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Risco de câncer metastático foi reduzido em até 72% com exercícios de alta intensidade

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O câncer1 metastático é o câncer1 que se espalhou de onde começou para outra parte do corpo.

Pesquisadores por trás de um estudo de 2022 estimaram que 623.405 indivíduos nos Estados Unidos viviam com câncer1 metastático de mama2, próstata3, pulmão4, colorretal ou bexiga5 ou melanoma6 metastático em 2018.

Enquanto trabalhava com outros pesquisadores, Carmit Levy, Ph.D., professora de genética molecular humana e bioquímica na Universidade de Tel Aviv, interessou-se em como o músculo é resistente ao câncer1 metastático.

Esse trabalho levou a um novo estudo da Universidade de Tel Aviv, publicado recentemente na Cancer1 Research, que sugere que as pessoas podem reduzir o risco de desenvolver câncer1 metastático praticando regularmente exercícios aeróbicos de alta intensidade.

“Partindo de estarmos curiosos sobre o músculo, acabamos investigando a atividade física”, disse a professora Levy. “Dissemos: 'OK, há algo na atividade do músculo que talvez proteja esse órgão de ser um local comum de metástase7 para todos os tipos de câncer1'”.

Com o trabalho, os pesquisadores identificaram o mecanismo por trás do efeito preventivo8 do exercício. Eles descobriram que a atividade física aumenta o consumo de glicose9 pelos órgãos internos, o que significa menos energia disponível para o tumor10.

Saiba mais sobre "O que são metástases11" e "Exercícios aeróbicos".

Erica Rees-Punia Fonte Confiável, Ph.D., principal cientista sênior12 em epidemiologia e pesquisa comportamental na American Cancer1 Society, não envolvida no estudo, descreveu o mecanismo subjacente:

“Simplificando, o exercício ‘reprograma’ nossos órgãos para exigir mais nutrientes. Ao mesmo tempo, os órgãos saudáveis dos praticantes de exercícios são mais facilmente capazes de superar as células13 cancerígenas (especificamente células13 de melanoma6, no caso deste estudo) por nutrientes. Isso deixa menos nutrientes disponíveis para o tumor10 usar para crescer.”

No artigo publicado, os pesquisadores descrevem como um escudo metabólico induzido por exercícios em órgãos distantes bloqueia a progressão do câncer1 e a disseminação metastática.

Eles contextualizam que o exercício previne a incidência14 e recorrência15 do câncer1, mas o mecanismo subjacente por trás dessa relação permanecia desconhecido. No novo estudo, eles relatam que o exercício induz a reprogramação metabólica dos órgãos internos que aumenta a demanda de nutrientes e protege contra a colonização metastática ao limitar a disponibilidade de nutrientes para o tumor10, gerando um escudo metabólico induzido pelo exercício.

Análises de capacidade metabólica proteômica16 e ex vivo de órgãos internos murinos revelaram que o exercício induz processos catabólicos, captação de glicose9, atividade mitocondrial e expressão de GLUT (um transportador de glicose9). A análise proteômica16 do plasma17 humano rotineiramente ativo demonstrou um aumento na utilização de carboidratos após o exercício.

Dados epidemiológicos de um estudo prospectivo18 de 20 anos de uma grande coorte19 humana de participantes inicialmente livres de câncer1 revelaram que o exercício antes do início do câncer1 teve um impacto modesto na incidência14 de câncer1 em estágios metastáticos baixos, mas reduziu significativamente a probabilidade de câncer1 altamente metastático.

Entre os participantes estudados, aqueles que relataram exercícios aeróbicos regulares de alta intensidade tiveram 72% menos câncer1 metastático do que os participantes sedentários.

Em três modelos de melanoma6 em camundongos, o exercício antes da injeção20 de câncer1 protegeu significativamente contra metástases11 em órgãos distantes. Os efeitos protetores do exercício foram dependentes da atividade mTOR, e a inibição da via mTOR com o tratamento com rapamicina ex vivo reverteu o escudo metabólico induzido pelo exercício. Sob condições limitadas de glicose9, o estroma21 ativo consumiu significativamente mais glicose9 às custas do tumor10.

Assim, analisando os órgãos dos camundongos, descobriu-se que a atividade física de longo prazo altera os músculos22 (aumentando a massa muscular) e altera os órgãos.

“Descobrimos que órgãos internos como gânglios linfáticos23, pulmão4, fígado24, aqueles órgãos que geralmente hospedam câncer1, estão mudando quando há atividade física crônica”, disse Levy.

“Eles mudam no sentido de que se tornam super metabólicos. E quando digo supermetabólico, quero dizer que sua demanda por glicose9 e a demanda por suas mitocôndrias25 estão aumentando e sua absorção de glicose9 está aumentando. Eles estão se tornando como órgãos de super-heróis.”

Quando o câncer1 tenta atacar esses órgãos, ele perde a luta, acreditam os pesquisadores.

Coletivamente, esses dados sugerem um choque26 entre a plasticidade metabólica do câncer1 e a reprogramação metabólica do estroma21 induzida pelo exercício, criando uma oportunidade para bloquear a metástase7 desafiando as necessidades metabólicas do tumor10.

O estudo concluiu, assim, que o exercício protege contra a progressão do câncer1 e a metástase7, induzindo uma alta demanda de nutrientes nos órgãos internos, indicando que a redução da disponibilidade de nutrientes para as células13 tumorais representa uma estratégia potencial para prevenir a metástase7.

