneticamente que exibe respostas pró-inflamatórias exacerbadas após a reexposição.
Especificamente, usando uma combinação de sequenciamento de RNA de célula13 única, ensaio para cromatina19 acessível por transposase com sequenciamento, imunoprecipitação de cromatina19 com sequenciamento, interrogação focada de células2 por detecção e sequenciamento de ácido nucleico e estudos in vivo específicos de células2 de perturbação genética baseada em CRISPR-Cas9, estabeleceu-se que a memória dos astrócitos1 é controlada pela enzima20 metabólica ATP21-citrato liase (ACLY), que produz acetil coenzima A (acetil-CoA) que é usada pela histona acetiltransferase p300 para controlar a acessibilidade da cromatina19.
O número de astrócitos1 de memória ACLY+p300+ é aumentado em modelos de EAE aguda e crônica, e sua inativação genética melhorou a EAE.
Também detectou-se o fenótipo22 de memória pró-inflamatória em astrócitos1 humanos in vitro; sequenciamento de RNA de célula13 única e estudos de imuno-histoquímica detectaram números aumentados de astrócitos1 ACLY+p300+ em lesões3 crônicas de esclerose múltipla16.
Em resumo, estes estudos definem um subconjunto de astrócitos1 com memória controlada epigeneticamente que promove a patologia17 do SNC8 na EAE e, potencialmente, na esclerose múltipla16.
Estas descobertas podem orientar novas abordagens terapêuticas para a esclerose múltipla16 e outras doenças neurológicas.
Fontes:
Nature, publicação em 20 de março de 2024.
Nature, notícia publicada em 20 de março de 2024.