Adesivo muscular feito de células-tronco pode tratar insuficiência cardíaca
Um adesivo feito de células musculares1 cultivadas em laboratório a partir de células-tronco2 melhorou a função cardíaca em macacos com doença cardiovascular. Agora, o adesivo está sendo testado em um pequeno número de pessoas, com resultados iniciais do primeiro receptor sugerindo que a inovação poderia tratar insuficiência cardíaca3 avançada.
A insuficiência cardíaca3 – quando o coração4 não consegue bombear sangue5 suficiente para atender às demandas do corpo – geralmente ocorre após um ataque cardíaco danificar ou enfraquecer permanentemente o órgão. A não ser receber um transplante ou instalar uma bomba cardíaca, nenhum outro tratamento pode restaurar totalmente a função cardíaca, apenas retardar seu declínio.
O estudo recente, publicado na revista Nature, investiga o reparo cardíaco com músculo cardíaco6 projetado derivado de células-tronco2 e é um marco para a aplicação clínica do “adesivo cardíaco” como uma opção de tratamento inovadora para pacientes7 com insuficiência cardíaca3 avançada.
O adesivo cardíaco projetado, na verdade chamado músculo cardíaco6 projetado (EHM, do inglês engineered heart muscle), é um músculo cardíaco6 cultivado em laboratório, composto por células8 cardíacas derivadas de células-tronco2 pluripotentes induzidas incorporadas em um hidrogel de colágeno9. A base para a tradução em testes clínicos foi estabelecida pela simulação do tratamento clínico em macacos rhesus. O adesivo de EHM é atualmente a única tecnologia que permite a administração segura e eficaz com retenção de longo prazo de cardiomiócitos no coração4.
Uma equipe interdisciplinar liderada pelo Professor Wolfram-Hubertus Zimmermann, diretor do Departamento de Farmacologia10 e Toxicologia do University Medical Center Göttingen (UMG) e diretor científico dos estudos pré-clínicos e clínicos de adesivo cardíaco, juntamente com colegas do UMG e do University Medical Center Schleswig-Hostein, Canpus Lübeck (UKSH), implantou com sucesso o chamado “adesivo cardíaco” em pacientes com insuficiência cardíaca3 pela primeira vez.
A simulação da aplicação clínica em macacos rhesus foi essencial para reunir dados convincentes para dar suporte à tradução clínica. Os pesquisadores conseguiram mostrar que os adesivos cardíacos implantados, consistindo de até 200 milhões de células8, levaram a uma melhora na função cardíaca por meio da remuscularização (construção de novo músculo cardíaco6). Técnicas de imagem e análise de tecido11 confirmaram que as células8 do músculo cardíaco6 implantadas são retidas sob supressão imunológica concomitante e fortaleceram a função de bombeamento do coração4.
“Mostramos em macacos rhesus que o implante12 de adesivo cardíaco pode ser aplicado para remuscularizar o coração4 em falência. O desafio era gerar e implantar células musculares1 cardíacas suficientes a partir de células-tronco2 pluripotentes induzidas de macacos rhesus para atingir o reparo cardíaco sustentável sem efeitos colaterais13 perigosos, como arritmia14 cardíaca ou crescimento tumoral”, explicou o professor Zimmermann.
Os resultados das investigações relatadas foram cruciais para a aprovação do primeiro ensaio clínico do mundo para reparar o coração4 com implantes de músculo cardíaco6 de engenharia tecidual desenvolvidos em laboratório em pessoas com insuficiência cardíaca3 avançada.
Leia sobre "Insuficiência cardíaca congestiva15", "Transplante cardíaco" e "Células-tronco2".
No artigo publicado, os pesquisadores descrevem o desenvolvimento dos aloenxertos de músculo cardíaco6 projetados para reparo cardíaco em primatas e humanos.
Eles relatam que cardiomiócitos podem ser implantados para remuscularizar um coração4 que está falhando. Os desafios incluem retenção suficiente de cardiomiócitos para um impacto terapêutico sustentável sem efeitos colaterais13 intoleráveis, como arritmia14 e crescimento tumoral.
Investigou-se a hipótese de que aloenxertos de músculo cardíaco6 projetado (EHM) epicárdico, feitos a partir de cardiomiócitos derivados de células-tronco2 pluripotentes induzidas e células8 estromais, remuscularizam estrutural e funcionalmente o coração4 com falha crônica sem efeitos colaterais13 limitantes em macacos rhesus.
Após a confirmação da equivalência in vitro e in vivo (modelo de rato nu) do modelo EHM de macaco rhesus recentemente desenvolvido com uma formulação EHM humana compatível com as Boas Práticas de Fabricação previamente estabelecida, a retenção a longo prazo (até 6 meses) e o aprimoramento dependente da dose da parede cardíaca alvo por enxertos de EHM construídos a partir de 40 a 200 milhões de cardiomiócitos/células8 estromais foram demonstrados em macacos com e sem insuficiência cardíaca3 induzida por infarto do miocárdio16.
No modelo de insuficiência cardíaca3, foram obtidas evidências de contratilidade da parede cardíaca alvo e fração de ejeção aprimoradas por aloenxerto de EHM, que são medidas para suporte cardíaco local e global.
As análises histopatológicas e de ressonância magnética17 de perfusão com base em gadolínio confirmaram a retenção celular e a vascularização funcional. Não foram observados arritmia14 e crescimento tumoral.
Os dados de viabilidade, segurança e eficácia obtidos forneceram os fundamentos essenciais para a aprovação de um primeiro ensaio clínico em humanos sobre reparo cardíaco por engenharia de tecidos.
Os dados clínicos confirmaram a remuscularização por implante12 de EHM em um paciente com insuficiência cardíaca3 avançada.
Fontes:
Nature, publicação em 29 de janeiro de 2025.
Universitätsmedizin Göttingen, notícia publicada em 29 de janeiro de 2025.