Diabetes: nova classificação em diferentes subgrupos e suas associações com os resultados de tratamento
O diabetes1 está atualmente classificado em duas formas principais, diabetes tipo 12 e tipo 2, mas o diabetes tipo 23 em particular é altamente heterogêneo. Uma classificação refinada pode ser uma ferramenta poderosa para individualizar os regimes de tratamento e identificar indivíduos com maior risco de complicações. Este trabalho publicado pelo The Lancet Diabetes1 & Endocrinology mostra uma divisão do diabetes1 em cinco subgrupos com diferentes progressões da doença e complicações diabéticas.
Foi realizada uma análise de grupo orientada por dados de pacientes com diabetes1 recém-diagnosticado (n=8.980) da coorte4 do Swedish All New Diabetics, em Scania, na Suécia. Os grupos basearam-se em seis variáveis (anticorpos5 anti-glutamato descarboxilase ou anticorpos5 anti-GAD, idade ao diagnóstico6, índice de massa corporal7 ou IMC8, hemoglobina glicosilada9 ou HbA1c10 e índices do Homeostasis Model Assessment - HOMA - na avaliação da resistência à insulina11 e da capacidade funcional das células-beta12 pancreáticas) e estavam relacionados a dados prospectivos dos registros de pacientes sobre o desenvolvimento de complicações e prescrição de medicação.
O uso dos seis parâmetros identificou pacientes que foram divididos em três formas graves e duas formas leves da doença, uma correspondente ao diabetes tipo 12 e as outras quatro representando subtipos de diabetes tipo 23.
Saiba mais sobre "Diabetes Mellitus13" e "Hemoglobina glicosilada9".
A replicação foi feita em três coortes independentes: Scania Diabetes1 Registry (n=1.466), All New Diabetics in Uppsala (n=844) e Diabetes1 Registry Vaasa (n=3.485). A regressão de Cox e a regressão logística foram usadas para comparar o tempo para uso de medicação, tempo para atingir o objetivo do tratamento, risco de complicações diabéticas e associações genéticas.
Os pesquisadores escandinavos identificaram cinco grupos replicáveis de pacientes com diabetes1, que apresentaram características fisiológicas14 e genéticas significativamente diferentes e variações no risco de complicações diabéticas. Os grupos incluíram indivíduos altamente resistentes à insulina15 com risco significativamente maior de doença renal16 diabética, outro grupo incluiu indivíduos jovens com deficiência de insulina15 e com baixo controle metabólico (nível alto de A1C17) e um grupo grande de pacientes idosos com um curso mais benigno da doença. Veja tabela abaixo com a nova classificação:
Grupo | Denominação proposta |
1 | Diabetes1 autoimune18 grave (SAID = Severe Autoimmune Diabetes1) |
2 | Diabetes1 insulino-deficiente grave (SIDD = Severe Insulin-Deficient Diabetes1) |
3 | Diabetes1 insulino-resistente grave (SIRD = Severe Insulin Resistant Diabetes1) |
4 | Diabetes1 leve relacionado à obesidade19 (MOD = Mild Obesity-related Diabetes1) |
5 | Diabetes1 leve relacionado à idade (MARD = Mild Age-Related Diabetes1) |
Fonte: diabetes1.org.br |
Em particular, os indivíduos do grupo 3 (indivíduos altamente resistentes à insulina15) apresentaram risco significativamente maior de nefropatia20 diabética do que indivíduos nos grupos 4 e 5, mas receberam prescrição de tratamentos similares para diabetes1. O grupo 2 (indivíduos jovens com deficiência de insulina15 e com baixo controle metabólico, ou seja, nível alto de A1C17) apresentou maior risco de retinopatia. Em apoio ao agrupamento, as associações genéticas nos grupos diferiram das observadas no diabetes tipo 23 tradicional.
Esta nova estratificação dos pacientes em cinco subgrupos com diferentes progressões da doença e risco de complicações diabéticas pode, eventualmente, ajudar a adaptar e atingir o objetivo do tratamento precocemente em pacientes que se beneficiariam mais, representando assim um primeiro passo para a medicina de precisão em diabetes1.
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Fonte: The Lancet Diabetes1 & Endocrinology, publicado em 1º de março de 2018