A melhoria na dieta se mostrou uma estratégia eficaz no manejo da depressão
O possível impacto terapêutico das mudanças na dieta em doenças mentais existentes é amplamente desconhecido. Usando um projeto de ensaio controlado randomizado1, o objetivo deste estudo, publicado no BMC Medicine, foi investigar a eficácia de um programa de melhoria dietética para o tratamento de episódios depressivos maiores.
Leia sobre "Saúde2 mental - o que é" e "Dicas para melhorar a alimentação".
O “SMILES” foi um estudo de 12 semanas, de grupos paralelos, simples cego, controlado randomizado1 de uma intervenção dietética adjuvante no tratamento da depressão moderada a grave.
A intervenção consistiu em sete sessões individuais de consulta nutricional ministradas por uma nutricionista3 clínica. A condição de controle compreendeu um protocolo de suporte social com o mesmo horário e duração das visitas.
A sintomatologia da depressão foi o desfecho primário, avaliado por meio da Escala de Avaliação de Depressão de Montgomery–Åsberg (MADRS) em 12 semanas. Os desfechos secundários incluíram remissão e mudança de sintomas4, humor e ansiedade.
As análises utilizaram uma abordagem de medidas repetidas de modelo de efeitos mistos baseada em probabilidade. A robustez das estimativas foi investigada por meio de análises de sensibilidade.
Avaliou-se 166 indivíduos para elegibilidade, dos quais 67 foram incluídos (intervenção dietética, n = 33; controle, n = 34). Destes, 55 faziam uso de alguma forma de terapia: 21 faziam uso combinado de psicoterapia e farmacoterapia; 9 faziam uso exclusivamente de psicoterapia; e 25 faziam uso apenas de farmacoterapia.
Havia 31 pessoas no grupo de suporte dietético e 25 no grupo controle de suporte social que tinham dados completos em 12 semanas.
O grupo de suporte dietético demonstrou melhora significativamente maior entre a linha de base e 12 semanas na MADRS do que o grupo controle de suporte social, t(60,7) = 4,38, p <0,001, d de Cohen = -1,16.
A remissão, definida como uma pontuação MADRS <10, foi alcançada para 32,3% (n = 10) e 8,0% (n = 2) dos grupos de intervenção e controle, respectivamente (χ² (1) = 4,84, p = 0,028); o número necessário para tratar (NNT) com base nos escores de remissão foi de 4,1 (IC 95% de NNT 2,3-27,8).
Uma análise de sensibilidade, testando desvios da suposição de falta aleatória para abandonos, indicou que o impacto da intervenção foi robusto a violações das suposições de falta aleatória.
Esses resultados indicam que a melhora na dieta pode fornecer uma estratégia de tratamento eficaz e acessível para o manejo desse transtorno mental altamente prevalente, cujos benefícios podem se estender ao manejo de comorbidades5 comuns.
Veja também sobre "Depressão maior" e "Principais transtornos mentais".
Fonte: BMC Medicine, publicação em 30 de janeiro de 2017.