O sono REM e a mortalidade em adultos de meia idade e idosos: quais são as relações?
A menor quantidade de sono do movimento rápido dos olhos1 (REM, do inglês Rapid Eye Movement) está associado ao aumento da mortalidade2?
O sono REM tem sido associado a resultados de saúde3, mas pouco se sabe sobre a relação entre sono REM e mortalidade2.
O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA Neurology, foi investigar se o sono REM está associado a maior risco de mortalidade2 em duas coortes independentes e explorar se outro estágio do sono pode estar impulsionando os resultados.
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Este estudo transversal multicêntrico de base populacional utilizou dados do Estudo de Resultados de Desordens do Sono em Homens Idosos (MrOS) e da Wisconsin Sleep Cohort (WSC). Os participantes do MrOS foram recrutados de dezembro de 2003 a março de 2005 e a WSC começou em 1988. Os participantes do MrOS e da WSC que tinham dados de sono REM e mortalidade2 foram incluídos. A análise começou em maio de 2018 e terminou em dezembro de 2019.
Os principais resultados e medidas foram mortalidade2 por todas as causas e por causa específica confirmadas com atestados de óbito4.
A coorte5 MrOS incluiu 2.675 indivíduos (2.675 homens [100%]; idade média [DP], 76,3 [5,5] anos) e foi acompanhada por uma mediana (intervalo interquartil) de 12,1 (7,8-13,2) anos. A coorte5 da WSC incluiu 1.386 indivíduos (753 homens [54,3%]; idade média [DP] de 51,5 [8,5] anos) e foi acompanhada por uma mediana (intervalo interquartil) de 20,8 (17,9-22,4) anos.
Os participantes do MrOS apresentaram uma taxa de mortalidade2 13% maior a cada redução de 5% no sono REM (percentual de sono REM DP = 6,6%) após o ajuste para várias covariáveis demográficas, do sono e da saúde3 (taxa de risco ajustada por idade, 1,12; taxa de risco totalmente ajustada, 1,13; IC 95%, 1,08-1,19).
Os resultados foram semelhantes para causas cardiovasculares e outras causas de morte. Possíveis efeitos limiares foram observados nas curvas de Kaplan-Meier, particularmente no câncer6; indivíduos com menos de 15% de sono REM apresentaram uma taxa de mortalidade2 mais alta em comparação com indivíduos com 15% ou mais para cada resultado de mortalidade2 com odds ratio de indo de 1,20 a 1,35.
Os achados foram replicados na coorte5 da WSC, apesar da idade mais jovem, inclusão de mulheres e acompanhamento mais longo (taxa de risco de 1,13; IC 95%, 1,08-1,19). Um modelo de floresta aleatória identificou o sono REM como o estágio mais importante do sono associado à sobrevivência7.
O estudo concluiu que a porcentagem diminuída de sono REM foi associada a um maior risco de mortalidade2 por todas as causas, cardiovascular e outras não relacionadas ao câncer6 em duas coortes independentes.
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Fonte: JAMA Neurology, publicação em 6 de julho de 2020.