Gostou do artigo? Compartilhe!

Crianças expostas ao fumo enquanto no útero tiveram melhor função pulmonar se as mães tomaram vitamina C

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie esta notícia

Mães que fumaram cigarros durante a gravidez1, mas também tomaram suplementos de vitamina2 C, tiveram filhos com melhor função das vias aéreas e menor risco de sibilos mais tarde, de acordo com um estudo de acompanhamento de um estudo randomizado3. As descobertas foram publicadas no JAMA Pediatrics.

Aos 5 anos, as crianças nascidas de mães que fumavam e tomavam vitamina2 C diariamente durante a gravidez1 tiveram medidas 17,2% maiores em média do fluxo expiratório forçado (FEF)25-75 em comparação com aquelas cujas mães receberam placebo4, relataram Cindy McEvoy, MD, da Oregon Health & Science University em Portland, EUA, e colegas.

Além disso, filhos de fumantes grávidas que tomaram vitamina2 C tiveram uma probabilidade quase 60% menor de desenvolver sibilos.

As crianças cujas mães iniciaram o tratamento com vitamina2 C com 18 semanas de gravidez1 ou antes podem ter experimentado uma redução ainda maior nas chances de sibilos, observou o grupo.

Saiba mais sobre "Tabagismo", "Fumo e gestação tem consequências negativas" e "Suplementos alimentares".

“A função das vias aéreas aos 5 anos de idade sugere que (1) uma intervenção enquanto no útero5 direcionada para uma toxina6 específica pode proporcionar melhorias duradouras na saúde7 respiratória da criança, pelo menos até a idade pré-escolar, e (2) o momento da intervenção durante o desenvolvimento pulmonar fetal pode ser importante”, afirmaram McEvoy e seus colegas.

Eles acrescentaram que, de todas as fases do crescimento das vias aéreas, a infância é a “menos bem investigada”, mas potencialmente a mais importante para definir se os fatores do início da vida influenciam as trajetórias da função das vias aéreas, incluindo o risco de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Estudos futuros podem demonstrar o efeito da vitamina2 C no tamanho das vias aéreas em relação ao volume pulmonar, disseram eles.

A exposição ao fumo no útero5 é um fator de risco8 conhecido para comprometimento do desenvolvimento pulmonar fetal, diminuição da função das vias aéreas e aumento do risco de respiração ofegante durante a infância, escreveu o grupo de McEvoy. Aproximadamente 10% das pessoas nos EUA continuam fumando durante a gravidez1, o que totaliza mais de 400.000 bebês9 expostos a cada ano, acrescentaram.

No artigo, os pesquisadores contextualizam que já foi relatado que a suplementação10 de vitamina2 C (500 mg/dia) para fumantes grávidas aumenta a função das vias aéreas dos filhos conforme medido pelo fluxo expiratório forçado (FEF) até os 12 meses de idade; no entanto, seus efeitos sobre a função das vias aéreas aos 5 anos de idade ainda precisavam ser avaliados.

O objetivo do estudo, portanto, foi avaliar se a suplementação10 de vitamina2 C em fumantes grávidas está associada ao aumento e/ou melhora da função das vias aéreas em seus filhos aos 5 anos de idade e se a vitamina2 C diminui a ocorrência de sibilância.

O estudo acompanhou o ensaio clínico randomizado11, duplo-cego, controlado por placebo4, Vitamin C to Decrease the Effects of Smoking in Pregnancy on Infant Lung Function (VCSIP), conduzido em 3 centros nos EUA (em Oregon, Washington e Indiana) entre 2012 e 2016. Os investigadores e participantes permanecem inconscientes das atribuições de tratamento. As medições de fluxo expiratório forçado aos 5 anos de idade foram concluídas de 2018 a 2021.

Fumantes grávidas foram randomizadas para tratamento com vitamina2 C (500 mg/d) ou placebo4.

O desfecho primário foi a medição pré-especificada de FEF entre 25% e 75% do volume expirado (FEF25-75) por espirometria12 aos 5 anos de idade. Os desfechos secundários incluíram medidas de FEF em 50% e 75% da expiração13 (FEF50 e FEF75), volume expiratório forçado em 1 segundo (VEF1) e ocorrência de sibilos.

Das 251 fumantes grávidas incluídas neste estudo, 125 (49,8%) foram randomizadas para vitamina2 C e 126 (50,2%) foram randomizadas para placebo4. Das 213 crianças do estudo VCSIP que foram incluídas novamente neste estudo de acompanhamento, 192 (90,1%) tiveram medições de FEF bem-sucedidas aos 5 anos de idade; 212 (99,5%) foram incluídas na análise de sibilos.

