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Eventos cardiovasculares aumentam o risco de insuficiência renal com terapia renal substitutiva

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A doença renal1 crônica (DRC) aumenta o risco de doença cardiovascular (DCV). Pouco se sabe sobre como a DCV se associa ao risco futuro de insuficiência renal2 com terapia renal1 substitutiva (IRTRS).

Neste estudo, publicado no European Heart Journal, foram incluídos 25.903.761 indivíduos do Consórcio de Prognóstico3 da DRC com taxa de filtração glomerular estimada (TFGe) basal conhecida. Avaliou-se o impacto de eventos de doença arterial coronariana (DAC), acidente vascular cerebral4 (AVC), insuficiência cardíaca5 (IC) e fibrilação atrial (FA) prevalentes e incidentes6, como exposições variáveis no tempo, nos resultados de IRTRS.

A idade média foi de 53 (desvio padrão de 17) anos e a TFGe média foi de 89 mL/min/1,73 m²; 15% tinham diabetes7 e 8,4% tinham relação albumina8/creatinina9 (RAC) urinária disponível (mediana 13 mg/g); 9,5% tinham DAC prevalente, 3,2% AVC prévio, 3,3% IC e 4,4% FA prévia.

Durante o acompanhamento, houve 269.142 eventos incidentes6 de DAC, 311.021 eventos incidentes6 de AVC, 712.556 eventos incidentes6 de IC e 605.596 eventos incidentes6 de FA, e 101.044 (0,4%) pacientes apresentaram IRTRS.

Tanto a DCV prevalente quanto a incidente10 foram associadas à IRTRS subsequente com taxas de risco (HRs) ajustadas de 3,1 (IC 95%: 2,9-3,3), 2,0 (1,9-2,1), 4,5 (4,2-4,9), 2,8 (2,7-3,1) após DAC, AVC, IC e FA incidentes6, respectivamente.

As HRs foram mais altas nos primeiros 3 meses após a incidência11 de DCV, diminuindo para a linha de base após 3 anos. Hospitalizações por IC incidente10 mostraram a associação mais forte com IRTRS (HR 46 [IC 95%: 43-50] em 3 meses) após ajuste para incidência11 de outro subtipo de DCV.

O estudo concluiu que eventos incidentes6 de doença cardiovascular associam-se forte e independentemente com risco futuro de insuficiência renal2 com terapia renal1 substitutiva, principalmente após insuficiência cardíaca5, e também após doença arterial coronariana, acidente vascular cerebral4 e fibrilação atrial.

São necessárias estratégias ideais para abordar o risco dramático de insuficiência renal2 com terapia renal1 substitutiva após eventos de doença cardiovascular.

Saiba mais sobre "Insuficiência renal2 crônica", "Hemodiálise12" e "Diálise peritoneal13".

 

Fonte: European Heart Journal, publicação em 24 de janeiro de 2023.

 

NEWS.MED.BR, 2023. Eventos cardiovasculares aumentam o risco de insuficiência renal com terapia renal substitutiva. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1433940/eventos-cardiovasculares-aumentam-o-risco-de-insuficiencia-renal-com-terapia-renal-substitutiva.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
2 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
3 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
4 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
5 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
6 Incidentes: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
7 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
8 Albumina: Proteína encontrada no plasma, com importantes funções, como equilíbrio osmótico, transporte de substâncias, etc.
9 Creatinina: Produto residual das proteínas da dieta e dos músculos do corpo. É excretada do organismo pelos rins. Uma vez que as doenças renais progridem, o nível de creatinina aumenta no sangue.
10 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
11 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
12 Hemodiálise: Tipo de diálise que vai promover a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. A hemodiálise, em geral, é realizada 3 vezes por semana, em sessões com duração média de 3 a 4 horas, com o auxílio de uma máquina, dentro de clínicas especializadas neste tratamento. Para que o sangue passe pela máquina, é necessária a colocação de um catéter ou a confecção de uma fístula, que é um procedimento realizado mais comumente nas veias do braço, para permitir que estas fiquem mais calibrosas e, desta forma, forneçam o fluxo de sangue adequado para ser filtrado.
13 Diálise peritoneal: Ao invés de utilizar um filtro artificial para “limpar“ o sangue, é utilizado o peritônio, que é uma membrana localizada dentro do abdômen e que reveste os órgãos internos. Através da colocação de um catéter flexível no abdômen, é feita a infusão de um líquido semelhante a um soro na cavidade abdominal. Este líquido, que chamamos de banho de diálise, vai entrar em contato com o peritônio, e por ele será feita a retirada das substâncias tóxicas do sangue. Após um período de permanência do banho de diálise na cavidade abdominal, este fica saturado de substâncias tóxicas e é então retirado, sendo feita em seguida a infusão de novo banho de diálise. Esse processo é realizado de uma forma contínua e é conhecido por CAPD, sigla em inglês que significa diálise peritoneal ambulatorial contínua. A diálise peritoneal é uma forma segura de tratamento realizada atualmente por mais de 100.000 pacientes no mundo todo.
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