NEJM: quintuplicar a dose de glicocorticoides inalados não ajuda a prevenir as exacerbações da asma infantil
As exacerbações de asma1 ocorrem frequentemente, apesar do uso regular de terapias de controle da doença, como o uso de glicocorticoides inalados. Os clínicos geralmente aumentam as doses deste medicamento diante de sinais2 precoces de perda de controle da asma1. No entanto, os dados sobre a segurança e a eficácia desta estratégia em crianças são limitados.
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Com o objetivo ampliar as informações disponíveis, pesquisadores do Department of Pediatrics, University of Wisconsin School of Medicine and Public Health e da University of Wisconsin-Madison avaliaram crianças com asma1 leve a moderada tratadas com glicocorticoides inalados diante de sintomas3 de exacerbação das crises de asma1.
Foram estudadas 254 crianças, de 5 a 11 anos de idade, que apresentavam asma1 persistente leve a moderada e tinham pelo menos uma exacerbação de asma1 tratada com glicocorticoides sistêmicos4 no ano anterior ao estudo. As crianças foram tratadas durante 48 semanas com manutenção de doses baixas de glicocorticoides inalados (propionato de fluticasona a uma dose de 44 μg por inalação, duas inalações duas vezes ao dia) e foram distribuídas aleatoriamente para continuar a mesma dose (grupo de baixa dose) ou usar uma dose quintuplicada (grupo de dose elevada, fluticasona a uma dose de 220 μg por inalação, duas inalações duas vezes ao dia) durante 7 dias nos primeiros sinais2 de perda de controle de asma1 ("zona amarela" ou, no termo em inglês, "yellow zone"). O tratamento foi fornecido em forma de dupla ocultação. O desfecho primário foi a taxa de exacerbações severas de asma1 tratadas com glicocorticoides sistêmicos4.
Os resultados mostram que a taxa de exacerbações severas de asma1 tratadas com glicocorticoides sistêmicos4 não diferiu significativamente entre os grupos (0,48 exacerbações por ano no grupo de doses elevadas e 0,37 exacerbações por ano no grupo de baixa dose, taxa relativa de 1,3; intervalo de confiança de 95% 0,8 para 2,1; P=0,30). O tempo para a primeira exacerbação, a taxa de falha no tratamento, os escores de sintomas3 e o uso de albuterol durante os episódios da "zona amarela" não diferiram significativamente entre os grupos. A exposição total aos glicocorticoides foi 16% maior no grupo de doses elevadas do que no grupo de baixa dose. A diferença no crescimento linear entre o grupo de doses elevadas e o grupo de baixa dose foi de -0,23 centímetros por ano (P=0,06) no primeiro grupo.
Concluiu-se, neste trabalho, que em crianças com asma1 persistente leve a moderada tratadas com glicocorticoides inalatórios diários, quintuplicar a dose diante dos primeiros sinais2 de perda de controle de asma1 não reduziu a taxa de exacerbações severas de asma1 ou melhorou outros resultados de asma1 e pode estar associado a um crescimento linear reduzido.
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Fonte: The New England Journal of Medicine, em 8 de março de 2018