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Amamentação foi associada à redução do risco de leucemia infantil

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A duração mais longa da amamentação exclusiva1 foi associada a um risco reduzido de leucemia2 linfoblástica aguda de células3 precursoras B (LLA-CPB) na infância, de acordo com os resultados de um estudo de coorte4 de base populacional dinamarquês, publicado no JAMA Network Open.

Em comparação com uma duração da amamentação exclusiva1 inferior a 3 meses, a amamentação exclusiva1 durante 3 meses ou mais foi associada a uma diminuição do risco de cânceres hematológicos, o que foi largamente atribuível a uma diminuição do risco de LLA-CPB, relataram Signe Holst Søegaard, PhD, do Instituto Dinamarquês do Câncer5 e da Sociedade Dinamarquesa do Câncer5 em Copenhague, e colegas.

Não houve associação entre a duração da amamentação6 exclusiva e o risco de tumores do sistema nervoso central7 ou tumores sólidos.

“Assim, nossas análises corroboram observações anteriores de estudos de caso-controle que sugerem que a amamentação6 está associada ao risco de LLA infantil”, escreveram Søegaard e equipe. “Notavelmente, nossos resultados para LLA-CPB estão alinhados com a redução de aproximadamente 30% no risco de LLA em crianças amamentadas exclusivamente por pelo menos 4 meses versus nunca amamentadas em análises recentes agrupadas de estudos internacionais de caso-controle, incluindo mais de 10.000 crianças com LLA”.

Os autores também sugeriram que a descoberta de um risco reduzido de LLA-CPB “é consistente com investigações emergentes que implicam a maturação precoce do microbioma8 intestinal na patogênese9 da LLA-CPB na infância”.

Saiba mais sobre "Leucemias: o que são", "Câncer5 infantil" e "Leucemia2 linfocítica aguda".

Em um comentário que acompanhou a publicação do estudo, Helen D. Bailey, PhD, da Curtin University em Perth, Austrália, observou que este é o primeiro estudo de coorte4 de base populacional a relatar que a amamentação exclusiva1 prolongada pode estar associada à diminuição do risco de LLA na infância.

No entanto, ela também destacou que, embora a LLA-CPB seja um dos cânceres infantis mais comuns, ainda é raro, e o risco relativo reduzido de desenvolver LLA-CPB observado neste estudo traduz-se numa alteração mínima no nível de risco absoluto.

“Assim, é improvável que estes resultados por si só possam influenciar a prática de amamentação6 de uma mulher”, escreveu Bailey.

No entanto, a amamentação6 prolongada também já demonstrou trazer muitos benefícios a curto e longo prazo para os bebês10 em todos os contextos econômicos, acrescentou ela. “As descobertas somam-se às evidências existentes sobre a importância crítica da amamentação6 exclusiva”.

No artigo publicado, os pesquisadores relatam que foi sugerido que a amamentação6 protege contra o câncer5 infantil, particularmente a leucemia2 linfoblástica aguda (LLA). No entanto, a evidência deriva apenas de estudos de caso-controle.

O objetivo deste estudo, portanto, foi investigar se a maior duração da amamentação exclusiva1 está associada à diminuição do risco de LLA infantil e outros tipos de câncer5 infantil.

Este estudo de coorte4 de base populacional utilizou dados administrativos sobre a duração da amamentação exclusiva1 do Registo Nacional Dinamarquês de Saúde11 Infantil. Foram incluídas todas as crianças nascidas na Dinamarca entre janeiro de 2005 e dezembro de 2018 com informação disponível sobre a duração da amamentação exclusiva1.

As crianças foram acompanhadas desde 1 ano de idade até o diagnóstico12 de câncer5 infantil, perda de acompanhamento ou emigração, óbito13, 15 anos de idade ou 31 de dezembro de 2020. Os dados foram analisados de março a outubro de 2023.

A exposição do estudo foi a duração do aleitamento materno14 exclusivo na infância.

As associações entre a duração da amamentação exclusiva1 e o risco de câncer5 infantil em geral e por subtipos foram estimadas como taxas de risco ajustadas (AHRs) com ICs de 95% utilizando modelos estratificados de regressão de riscos proporcionais de Cox.