A análise de covariância demonstrou que filhos de fumantes grávidas alocados para vitamina2 C em comparação com placebo4 tiveram medições médias (EP [erro padrão]) 17,2% significativamente maiores de FEF25-75 aos 5 anos de idade (1,45 [0,04] vs 1,24 [0,04] L/s; diferença média ajustada, 0,21 [IC 95%, 0,13-0,30]; P < 0,001).

As medições médias (EP) também aumentaram significativamente em 14,1% para FEF50 (1,59 [0,04] vs 1,39 [0,04] L/s; diferença média ajustada, 0,20 [IC 95%, 0,11-0,30]; P < 0,001), 25,9% para FEF75 (0,79 [0,02] vs 0,63 [0,02] L/s; 0,16 [IC 95%, 0,11-0,22]; P < 0,001) e 4,4% para VEF1 (1,13 [0,02] vs 1,09 [0,02] L; 0,05 [IC 95%, 0,01-0,09]; P = 0,02).

Além disso, a prole de fumantes grávidas randomizadas para vitamina2 C tiveram diminuição significativa do sibilo (28,3% vs 47,2%; razão de chance estimada, 0,41 [IC 95%, 0,23-0,74]; P = 0,003).

Neste estudo de acompanhamento de filhos de fumantes grávidas randomizadas para vitamina2 C versus placebo4, a suplementação10 de vitamina2 C durante a gravidez1 resultou em aumento significativo da função das vias aéreas dos filhos aos 5 anos de idade e diminuiu significativamente a ocorrência de sibilância.

Esses achados sugerem que a suplementação10 de vitamina2 C para fumantes grávidas pode diminuir os efeitos do tabagismo durante a gravidez1 na função das vias aéreas na infância e na saúde7 respiratória.

Leia sobre "Pré-natal: o que é", "Parar de fumar: como é" e "Fumante passivo - como evitar os danos".

 

Fontes:
JAMA Pediatrics, publicação em 21 de novembro de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 21 de novembro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Crianças expostas ao fumo enquanto no útero tiveram melhor função pulmonar se as mães tomaram vitamina C. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1430490/criancas-expostas-ao-fumo-enquanto-no-utero-tiveram-melhor-funcao-pulmonar-se-as-maes-tomaram-vitamina-c.htm>. Acesso em: 17 abr. 2024.

Complementos

1 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
2 Vitamina: Compostos presentes em pequenas quantidades nos diversos alimentos e nutrientes e que são indispensáveis para o desenvolvimento dos processos biológicos normais.
3 Estudo randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle - o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
4 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
5 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
6 Toxina: Substância tóxica, especialmente uma proteína, produzida durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capaz de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
7 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
8 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
9 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
10 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
11 Randomizado: Ensaios clínicos comparativos randomizados são considerados o melhor delineamento experimental para avaliar questões relacionadas a tratamento e prevenção. Classicamente, são definidos como experimentos médicos projetados para determinar qual de duas ou mais intervenções é a mais eficaz mediante a alocação aleatória, isto é, randomizada, dos pacientes aos diferentes grupos de estudo. Em geral, um dos grupos é considerado controle – o que algumas vezes pode ser ausência de tratamento, placebo, ou mais frequentemente, um tratamento de eficácia reconhecida. Recursos estatísticos são disponíveis para validar conclusões e maximizar a chance de identificar o melhor tratamento. Esses modelos são chamados de estudos de superioridade, cujo objetivo é determinar se um tratamento em investigação é superior ao agente comparativo.
12 Espirometria: Exame que permite aferir o fluxo de ar nas vias aéreas ou brônquios, comparando os resultados com os obtidos por pessoas saudáveis com a mesma idade e altura. Serve para a investigação de sintomas respiratórios; diagnóstico e avaliação de asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) ou bronquite causada pelo cigarro; incapacidade funcional; avaliação pós-operatória e avaliação e diagnóstico de doenças respiratórias relacionadas ao trabalho. O exame têm duração média de 30 minutos.
13 Expiração: 1. Ato ou efeito de expirar. 2. Expulsão, pelas vias respiratórias, do ar dos pulmões. 3. Fim ou termo de prazo estipulado ou convencionado.
Gostou do artigo? Compartilhe!