A maioria dos pacientes com AVC tem fatores de risco maiores não diagnosticados
Os resultados de um novo estudo estão sublinhando a necessidade de estratégias de prevenção e educação do paciente, com dados sugerindo que a maioria dos pacientes com acidente vascular cerebral1 isquêmico2 agudo3 tinha fatores de risco vasculares4 maiores não diagnosticados.
O estudo, apresentado no Congresso de 2022 da Academia Europeia de Neurologia, realizou uma análise de dados de mais de 4.300 pacientes com AVC de um registro suíço abrangendo mais de uma década e os resultados indicaram que 67,7% dos pacientes com AVC tinham pelo menos 1 ou mais fatores de risco maiores não diagnosticados, sendo os mais comuns dislipidemia e hipertensão5.
“Nossas descobertas ressaltam a importância de testar e tratar desequilíbrios de gordura6 no sangue7, como níveis elevados de colesterol8 e triglicerídeos, bem como a pressão arterial9, e identificar e tratar aqueles com fibrilação atrial e diabetes10 tipo 2”, disse o investigador principal André Rêgo, do Hospital Universitário de Lausanne na Suíça, em comunicado.
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O resumo do estudo, publicado no European Journal of Neurology, descreve os fatores de risco maiores não diagnosticados em pacientes com acidente vascular cerebral1 isquêmico2 agudo3.
Os pesquisadores relatam que existem escassas informações clínicas sobre a frequência, perfil do paciente e mecanismos do AVC em pacientes com AVC isquêmico2 agudo3 com fatores de risco vasculares4 maiores não diagnosticados anteriormente.
Em uma análise retrospectiva do registro ASTRAL de 2003-2018, analisou-se variáveis demográficas, clínicas, terapêuticas e prognósticas. Foram realizadas análises de regressão logística univariada e multivariada.
Após excluir 763 (14,9%) pacientes por falta de consentimento e 3 por falta de informação, analisou-se 4.354 pacientes (idade mediana de 70 anos [IQR 15,2], 44,7% do sexo feminino).
Nos 1.125 (25,8%) pacientes com fatores de risco não diagnosticados, 30,3% (n = 341) não tinham fatores de risco e 67,7% (n = 784) tinham pelo menos um fator de risco12.
Os fatores de risco maiores recentemente detectados foram dislipidemia (61,4%), hipertensão5 (23,7%), fibrilação atrial (10,2%), diabetes mellitus13 (5,2%), fração de ejeção <35% (2,0%) e doença coronariana14 (1,0%).
A análise multivariada mostrou associação positiva com menor idade, etnia não caucasiana, forame15 oval patente, uso de anticoncepcional (em pacientes <55 anos) e tabagismo (para pacientes16 ≥55 anos). Também encontrou-se associações negativas com o uso de antiplaquetários antes do evento e IMC17 mais elevado.
Em relação aos mecanismos do AVC, a análise multivariada mostrou maior frequência de AVCs relacionados ao forame15 oval patente e menor frequência para AVCs de grandes vasos, de causas lacunares, cardíacas ou de múltiplas causas coexistentes. O resultado funcional em 12 meses e as recorrências18 cerebrovasculares não foram diferentes entre os grupos.
Nesta grande coorte19 de centro único de AVC isquêmico2 agudo3, 67,7% dos pacientes com fatores de risco vasculares4 maiores não diagnosticados foram recentemente diagnosticados com fatores de risco, sendo os mais comuns dislipidemia, hipertensão5 e fibrilação atrial.
Os pacientes do grupo de fatores de risco não diagnosticados eram mais jovens e com maior frequência de forame15 oval patente, além de uso de anticoncepcionais e de tabaco.
Saiba mais sobre "Acidente Vascular Cerebral1", "Forame15 oval patente" e "Dislipidemia".
Fontes:
European Journal of Neurology, Vol. 29, Sup. 1, em junho de 2022.
Practical Cardiology, notícia publicada em 28 de junho de 2022.