Foram incluídas 309.473 crianças (51,3% meninos). Durante 1.679.635 pessoas-anos de acompanhamento, 332 crianças (0,1%) foram diagnosticadas com câncer5 em idades de 1 a 14 anos (idade média [DP] no momento do diagnóstico12, 4,24 [2,67] anos; 194 meninos [58,4%]).

Destes, 124 (37,3%) foram diagnosticados com cânceres hematológicos (81 [65,3%] eram LLA, 74 [91,4%] dos quais eram LLA de células3 precursoras B [CPB]), 44 (13,3%) com tumores do sistema nervoso central7, 80 (24,1%) com tumores sólidos e 84 (25,3%) com outras e não especificadas neoplasias15 malignas.

Em comparação com a duração da amamentação exclusiva1 inferior a 3 meses, a amamentação exclusiva1 durante 3 meses ou mais foi associada a uma diminuição do risco de cânceres hematológicos (AHR, 0,66; IC 95%, 0,46-0,95), o que foi em grande parte atribuível à diminuição do risco de LLA-CPB (AHR, 0,62; IC 95%, 0,39-0,99), mas não com risco de tumores do sistema nervoso central7 (AHR, 0,96; IC 95%, 0,51-1,88) ou tumores sólidos (AHR, 0,87; IC 95%, 0,55-1,41).

Neste estudo de coorte4, a maior duração do aleitamento materno14 exclusivo foi associada à redução do risco de LLA-CPB na infância, corroborando resultados de investigações anteriores de caso-controle neste campo.

Para informar futuras intervenções preventivas, a pesquisa contínua deve centrar-se nos potenciais mecanismos biológicos subjacentes à associação observada.

Leia sobre "Aleitamento materno14: mitos, benefícios, dificuldades e soluções".

 

Fontes:
JAMA Network Open, publicação em 26 de março de 2024.
MedPage Today, notícia publicada em 27 de março de 2024.

 

NEWS.MED.BR, 2024. Amamentação foi associada à redução do risco de leucemia infantil. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1468397/amamentacao-foi-associada-a-reducao-do-risco-de-leucemia-infantil.htm>. Acesso em: 10 out. 2024.

Complementos

1 Amamentação exclusiva: Uso do leite materno, habitualmente até os 6 meses de vida como único alimento da criança, não sendo admitidos chás ou água como exceção.
2 Leucemia: Doença maligna caracterizada pela proliferação anormal de elementos celulares que originam os glóbulos brancos (leucócitos). Como resultado, produz-se a substituição do tecido normal por células cancerosas, com conseqüente diminuição da capacidade imunológica, anemia, distúrbios da função plaquetária, etc.
3 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
4 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
5 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
6 Amamentação: Ato da nutriz dar o peito e o lactente mamá-lo diretamente. É um fenômeno psico-sócio-cultural. Dar de mamar a; criar ao peito; aleitar; lactar... A amamentação é uma forma de aleitamento, mas há outras formas.
7 Sistema Nervoso Central: Principais órgãos processadores de informação do sistema nervoso, compreendendo cérebro, medula espinhal e meninges.
8 Microbioma: Comunidade ecológica de microrganismos comensais, simbióticos e patogênicos que compartilham nosso espaço corporal. Microbioma humano é o conjunto de microrganismos que reside no corpo do Homo sapiens, mantendo uma relação simbiótica com o hospedeiro. O conceito vai além do termo microbiota, incluindo também a relação entre as células microbianas e as células e sistemas humanos, por meio de seus genomas, transcriptomas, proteomas e metabolomas.
9 Patogênese: Modo de origem ou de evolução de qualquer processo mórbido; nosogenia, patogênese, patogenesia.
10 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
11 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
12 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
13 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
14 Aleitamento Materno: Compreende todas as formas do lactente receber leite humano ou materno e o movimento social para a promoção, proteção e apoio à esta cultura. Toda mulher após o parto tem produção de leite - lactação; mas, infelizmente nem todas amamentam.
15 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
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