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Baxdrostat, um inibidor seletivo da aldosterona sintase, reduziu a pressão arterial na hipertensão resistente ao tratamento

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Apesar da disponibilidade de vários medicamentos para tratar a hipertensão1, aproximadamente 20% dos pacientes com essa condição têm hipertensão1 aparente resistente, que é definida como pressão arterial sistólica2 e diastólica em consultório que não diminui para menos de 130/80 mmHg, apesar das medidas de estilo de vida e tratamento com doses máximas toleradas de três ou mais medicamentos, incluindo um diurético3, um bloqueador do sistema renina-angiotensina e um bloqueador de canais de cálcio. A hipertensão1 resistente está associada a um risco aumentado de eventos cardiovasculares prematuros.

Saiba mais sobre "O que vem a ser pressão arterial4" e "Mecanismos de ação dos anti-hipertensivos".

A aldosterona sintase controla a síntese da aldosterona e tem sido um alvo farmacológico para o tratamento da hipertensão1 por várias décadas. A inibição seletiva da aldosterona sintase é essencial, mas difícil de alcançar, porque a síntese de cortisol é catalisada por outra enzima5 que compartilha 93% de similaridade de sequência com a aldosterona sintase.

Nos estudos pré-clínicos e de fase 1, o Baxdrostat teve seletividade de 100: 1 para inibição da enzima5, e o Baxdrostat em vários níveis de dose reduziu os níveis plasmáticos de aldosterona, mas não os níveis de cortisol.

Neste estudo multicêntrico controlado por placebo6, publicado no The New England Journal of Medicine, designou-se aleatoriamente pacientes que tinham hipertensão1 resistente ao tratamento, com pressão arterial4 de 130/80 mmHg ou superior e que estavam recebendo doses estáveis de pelo menos três agentes anti-hipertensivos, incluindo um diurético3, para receber Baxdrostat (0,5 mg, 1 mg ou 2 mg) uma vez ao dia por 12 semanas ou placebo6.

O desfecho primário foi a mudança na pressão arterial sistólica2 da linha de base para a semana 12 em cada grupo de Baxdrostat em comparação com o grupo placebo6.

Um total de 248 pacientes concluíram o estudo. Alterações dependentes da dose na pressão arterial4 sistólica de -20,3 mmHg, -17,5 mmHg, -12,1 mmHg e -9,4 mmHg foram observadas nos grupos 2 mg, 1 mg, 0,5 mg e placebo6, respectivamente.

A diferença na mudança na pressão arterial sistólica2 entre o grupo de 2 mg e o grupo placebo6 foi de -11,0 mmHg (intervalo de confiança [IC] de 95%, -16,4 a -5,5; p <0,001) e a diferença nessa mudança entre o grupo de 1 mg e o grupo placebo6 foi de -8,1 mmHg (IC 95%, -13,5 a -2,8; p = 0,003).

Nenhuma morte ocorreu durante o ensaio clínico, nenhum evento adverso grave foi atribuído pelos investigadores ao Baxdrostat, e não houve casos de insuficiência7 adrenocortical.

Os aumentos relacionados ao Baxdrostat no nível de potássio para 6,0 mmol por litro ou mais ocorreram em 2 pacientes, mas esses aumentos não se repetiram após a retirada e a reinicialização do medicamento.

O estudo concluiu que pacientes com hipertensão1 resistente ao tratamento que receberam Baxdrostat apresentaram reduções relacionadas à dose na pressão arterial4.

Leia sobre "Hipertensão Arterial8" e "Sintomas9 da hipertensão1".

 

Fonte: The New England Journal of Medicine, publicação em 02 de fevereiro de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. Baxdrostat, um inibidor seletivo da aldosterona sintase, reduziu a pressão arterial na hipertensão resistente ao tratamento. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1433950/baxdrostat-um-inibidor-seletivo-da-aldosterona-sintase-reduziu-a-pressao-arterial-na-hipertensao-resistente-ao-tratamento.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.

Complementos

1 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
2 Pressão arterial sistólica: É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.
3 Diurético: Grupo de fármacos que atuam no rim, aumentando o volume e o grau de diluição da urina. Eles depletam os níveis de água e cloreto de sódio sangüíneos. São usados no tratamento da hipertensão arterial, insuficiência renal, insuficiência cardiaca ou cirrose do fígado. Há dois tipos de diuréticos, os que atuam diretamente nos túbulos renais, modificando a sua atividade secretora e absorvente; e aqueles que modificam o conteúdo do filtrado glomerular, dificultando indiretamente a reabsorção da água e sal.
4 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
5 Enzima: Proteína produzida pelo organismo que gera uma reação química. Por exemplo, as enzimas produzidas pelo intestino que ajudam no processo digestivo.
6 Placebo: Preparação neutra quanto a efeitos farmacológicos, ministrada em substituição a um medicamento, com a finalidade de suscitar ou controlar as reações, geralmente de natureza psicológica, que acompanham tal procedimento terapêutico.
7 Insuficiência: Incapacidade de um órgão ou sistema para realizar adequadamente suas funções.Manifesta-se de diferentes formas segundo o órgão comprometido. Exemplos: insuficiência renal, hepática, cardíaca, respiratória.
8 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
9 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
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