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Quase 40% das meninas e mulheres jovens dos EUA têm baixos níveis de ferro

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Uma pesquisa publicada no JAMA aponta que quase 40% das meninas e mulheres jovens nos EUA têm níveis insuficientes de ferro no sangue1, o que pode levar a sintomas2 como fadiga3, névoa cerebral e queda de cabelo4. Destas, 16% também têm anemia5 por deficiência de ferro, uma condição potencialmente grave em que a falta de ferro leva a uma redução dos glóbulos vermelhos, que transportam oxigênio pelo corpo.

Taxas crescentes de vegetarianismo e veganismo podem estar causando essa deficiência de ferro, uma condição que também ocorre comumente devido a fluxos menstruais intensos.

Pesquisadores já mediram anteriormente as taxas de deficiência de ferro e anemia5 em populações de alto risco, como aquelas com sangramento menstrual intenso. Estudos que analisam sua prevalência6 nos EUA também exploraram essas condições em nível regional.

Para entender melhor sua prevalência6 em escala nacional, Angela Weyand, da Universidade de Michigan, e seus colegas analisaram amostras de sangue1 e dados demográficos de 3.490 meninas e mulheres, de 12 a 21 anos, que participaram de pesquisas nos EUA entre 2003 e 2020. 

Leia sobre "Conhecendo as anemias", "Anemia5 por deficiência de ferro" e "Ferritina - como estão suas reservas de ferro".

Eles descobriram que 39 por cento das participantes tinham deficiência de ferro, que eles definiram como tendo níveis de ferritina – uma proteína transportadora de ferro – em menos de 25 microgramas por litro. Destas, 16 por cento tinham anemia5, definida como níveis de hemoglobina7 abaixo de 120.000 microgramas por litro.

Isso provavelmente se deve em grande parte às suas dietas, diz Weyand. “Há estudos nutricionais que mostram que, como um todo, nos Estados Unidos, o teor de ferro dos alimentos que ingerimos diminuiu com o tempo”, diz ela. “As pessoas estão comendo menos carne vermelha e mais estão se tornando veganas ou vegetarianas.”

Os suplementos podem aumentar os níveis de ferro de uma pessoa, mas a triagem insuficiente significa que muitas não sabem que precisam deles, diz Weyand. Nos EUA, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças recomendam que meninas e mulheres a partir dos 12 anos sejam examinadas a cada cinco a 10 anos para detecção de anemia5, mas a maioria não é examinada, diz Weyand.

Pessoas com menstruação8 abundante podem não procurar atendimento médico para seus sintomas2 e muitos médicos podem não perguntar sobre eles, diz ela.

Se não for tratada, a anemia5 tem sido associada a um risco aumentado de infecções9, bem como a complicações cardíacas e pulmonares. A deficiência de ferro também pode causar complicações antes e depois do nascimento, diz Weyand, embora nenhuma das participantes do estudo estivesse grávida.

A deficiência de ferro e a anemia5 femininas se estendem muito além dos EUA, particularmente em países de baixa renda, onde a desnutrição10 pode ser alta e o acesso aos cuidados de saúde11 geralmente é ruim, diz Sant-Rayn Pasricha da Universidade de Melbourne, na Austrália. Essas áreas devem, portanto, ser uma prioridade particularmente alta para triagem e tratamento, diz Pasricha. A pobreza aumenta o risco de deficiência de ferro, em parte porque a carne vermelha e outros alimentos ricos em ferro podem ser caros, diz Weyand.

Mas Laura Murray-Kolb, da Purdue University, Indiana, EUA, diz que o limite que os pesquisadores usaram para definir a deficiência de ferro é maior do que o valor de 15 microgramas por litro ou abaixo mais comumente usado. Quanto maior o corte, mais prevalente a condição parecerá, diz ela.

Veja também sobre "Alimentação vegetariana e alimentação vegana", "Dicas para melhorar a alimentação" e "Nutrientes".

 

Fontes:
JAMA, publicação em 27 de junho de 2023.
New Scientist, notícia publicada em 27 de junho de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. Quase 40% das meninas e mulheres jovens dos EUA têm baixos níveis de ferro. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1440840/quase-40-das-meninas-e-mulheres-jovens-dos-eua-tem-baixos-niveis-de-ferro.htm>. Acesso em: 27 abr. 2024.

Complementos

1 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
4 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
5 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
6 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
7 Hemoglobina: Proteína encarregada de transportar o oxigênio desde os pulmões até os tecidos do corpo. Encontra-se em altas concentrações nos glóbulos vermelhos.
8 Menstruação: Sangramento cíclico através da vagina, que é produzido após um ciclo ovulatório normal e que corresponde à perda da camada mais superficial do endométrio uterino.
9 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
10 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
11 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
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