Baixa função pulmonar está associada a pior saúde física e cognitiva
A capacidade pulmonar é um marcador mensurável simples da saúde1 pulmonar. A baixa função pulmonar está associada a alta mortalidade2 e desfechos cardiopulmonares adversos. Menos se sabe sobre sua associação com índices de saúde1 mais amplos, como sintomas3 respiratórios autorrelatados, percepção geral de saúde1 e desempenho cognitivo4 e físico.
O presente estudo, publicado pela revista PLOS Medicine, buscou abordar a associação entre o volume expiratório forçado no primeiro segundo5 (VEF1), um indicador da função pulmonar, com marcadores amplos de saúde1 geral, relevantes para a trajetória do envelhecimento na população geral.
Saiba mais sobre "O que é respirar normalmente" e "O que é espirometria6 e para que ela serve".
Da população geral canadense, 22.822 adultos (58% do sexo feminino, idade média de 58,8 anos [desvio padrão {DP} 9,6]) foram inscritos a partir da comunidade, de 11 cidades canadenses e 7 províncias, entre junho de 2012 e abril de 2015.
A regressão de efeitos mistos foi usada para avaliar a relação transversal entre VEF1 com sintomas3 respiratórios autorrelatados, percepção de saúde1 geral ruim e desempenho cognitivo4 e físico. Todas as associações foram ajustadas para idade, sexo, índice de massa corporal7 (IMC8), escolaridade, tabagismo e comorbidades9 autorrelatadas e expressas como odds ratio ajustado (aORs).
Com base nos valores de referência da Global Lung Function Initiative (GLI), 38% (n = 8.626) tinham VEF1 normal (z-scores >0), 37% (n = 8.514) levemente baixo (z-score 0 a >-1 DP), 19% (n = 4.353) moderadamente baixo (z-score -1 a >-2 DP) e 6% (n = 1.329) VEF1 gravemente baixo (z-score = <-2 DP).
Houve uma associação gradual entre menor VEF1 com maior aOR [IC 95%] de sintomas3 respiratórios moderados a graves autorreferidos (VEF1 leve 1,09 [0,99 a 1,20] p = 0,08, moderado 1,45 [1,28 a 1,63] p<0,001, e grave 2,67 [2,21 a 3,23] p<0,001]), percepção de saúde1 ruim (leve 1,07 [0,9 a 1,27] p = 0,45, moderado 1,48 [1,24 a 1,78] p <0,001 e grave 1,82 [1,42 a 2,33] p<0,001]) e desempenho cognitivo4 prejudicado (leve 1,03 [0,95 a 1,12] p = 0,41, moderado 1,16 [1,04 a 1,28] p<0,001 e grave 1,40 [1,19 a 1,64] p<0,001]).
Associação graduada semelhante foi observada entre menor VEF1 com menor desempenho físico na velocidade da marcha, teste Timed Up and Go (TUG), equilíbrio em pé e força de preensão manual.
Essas associações foram consistentes em diferentes estratos por idade, sexo, tabagismo, comprometimento obstrutivo e não obstrutivo na espirometria6. Uma limitação do presente estudo é a natureza observacional desses achados e que a causalidade não pode ser inferida.
Observou-se, portanto, associações graduais entre VEF1 mais baixo com maiores chances de sintomas3 respiratórios incapacitantes, percepção de saúde1 geral ruim e menor desempenho cognitivo4 e físico. Esses achados apoiam as implicações mais amplas da medida da função pulmonar na saúde1 geral e na trajetória do envelhecimento.
Leia sobre "O processo de envelhecimento", "Doença pulmonar obstrutiva crônica" e "Fisioterapia10 respiratória".
Fonte: PLOS Medicine, publicação em 09 de fevereiro de 2022.