O cigarro pode influenciar o padrão de distribuição de gordura corporal: fumantes têm maior circunferência abdominal, segundo pesquisa de Cambridge
Acredita-se que o hábito de fumar possa ajudar no controle de peso, mas uma pesquisa realizada na universidade de Cambridge pode modificar este conceito. O estudo mostrou que os tabagistas têm maiores medidas de cintura e maiores índices cintura/quadril do que as pessoas que deixaram de fumar e do que as que nunca fumaram. Esta pesquisa foi publicada na revista Obesity Research e realizada no Departamento de Saúde1 Pública e Cuidados Primários da Universidade de Cambridge.
Segundo os autores, embora fumar esteja associado com um menor índice de massa corpórea (IMC2), sua relação com o aumento da obesidade3 abdominal pode refletir as conseqüências metabólicas do cigarro. A demonstração destes efeitos negativos na distribuição da gordura4 corpórea pode, de alguma maneira, inverter a opinião de que fumar é uma estratégia eficaz para o controle do peso.
Com o objetivo de examinar a relação entre o hábito de fumar cigarros e a distribuição de gordura4 corporal em uma população, foram analisados os dados de 21.828 homens e mulheres com idade entre 45-79 anos, residentes em Norfolk, United Kingdom. Eles foram observados de 1993 a 1997. O hábito de fumar e outros estilos de vida foram avaliados através de questionários. Medidas antropométricas foram obtidas durante exame físico.
A relação de gordura4 cintura/quadril foi maior entre aqueles que eram fumantes e mínima naqueles que nunca fumaram. Foram feitos ajustes de idade, índice de massa corporal5, ingestão alcoólica, total de calorias6 ingeridas, atividade física e educação. Altos índices de relação cintura/quadril foram diretamente associados ao maior número de anos que as pessoas fumavam, tanto em fumantes atuais como em tabagistas prévios, e inversamente associados ao tempo que fumantes prévios pararam de fumar. Ajustando idade, índice de massa corporal5 e outras co-variáveis, fumantes atuais têm maior circunferência abdominal mas menor circunferência coxa7-quadril, comparados com fumantes prévios ou pessoas que nunca fumaram.
Não ficou claro no estudo porque o hábito de fumar afetou a distribuição da gordura4. Uma teoria é a de que fumar tem algum tipo do efeito antiestrogênico. Outra possibilidade seria a de que fumar possa afetar a captação de ácidos graxos, aumentando a massa de gordura4.
Observou-se que o hábito parece influenciar o padrão de distribuição de gordura4 corporal. Embora fumantes tenham índice de massa corporal5 menor que os não fumantes, eles têm um perfil de distribuição de gorduras metabolicamente adversa, com muita adiposidade central. É sabido que este tipo de gordura4 aumenta o risco de doenças cardíacas e diabetes8. A explicação para esta associação pode ajudar a elucidar os mecanismos fundamentais básicos de conseqüências adversas do hábito de fumar para a saúde1 e da maior circunferência abdominal.
Fonte: Obesity Research