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Diabetes Care: HbA1c maior ou igual a 5.9% dosada precocemente na gravidez é ideal para detectar diabetes e identificar mulheres em maior risco de complicações gestacionais

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Mulheres grávidas com diabetes1 não diagnosticada são um grupo de alto risco e podem se beneficiar de intervenções precoces. Extrapolando a partir de dados fora da gravidez2, a HbA1c3 ≥6.5% (48 mmol/mol) é recomendada para definir diabetes1 na gravidez2. Os objetivos do estudo, publicado pelo periódico Diabetes1 Care, foram determinar o limiar de HbA1c3 ideal para a detecção de diabetes1 no início da gravidez2, tal como definido por um teste oral de tolerância à glicose4 (TOTG5) antes de 20 semanas de gestação e examinar os resultados da gravidez2 relacionados a este limite.

Uma investigação realizada na Nova Zelândia, de 2008 a 2010, dosou a HbA1c3 de mulheres nos primeiros exames de sangue6 do pré-natal. Dados da gestação foram coletados. Um subconjunto completou a realização de um TOTG5 precoce e o desempenho da HbA1c3 foi avaliado segundo critérios da Organização Mundial de Saúde7.

A HbA1c3 foi medida em média com 47 dias de gestação em 16.122 mulheres. Das convidadas, 974/4.201 (23%) levou a cabo a realização de um TOTG5 precoce. Neste subgrupo, HbA1c3 ≥5.9% (41 mmol/mol) capturou todos os quinze casos de diabetes1, sete com HbA1c3 <6,5% (<48 mmol/mol). Este limiar de HbA1c3 também foi 98,4% (IC 95% 97-99,9%) específico para diabetes mellitus8 gestacional (DMG) antes de 20 semanas (valor preditivo positivo=52,9%). Na coorte9 total, excluindo mulheres encaminhadas para o tratamento de diabetes mellitus8 gestacional, as mulheres com HbA1c3 de 5,9-6,4% (41-46 mmol/mol; n=200) apresentaram piores resultados na gravidez2 do que aquelas com HbA1c<5,9% (<41 mmol/mol; n= 8.174): o risco relativo (IC 95%) de uma grande anomalia congênita10 foi de 2,67 (1,28-5,53), o de pré-eclâmpsia11 foi de 2,42 (1,34-4,38), de distocia de ombro foi de 2,47 (1,05-5,85) e o risco de morte perinatal foi de 3,96 (1,54-10,16).

Os resultados mostram que as dosagens de HbA1c3 foram prontamente realizadas, em contraste com a fraca adesão ao TOTG5. HbA1c3 ≥5.9% (≥41 mmol/mol) identificou todas as mulheres com diabetes1 e um grupo com aumento significativo no risco de apresentar resultados adversos na gravidez2.

Fonte: Diabetes1 Care, volume 37, número 11, de novembro de 2014

NEWS.MED.BR, 2014. Diabetes Care: HbA1c maior ou igual a 5.9% dosada precocemente na gravidez é ideal para detectar diabetes e identificar mulheres em maior risco de complicações gestacionais. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/578467/diabetes-care-hba1c-maior-ou-igual-a-5-9-dosada-precocemente-na-gravidez-e-ideal-para-detectar-diabetes-e-identificar-mulheres-em-maior-risco-de-complicacoes-gestacionais.htm>. Acesso em: 19 mar. 2024.

Complementos

1 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
2 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
3 HbA1C: Hemoglobina glicada, hemoglobina glicosilada, glico-hemoglobina ou HbA1C e, mais recentemente, apenas como A1C é uma ferramenta de diagnóstico na avaliação do controle glicêmico em pacientes diabéticos. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada um dos principais objetivos do controle glicêmico de pacientes diabéticos. Algumas sociedades médicas adotam metas terapêuticas mais rígidas de 6,5% para os valores de A1C.
4 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
5 TOTG: Teste oral de tolerância à glicose ou Curva glicêmica.
6 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
7 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
8 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
9 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
10 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
11 Pré-eclâmpsia: É caracterizada por hipertensão, edema (retenção de líquidos) e proteinúria (presença de proteína na urina). Manifesta-se na segunda metade da gravidez (após a 20a semana de gestação) e pode evoluir para convulsão e coma, mas essas condições melhoram com a saída do feto e da placenta. No meio médico, o termo usado é Moléstia Hipertensiva Específica da Gravidez. É a principal causa de morte materna no Brasil atualmente.
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