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Remoção de útero e ovários representa risco cardiovascular extra para mulheres mais jovens

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Um grande estudo apoia o manejo intensivo do risco cardiovascular em mulheres que foram submetidas à histerectomia1, com ou sem ooforectomia2, antes da menopausa3 natural por outros motivos que não a malignidade.

Os achados do China Kadoorie Biobank mostram um risco maior de doença cardiovascular (DCV) incidente4 em mulheres que tiveram uma histerectomia1 isolada ou histerectomia1 com ooforectomia2 bilateral em comparação com mulheres que não foram submetidas a esses procedimentos, de acordo com Ling Yang, PhD, epidemiologista da Universidade de Oxford, na Inglaterra, e colegas.

Além disso, as estimativas pontuais de risco de DCV, estimadas ao longo de um acompanhamento médio de aproximadamente 10 anos, foram ligeiramente maiores em mulheres que foram submetidas à cirurgia antes dos 48 anos, relatou o grupo de Yang no estudo publicado na revista Stroke.

Aquelas que passaram por histerectomia1 e ooforectomia2 pareciam ter excesso de acidente vascular cerebral5 e isquemia6 cardíaca em particular. Não houve diferença no AVC hemorrágico7.

Saiba mais sobre "Histerectomia1 ou retirada do útero8" e "Riscos e benefícios da retirada dos ovários9".

“Os resultados do presente estudo sugerem que as mulheres que foram submetidas a histerectomia1 com ooforectomia2 bilateral, mas também histerectomia1 isolada, devem ser consideradas para triagem mais intensiva de fatores de risco de DCV, particularmente em mulheres mais jovens”, os autores afirmaram.

Para essas pacientes, a terapia de reposição hormonal também pode reduzir os riscos de doença aterosclerótica devida à perda precoce de hormônios endógenos, sugeriu o grupo.

No artigo publicado, os pesquisadores descrevem os riscos de acidente vascular cerebral5 e doença cardíaca após histerectomia1 e ooforectomia2 em mulheres chinesas na pré-menopausa3.

Eles contextualizam que pouco se sabe sobre os riscos a longo prazo de acidente vascular cerebral5 e isquemia6 cardíaca em mulheres que fizeram histerectomia1 isolada (HI) ou com ooforectomia2 bilateral (HOB) para doenças benignas, particularmente na China, onde a carga de doenças cardiovasculares10 (DCV) é alta.

Foram avaliados então os níveis médios de fatores de risco cardiovascular e riscos relativos de acidente vascular cerebral5 e isquemia6 cardíaca em mulheres chinesas que tiveram HI ou HOB.

Um total de 302.510 mulheres, com idades entre 30 e 79 anos, foram inscritas no China Kadoorie Biobank de 2004 a 2008 e acompanhadas por uma média de 9,8 anos. A análise envolveu mulheres na pré-menopausa3 sem doença cardiovascular prévia ou câncer11 no momento da inscrição.

Calculou-se as razões de risco ajustadas para casos incidentes12 de DCV e seus tipos patológicos (AVC isquêmico13, AVC hemorrágico7 e isquemia6 cardíaca) após HI e HOB. As análises foram estratificadas por idade e região e ajustadas para escolaridade, renda familiar, tabagismo, consumo de álcool, atividade física, índice de massa corporal14, pressão arterial sistólica15, diabetes16, saúde17 autorreferida e número de gestações.

Entre 282.722 mulheres elegíveis, 8.478 tiveram HI e 1.360 tiveram HOB. Mulheres que tiveram uma histerectomia1 tiveram risco 9% maior de DCV após a HI (razão de risco, 1,09 [IC 95%, 1,06-1,12]) e risco 19% maior de DCV após HOB (1,19 [IC 95%, 1,12-1,26]) em comparação com mulheres que não tiveram uma histerectomia1.

Ambas HI e HOB foram associadas a maiores riscos de acidente vascular cerebral5 isquêmico13 e isquemia6 cardíaca, mas não a acidente vascular cerebral5 hemorrágico7. Os riscos relativos de DCV associados a HI e HOB foram mais extremos em idade mais jovem na cirurgia.