Leia sobre "Atividade física", "Metabolismo27" e "Comportamento da glicose9 no sangue28".

 

Fontes:
Cancer1 Research, publicação em 15 de novembro de 2022.
Medical News Today, notícia publicada em 18 de novembro de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Risco de câncer metastático foi reduzido em até 72% com exercícios de alta intensidade. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1429335/risco-de-cancer-metastatico-foi-reduzido-em-ate-72-com-exercicios-de-alta-intensidade.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.

Complementos

1 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
2 Mama: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
3 Próstata: Glândula que (nos machos) circunda o colo da BEXIGA e da URETRA. Secreta uma substância que liquefaz o sêmem coagulado. Está situada na cavidade pélvica (atrás da parte inferior da SÍNFISE PÚBICA, acima da camada profunda do ligamento triangular) e está assentada sobre o RETO.
4 Pulmão: Cada um dos órgãos pareados que ocupam a cavidade torácica que tem como função a oxigenação do sangue.
5 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
6 Melanoma: Neoplasia maligna que deriva dos melanócitos (as células responsáveis pela produção do principal pigmento cutâneo). Mais freqüente em pessoas de pele clara e exposta ao sol.Podem derivar de manchas prévias que mudam de cor ou sangram por traumatismos mínimos, ou instalar-se em pele previamente sã.
7 Metástase: Formação de tecido tumoral, localizada em um lugar distante do sítio de origem. Por exemplo, pode se formar uma metástase no cérebro originário de um câncer no pulmão. Sua gravidade depende da localização e da resposta ao tratamento instaurado.
8 Preventivo: 1. Aquilo que previne ou que é executado por medida de segurança; profilático. 2. Na medicina, é qualquer exame ou grupo de exames que têm por objetivo descobrir precocemente lesão suscetível de evolução ameaçadora da vida, como as lesões malignas. 3. Em ginecologia, é o exame ou conjunto de exames que visa surpreender a presença de lesão potencialmente maligna, ou maligna em estágio inicial, especialmente do colo do útero.
9 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
10 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
11 Metástases: Formação de tecido tumoral, localizada em um lugar distante do sítio de origem. Por exemplo, pode se formar uma metástase no cérebro originário de um câncer no pulmão. Sua gravidade depende da localização e da resposta ao tratamento instaurado.
12 Sênior: 1. Que é o mais velho. 2. Diz-se de desportistas que já ganharam primeiros prêmios: um piloto sênior. 3. Diz-se de profissionais experientes que já exercem, há algum tempo, determinada atividade.
13 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
14 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
15 Recorrência: 1. Retorno, repetição. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
16 Proteômica: Ciência que estuda o conjunto de proteínas e suas isoformas contidas em amostras biológicas, seja esta um organismo, um tecido, uma organela celular ou uma célula, sempre determinadas pelo genoma.
17 Plasma: Parte que resta do SANGUE, depois que as CÉLULAS SANGÜÍNEAS são removidas por CENTRIFUGAÇÃO (sem COAGULAÇÃO SANGÜÍNEA prévia).
18 Prospectivo: 1. Relativo ao futuro. 2. Suposto, possível; esperado. 3. Relativo à preparação e/ou à previsão do futuro quanto à economia, à tecnologia, ao plano social etc. 4. Em geologia, é relativo à prospecção.
19 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
20 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
21 Estroma: 1. Na anatomia geral e em patologia, é o tecido conjuntivo vascularizado que forma o tecido nutritivo e de sustentação de um órgão, glândula ou de estruturas patológicas. 2. Na anatomia botânica, é a matriz semifluida dos cloroplastos na qual se encontram os grana, grânulos de amido, ribossomas, etc. 3. Em micologia, é a massa de tecido de um fungo, formada a partir de hifas entrelaçadas e que, nos cogumelos, geralmente corresponde à maior parte do corpo.
22 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
23 Gânglios linfáticos: Estrutura pertencente ao sistema linfático, localizada amplamente em diferentes regiões superficiais e profundas do organismo, cuja função consiste na filtração da linfa, maturação e ativação dos linfócitos, que são elementos importantes da defesa imunológica do organismo.
24 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
25 Mitocôndrias: Organelas semi-autônomas que se auto-reproduzem, encontradas na maioria do citoplasma de todas as células, mas não de todos os eucariotos. Cada mitocôndria é envolvida por uma membrana dupla limitante. A membrana interna é altamente invaginada e suas projeções são denominadas cristas. As mitocôndrias são os locais das reações de fosforilação oxidativa, que resultam na formação de ATP. Elas contêm RIBOSSOMOS característicos, RNA DE TRANSFERÊNCIA, AMINOACIL-T RNA SINTASES e fatores de alongação e terminação. A mitocôndria depende dos genes contidos no núcleo das células no qual se encontram muitos RNAs mensageiros essenciais (RNA MENSAGEIRO). Acredita-se que a mitocôndria tenha se originado a partir de bactérias aeróbicas que estabeleceram uma relação simbiótica com os protoeucariotos primitivos.
26 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
27 Metabolismo: É o conjunto de transformações que as substâncias químicas sofrem no interior dos organismos vivos. São essas reações que permitem a uma célula ou um sistema transformar os alimentos em energia, que será ultilizada pelas células para que as mesmas se multipliquem, cresçam e movimentem-se. O metabolismo divide-se em duas etapas: catabolismo e anabolismo.
28 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
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