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Maior tempo de tela em crianças de 1 ano de idade foi associado a transtorno do espectro autista aos 3 anos de idade, mas apenas em meninos

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A duração do tempo de tela em crianças de 1 ano de idade está associada ao transtorno do espectro autista aos 3 anos de idade?

Não está claro até que ponto a duração do tempo de tela na infância está associada ao diagnóstico1 subsequente de transtorno do espectro autista.

O objetivo deste estudo, publicado pelo JAMA Pediatrics, foi examinar a associação entre o tempo de tela na infância e o desenvolvimento do transtorno do espectro autista aos 3 anos de idade.

Saiba mais sobre "Transtornos do espectro autista", "Autismo" e "Manual de orientação da SBP: menos telas, mais saúde2".

O estudo de coorte3 analisou dados de díades mãe-filho em uma grande coorte4 de nascimentos no Japão. Foram incluídas crianças nascidas de mulheres recrutadas entre janeiro de 2011 e março de 2014, e os dados foram analisados em dezembro de 2020. O estudo foi conduzido pelo Japan Environment and Children’s Study Group em colaboração com 15 centros regionais em todo o Japão.

A exposição do estudo foi o tempo de tela com 1 ano de idade.

A variável de desfecho, crianças diagnosticadas com transtorno do espectro autista aos 3 anos de idade, foi avaliada por meio de um questionário aplicado às mães das crianças participantes.

Foram analisadas 84.030 díades mãe-filho. A prevalência5 de crianças com transtorno do espectro autista aos 3 anos de idade foi de 392 por 100.000 (0,4%), e os meninos tiveram 3 vezes mais chances de serem diagnosticados com transtorno do espectro autista do que as meninas.

A análise de regressão logística mostrou que, entre os meninos, quando “sem uso de tela” foi a referência, os odds ratio ajustados foram os seguintes:

  • menos de 1 hora, odds ratio, 1,38 (IC 95%, 0,71-2,69; P = 0,35);
  • 1 hora a menos de 2 horas, odds ratio, 2,16 (IC 95%, 1,13-4,14; P = 0,02);
  • 2 horas a menos de 4 horas, odds ratio, 3,48 (IC 95%, 1,83-6,65; P <0,001);
  • e mais de 4 horas, odds ratio, 3,02 (IC 95%, 1,44-6,34; P = 0,04).

Entre as meninas, no entanto, não houve associação entre transtorno do espectro autista e tempo de tela.

O estudo concluiu que, entre os meninos, o maior tempo de tela ao 1 ano de idade foi significativamente associado ao transtorno do espectro autista aos 3 anos de idade. Com o rápido aumento no uso de dispositivos, é necessário revisar os efeitos do tempo de tela na saúde2 dos bebês6 e controlar o tempo excessivo de tela.

Recomenda-se, portanto, orientação sobre o tempo de tela apropriado na infância.

Veja sobre "Autismo: como reconhecer os sintomas7 precoces" e "Estereotipias - como elas são".

 

Fonte: JAMA Pediatrics, publicação em 31 de janeiro de 2022. (doi:10.1001/jamapediatrics.2021.5778)

 

NEWS.MED.BR, 2022. Maior tempo de tela em crianças de 1 ano de idade foi associado a transtorno do espectro autista aos 3 anos de idade, mas apenas em meninos. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1411955/maior-tempo-de-tela-em-criancas-de-1-ano-de-idade-foi-associado-a-transtorno-do-espectro-autista-aos-3-anos-de-idade-mas-apenas-em-meninos.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.

Complementos

1 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
2 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
3 Estudo de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
4 Coorte: Grupo de indivíduos que têm algo em comum ao serem reunidos e que são observados por um determinado período de tempo para que se possa avaliar o que ocorre com eles. É importante que todos os indivíduos sejam observados por todo o período de seguimento, já que informações de uma coorte incompleta podem distorcer o verdadeiro estado das coisas. Por outro lado, o período de tempo em que os indivíduos serão observados deve ser significativo na história natural da doença em questão, para que haja tempo suficiente do risco se manifestar.
5 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
6 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
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