Alimentos inflamatórios foram associados a marcadores de envelhecimento cerebral
Dietas ricas em alimentos inflamatórios foram associadas a marcadores globais de envelhecimento cerebral e doença de pequenos vasos cerebrais na ressonância magnética1, mostrou um estudo transversal publicado na revista Alzheimer2's & Dementia.
Em comparação com dietas anti-inflamatórias, aquelas consideradas pró-inflamatórias no Índice Inflamatório da Dieta (IID) foram associadas a menor volume cerebral total após ajuste para co-variáveis demográficas, clínicas e de estilo de vida, segundo a epidemiologista Debora Melo van Lent, PhD, pesquisadora de pós-doutorado na UT Health San Antonio, no Texas, e co-autores.
Pontuações de IID mais altas – indicando mais alimentos pró-inflamatórios – também foram associadas a menor volume total de matéria cinzenta e maior volume ventricular lateral. Não foram observadas associações com outras medidas da ressonância magnética1 cerebral.
“Os processos inflamatórios sistêmicos3 no corpo, incluindo o cérebro4, podem ser influenciados pela dieta, levando ao seu importante papel contributivo no envelhecimento cerebral”, observaram os pesquisadores.
“Em nosso estudo, encontramos evidências de uma associação entre as pontuações de IID e marcadores globais de volumes cerebrais e lesão5 cerebral vascular6, que são marcadores precoces de demência7”, escreveram eles. “Além disso, estudos anteriores mostraram associações entre o IID e fatores de risco de demência7. Nossos resultados indicam potencial para prevenção por modificação da dieta.”
Leia sobre "Envelhecimento cerebral normal ou patológico" e "O que é uma alimentação saudável".
O índice usado no estudo consistiu em 31 componentes dietéticos, incluindo nutrientes anti-inflamatórios, nutrientes pró-inflamatórios, alimentos integrais e cafeína obtidos a partir da ingestão de alimentos. Os componentes dietéticos foram categorizados como:
- Anti-inflamatórios: álcool, betacaroteno, cafeína, fibra dietética, ácido fólico, magnésio, tiamina, riboflavina, niacina, zinco, gordura8 monoinsaturada, gordura8 poli-insaturada, gordura8 ômega-3, gordura8 ômega-6, selênio, vitaminas B6, A, C, D, E, chá verde/preto, pimenta e alho.
- Pró-inflamatórios: vitamina9 B12, ferro, carboidratos, colesterol10, ingestão total de energia, proteína, gordura saturada11 e gordura8 total.
Em pesquisas anteriores, dietas com alto potencial inflamatório estavam ligadas à demência7 ou comprometimento cognitivo12, mas há pesquisas limitadas sobre inflamação13 causada por dieta e marcadores precoces de neurodegeneração e danos cerebrais vasculares14 na ressonância magnética1, disseram Melo van Lent e co-autores.
“A relação entre o IID ajustado à energia e os resultados estruturais de ressonância magnética1 do envelhecimento cerebral foi investigado apenas uma vez em uma pequena amostra de estudo; nenhuma relação significativa foi encontrada”, escreveram eles.
No estudo atual, os pesquisadores investigaram associações transversais entre o Índice Inflamatório da Dieta (IID) e medidas de volume cerebral e doença de pequenos vasos cerebrais entre os participantes da coorte15 Framingham Heart Study Offspring.
Um total de 1.897 participantes (média ± desvio padrão de idade 62 ± 9) completaram Questionários de Frequência Alimentar e imagens de ressonância magnética1 cerebral (RM).
Pontuações no IID mais altas (pró-inflamatório), com médias calculadas com base em um máximo de três pontos no tempo, foram associadas a um volume cerebral total menor (beta ± erro padrão: -0,16 ± 0,03; P <0,0001) após ajuste para co-variáveis demográficas, clínicas e de estilo de vida.
Além disso, maiores pontuações no IID foram associadas com menor volume total de substância cinzenta (-0,08 ± 0,03; P = 0,003) e maior volume ventricular lateral (0,04 ± 0,02; P = 0,03).
Não foram observadas associações com outras medidas de ressonância magnética1 cerebral.
Esses achados mostraram associações entre pontuações mais altas no Índice Inflamatório da Dieta e medidas globais de ressonância magnética1 do cérebro4. Sendo este um dos primeiros estudos a relatar as associações entre pontuações mais altas no IID e volume cerebral, a replicação é necessária para confirmar os achados.
Veja também sobre "Envelhecimento saudável", "Demência7" e "Dicas para melhorar a alimentação".
Fontes:
Alzheimer’s & Dementia, publicação 06 de maio de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 13 de maio de 2022.