Perfil brasileiro da lipoproteína(a): novo estudo revela prevalência e relevância clínica dos níveis elevados
A lipoproteína(a), ou Lp(a), tem ganhado destaque na cardiologia por sua forte associação genética com doenças cardiovasculares1, como infarto do miocárdio2, AVC isquêmico3 e estenose4 aórtica. Embora sua importância esteja consolidada em diretrizes internacionais, faltavam dados robustos sobre sua distribuição na população brasileira.
Um estudo inédito, publicado na revista PLOS One, preenche essa lacuna ao analisar os níveis de Lp(a) em mais de 115 mil indivíduos atendidos em um dos maiores laboratórios privados do país. Os resultados mostram que 18% dos brasileiros avaliados apresentam níveis superiores a 50 mg/dL5, limiar que pode indicar risco cardiovascular elevado, mesmo na ausência de outros fatores de risco tradicionais.
Além disso, o estudo identificou que as mulheres tendem a ter níveis mais altos de Lp(a) do que os homens, e que não há correlação significativa com diabetes6, síndrome metabólica7, HDL8 ou triglicérides9, reforçando o caráter predominantemente genético da Lp(a), cuja dosagem costuma ser necessária apenas uma vez na vida.
Esses dados reforçam o papel da Lp(a) como marcador independente e estável, útil na estratificação de risco cardiovascular e potencialmente relevante para decisões clínicas, como a intensificação terapêutica10.
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Confira a seguir o resumo do artigo científico.
Níveis de lipoproteína(a) em uma amostra de 115.197 indivíduos do maior laboratório privado brasileiro
A lipoproteína(a), ou Lp(a), é um fator de risco12 independente para doença aterosclerótica e está sendo cada vez mais incorporada em algoritmos clínicos de predição de risco cardiovascular. No entanto, a epidemiologia da Lp(a) no Brasil permanece desconhecida.
O objetivo deste estudo foi descrever a distribuição dos níveis de Lp(a) e sua associação com parâmetros laboratoriais e características clínicas em uma população de indivíduos submetidos a exames de sangue13 em um laboratório privado.
Os métodos envolveram a avaliação dos níveis de Lp(a) de 115.197 indivíduos em um banco de dados nacional de um laboratório privado brasileiro, com a Lp(a) medida por meio de ensaio nefelométrico e expressa em mg/dL5.
Os resultados mostraram que, entre os 115.197 indivíduos, a mediana de idade foi de 44 anos. Mulheres compuseram 61% da amostra e apresentaram níveis mais elevados de Lp(a) em comparação aos homens (13,90 vs 11,58 mg/dL5, p <0,001). A distribuição dos níveis de Lp(a) foi assimétrica à direita, pois 70% dos indivíduos apresentaram níveis <30 mg/dL5 e 18% apresentaram níveis superiores a 50 mg/dL5.
A presença de critérios para diabetes6, síndrome metabólica7 e níveis de colesterol11 HDL8 e triglicerídeos não mostrou correlação com os níveis de Lp(a). Além disso, não houve associação significativa entre os níveis de Lp(a) em indivíduos com e sem critérios para diabetes6 e síndrome metabólica7.
Em conclusão, este estudo representa a maior análise descritiva de Lp(a) no Brasil, abrangendo indivíduos com ampla faixa etária e distribuição geográfica. Esses dados contribuem para a geração de evidências de alta qualidade necessárias para melhorar a avaliação de risco cardiovascular em ambientes de atendimento clínico.
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Fonte: PLOS One, publicação em 27 de junho de 2025.