Biochip desenvolvido por geneticistas e físicos franceses auxilia no diagnóstico de tumores cerebrais
Artigo publicado na edição de setembro do Annals of Neurology mostra que a parceria entre geneticistas e físicos do Instituto Curie e do Instituto Nacional de Pesquisa Médica e de Saúde1 (Inserm), na França, foi um sucesso no desenvolvimento de uma nova ferramenta contra os tumores cerebrais.
A ferramenta desenvolvida na França busca melhorar o diagnóstico2 dos gliomas, tumores originados das células3 da glia (estrutura de sustentação do tecido nervoso4), bastante freqüentes em adultos com câncer5. Os pesquisadores mostraram que o conhecimento preciso das alterações existentes no cromossomo6 1 dos seres humanos é fundamental quando se propõe a montagem de um chip de DNA para estudar esse problema.
O que os pesquisadores fizeram foi montar lâminas com fragmentos7 do genoma em questão – de aproximadamente 150 mil pares de bases - chamadas de microarranjos ("microarrays") de alta densidade, chips de DNA ou biochips.
Após análise por hibridização de 108 gliomas, com genes isolados das células3 sem tumor8 e marcadas com fluoróforos (compostos fluorescentes), pode-se ter em mãos9 uma espécie de quadro luminoso com cores e intensidades diferentes. Cada um desses sinais10 indica se aquele trecho do genoma representa um prognóstico11 pior (cor vermelha) ou melhor (cor verde).
Os testes feitos na França mostraram que a perda do braço curto do cromossomo6 1 (1p) está associada a um melhor prognóstico11, implicando resposta mais positiva ao tratamento quimioterápico. A perda parcial do mesmo braço indica a ocorrência de tumores mais agressivos. O trabalho indicou vários tipos de associações, sempre relacionados à força dos tumores.
Em termos de pesquisa básica, os cientistas conseguiram identificar que os genes associados aos tumores de prognóstico11 positivo e negativo são diferentes. No campo clínico, esses testes oriundos de técnicas desenvolvidas dentro do âmbito da genômica estrutural já devem ser incorporados pelos médicos, na França, até o fim deste ano, segundo comunicado do Instituto Curie. Mas ainda são necessárias pesquisas para avaliação completa do braço curto do cromossomo6 1 e seu real significado clínico nos gliomas.