Betabloqueadores podem causar distúrbios do sono, mas não estão relacionados à depressão
Uma revisão sistemática e metanálise de dados de mais de 280 estudos está fornecendo informações sobre o aumento potencial do risco de depressão e outros eventos adversos psiquiátricos associados aos betabloqueadores.
Apesar das noções derivadas de dados anteriores, a nova pesquisa de uma equipe internacional de pesquisadores indica que o uso de betabloqueadores não está relacionado à depressão, mas pode contribuir para os distúrbios do sono.
Publicados no periódico Hypertension, da American Heart Association, os resultados da revisão sistemática e metanálise descobriram que os betabloqueadores não estavam associados a um risco aumentado de eventos adversos psiquiátricos e a preocupação com seu impacto na saúde1 psicológica não deve dissuadir o uso na prática clínica.
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“Os possíveis efeitos colaterais2 dos betabloqueadores para a saúde1 mental têm sido objeto de discussão na comunidade científica por muitas décadas”, disse Reinhold Kreutz, MD, PhD, pesquisador principal e professor do Instituto de Saúde1 de Berlim, Instituto de Farmacologia3 Clínica e Toxicologia, em comunicado. “Portanto, nossos resultados mostrando que os betabloqueadores não são a causa de muitos desses efeitos colaterais2 negativos têm importantes consequências."
Os β-bloqueadores são drogas importantes no tratamento de doenças cardiovasculares4. Nesse contexto em que eles são suspeitos de induzir vários eventos adversos psiquiátricos (EAPs), particularmente depressão, afetando a morbidade5 e mortalidade6 cardiovascular, os pesquisadores então realizaram uma busca sistemática de ensaios clínicos7 randomizados e duplo-cegos investigando β-bloqueadores para analisar o risco de EAPs ou a suspensão da terapia devido a EAPs.
Extraiu-se as frequências de EAPs e taxas de suspensão, que foram revisadas para o número de pacientes expostos. Para β-bloqueadores versus placebo8 ou outro tratamento ativo, calculou-se odds ratios para EAPs individuais e taxas de suspensão da terapia.
Foram recuperados um total de 285 estudos elegíveis abrangendo 53.533 pacientes. O risco de viés foi considerado alto em 79% dos estudos.
Apesar de ser o EAP relatado com mais frequência com um total de 1.600 casos, a depressão não ocorreu mais comumente durante o uso dos β-bloqueadores do que durante o uso de placebo8 (odds ratio, 1,02 [IC 95%, 0,83-1,25]).
O uso de β-bloqueadores também não foi associado à suspensão da terapia por depressão (odds ratio, 0,97 [IC 95%, 0,51-1,84]). Resultados semelhantes foram obtidos para comparações contra agentes ativos.
Entre outros EAPs, apenas sonhos incomuns, insônia e distúrbios do sono foram possivelmente relacionados à terapia com β-bloqueadores.
Em conclusão, esta análise de dados em grande escala de ensaios clínicos7 randomizados e duplo-cegos não apoia uma associação entre terapia com β-bloqueador e depressão. Da mesma forma, nenhum efeito para β-bloqueadores foi encontrado para outros eventos adversos psiquiátricos, com as possíveis exceções de distúrbios relacionados ao sono.
Consequentemente, as preocupações sobre o impacto dos β-bloqueadores na saúde1 psicológica não devem afetar seu uso na prática clínica.
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Fontes:
Hypertension, publicação em 15 de março de 2021.
Practical Cardiology, notícia publicada em 16 de março de 2021.