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Novo estudo descobriu um mecanismo que pode ser a chave para retardar o crescimento do câncer de pâncreas

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O câncer1 de pâncreas2 é um dos tipos mais graves de câncer1, apresentando uma baixa taxa de sobrevida3 em cinco anos. Muitas vezes, é difícil tratar se a cirurgia não for uma opção. Pesquisadores estão trabalhando para entender como o câncer1 de pâncreas2 funciona para desenvolver métodos de tratamento mais eficazes.

Em um novo estudo, publicado na revista Nature, foi descoberto que desligar o gene específico GREM1 resulta em uma maior disseminação do câncer1 de pâncreas2. Mas ativar o gene novamente pode levar a uma redução na disseminação do câncer1. A descoberta pode levar ao desenvolvimento de tratamentos para o câncer1 de pâncreas2.

Leia sobre "Câncer1 - informações importantes" e "Câncer1 de pâncreas2".

Os pesquisadores usaram camundongos e organoides para examinar a influência de um gene específico na disseminação do câncer1 de pâncreas2. Os organoides são órgãos cultivados sinteticamente e simplificados.

Eles analisaram o tipo mais comum de câncer1 de pâncreas2: adenocarcinoma4 ductal pancreático (ACDP). À medida que esse câncer1 se espalha, ele passa de um certo tipo chamado epitelial para outro tipo chamado mesenquimal5. Essa mudança afeta a agressividade do câncer1 de pâncreas2 e a eficácia dos medicamentos.

Os pesquisadores descobriram que um gene específico, GREM1, era essencial para manter o câncer1 de pâncreas2 no estado epitelial mais estável versus o estado mesenquimal5 mais perigoso. Eles notaram que, entre os camundongos com câncer1 de pâncreas2, quando eles removeram o GREM1, o câncer1 mudou do estado epitelial para o estado mesenquimal5 em poucos dias.

O câncer1 de pâncreas2 metastatizou para o fígado6 em 90% dos camundongos com GREM1 removido. Em comparação, a metástase7 hepática8 foi observada apenas em 15% dos camundongos com GREM1 padrão (“tipo selvagem”).

Em contraste, quando os camundongos superexpressaram o gene GREM1, o câncer1 reverteu ao estado epitelial. As descobertas sugerem que este gene desempenha um papel fundamental em regular se o câncer1 de pâncreas2 se espalha ou não para o resto do corpo e se torna mais perigoso.

O autor do estudo, professor Axel Brehens, observou os destaques dos resultados da pesquisa:

“A principal mensagem do nosso estudo é, a meu ver, que é possível converter um câncer1 pancreático agressivo em uma forma mais tratável. Fizemos isso ligando e desligando um gene específico, GREM1. Pesquisas futuras devem identificar medicamentos que sejam capazes de imitar o que essa proteína faz e converter o tumor9 em uma forma menos agressiva, que então poderia ser melhor tratada.”

No artigo publicado, os pesquisadores descrevem como o gene GREM1 é necessário para manter a heterogeneidade celular no câncer1 de pâncreas2.

Eles contextualizam que o adenocarcinoma4 ductal pancreático (ACDP) mostra populações de células10 cancerosas epiteliais e mesenquimais11 pronunciadas. A heterogeneidade celular no ACDP é uma característica importante na especificação do subtipo da doença, mas como as subpopulações distintas do ACDP interagem e os mecanismos moleculares subjacentes às decisões de destino das células10 do ACDP não são completamente compreendidos.

Neste estudo, identificou-se o inibidor de proteínas12 morfogenéticas ósseas (PMO) GREM1 como um regulador chave da heterogeneidade celular no câncer1 de pâncreas2 em humanos e camundongos.

A inativação do gene Grem1 no ACDP estabelecido em camundongos resultou em uma conversão direta de células10 epiteliais do ACDP em células10 mesenquimais11 em poucos dias, sugerindo que a atividade persistente do GREM1 é necessária para manter as subpopulações epiteliais do ACDP.

Por outro lado, a superexpressão de Grem1 causou uma “epitelização” quase completa do ACDP altamente mesenquimal5, indicando que a alta atividade de GREM1 é suficiente para reverter o destino mesenquimal5 das células10 do ACDP.

Mecanicamente, o Grem1 foi altamente expresso em células10 mesenquimais11 do ACDP e inibiu a expressão dos fatores de transcrição da transição epitelial-mesenquimal5 Snai1 (também conhecido como Snail) e Snai2 (também conhecido como Slug) no compartimento das células10 epiteliais, restringindo a plasticidade epitelial-mesenquimal5.

Assim, a supressão constante da atividade de proteínas12 morfogenéticas ósseas é essencial para manter as células10 epiteliais do adenocarcinoma4 ductal pancreático, indicando que a manutenção da heterogeneidade celular do câncer1 de pâncreas2 requer sinalização parácrina contínua eliciada por um único fator solúvel.

Saiba mais sobre "Oncogênese - Como se dá o processo de formação do câncer1" e "Entendendo o que são metástases13".

 

Fontes:
Nature, publicação em 29 de junho de 2022.
Medical News Today, notícia publicada em 05 de julho de 2022.

 

NEWS.MED.BR, 2022. Novo estudo descobriu um mecanismo que pode ser a chave para retardar o crescimento do câncer de pâncreas. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1420600/novo-estudo-descobriu-um-mecanismo-que-pode-ser-a-chave-para-retardar-o-crescimento-do-cancer-de-pancreas.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.

Complementos

1 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
2 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
3 Sobrevida: Prolongamento da vida além de certo limite; prolongamento da existência além da morte, vida futura.
4 Adenocarcinoma: É um câncer (neoplasia maligna) que se origina em tecido glandular. O termo adenocarcinoma é derivado de “adeno”, que significa “pertencente a uma glândula” e “carcinoma”, que descreve um câncer que se desenvolveu em células epiteliais.
5 Mesenquimal: Relativo ao mesênquima; mesenquimático, mesenquimatoso. Mesênquima, na embriologia, é o tecido mesodérmico embrionário dos vertebrados, pouco diferenciado, que origina os tecidos conjuntivos no adulto. Na anatomia geral, no adulto, é o tecido conjuntivo comum e indiferenciado.
6 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
7 Metástase: Formação de tecido tumoral, localizada em um lugar distante do sítio de origem. Por exemplo, pode se formar uma metástase no cérebro originário de um câncer no pulmão. Sua gravidade depende da localização e da resposta ao tratamento instaurado.
8 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
9 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
10 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
11 Mesenquimais: Relativo ao mesênquima; mesenquimático, mesenquimatoso. Mesênquima, na embriologia, é o tecido mesodérmico embrionário dos vertebrados, pouco diferenciado, que origina os tecidos conjuntivos no adulto. Na anatomia geral, no adulto, é o tecido conjuntivo comum e indiferenciado.
12 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
13 Metástases: Formação de tecido tumoral, localizada em um lugar distante do sítio de origem. Por exemplo, pode se formar uma metástase no cérebro originário de um câncer no pulmão. Sua gravidade depende da localização e da resposta ao tratamento instaurado.
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