O estudo concluiu que mulheres que tiveram histerectomia1 isolada ou histerectomia1 com ooforectomia2 bilateral têm maiores riscos de acidente vascular cerebral5 isquêmico13 e isquemia6 cardíaca, e esses riscos devem ser avaliados ao discutir essas intervenções.

Triagem adicional para fatores de risco para doenças cardiovasculares10 deve ser considerada em mulheres após cirurgias de histerectomia1, especialmente se tais operações forem realizadas em idade mais jovem.

Leia sobre "Menopausa3 precoce e menopausa3 tardia", "Doenças cardiovasculares10" e "Sinais18 de doenças cardíacas em mulheres".

 

Fontes:
Stroke, publicação em 13 de julho de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 14 de julho de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Remoção de útero e ovários representa risco cardiovascular extra para mulheres mais jovens. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1421415/remocao-de-utero-e-ovarios-representa-risco-cardiovascular-extra-para-mulheres-mais-jovens.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Histerectomia: Cirurgia através da qual se extrai o útero. Pode ser realizada mediante a presença de tumores ou hemorragias incontroláveis por outras formas. Quando se acrescenta à retirada dos ovários e trompas de Falópio (tubas uterinas) a esta cirurgia, denomina-se anexo-histerectomia.
2 Ooforectomia: Ablação ou retirada de um ou dos dois ovários.
3 Menopausa: Estado fisiológico caracterizado pela interrupção dos ciclos menstruais normais, acompanhada de alterações hormonais em mulheres após os 45 anos.
4 Incidente: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
5 Acidente vascular cerebral: Conhecido popularmente como derrame cerebral, o acidente vascular cerebral (AVC) ou encefálico é uma doença que consiste na interrupção súbita do suprimento de sangue com oxigênio e nutrientes para o cérebro, lesando células nervosas, o que pode resultar em graves conseqüências, como inabilidade para falar ou mover partes do corpo. Há dois tipos de derrame, o isquêmico e o hemorrágico.
6 Isquemia: Insuficiência absoluta ou relativa de aporte sanguíneo a um ou vários tecidos. Suas manifestações dependem do tecido comprometido, sendo a mais frequente a isquemia cardíaca, capaz de produzir infartos, isquemia cerebral, produtora de acidentes vasculares cerebrais, etc.
7 Hemorrágico: Relativo à hemorragia, ou seja, ao escoamento de sangue para fora dos vasos sanguíneos.
8 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
9 Ovários: São órgãos pares com aproximadamente 3cm de comprimento, 2cm de largura e 1,5cm de espessura cada um. Eles estão presos ao útero e à cavidade pelvina por meio de ligamentos. Na puberdade, os ovários começam a secretar os hormônios sexuais, estrógeno e progesterona. As células dos folículos maduros secretam estrógeno, enquanto o corpo lúteo produz grandes quantidades de progesterona e pouco estrógeno.
10 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
11 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
12 Incidentes: 1. Que incide, que sobrevém ou que tem caráter secundário; incidental. 2. Acontecimento imprevisível que modifica o desenrolar normal de uma ação. 3. Dificuldade passageira que não modifica o desenrolar de uma operação, de uma linha de conduta.
13 Isquêmico: Relativo à ou provocado pela isquemia, que é a diminuição ou suspensão da irrigação sanguínea, numa parte do organismo, ocasionada por obstrução arterial ou por vasoconstrição.
14 Índice de massa corporal: Medida usada para avaliar se uma pessoa está abaixo do peso, com peso normal, com sobrepeso ou obesa. É a medida mais usada na prática para saber se você é considerado obeso ou não. Também conhecido como IMC. É calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros. Existe uma tabela da Organização Mundial de Saúde que classifica as medidas de acordo com o resultado encontrado.
15 Pressão arterial sistólica: É a pressão mais elevada (pico) verificada nas artérias durante a fase de sístole do ciclo cardíaco, é também chamada de pressão máxima.
16 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
17 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
18 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
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