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Estudo confirmou a ligação entre isquemia miocárdica induzida por estresse mental e eventos cardiovasculares em pessoas com doença coronariana estável

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A isquemia1 miocárdica induzida por estresse mental é um fenômeno reconhecido em pacientes com doença arterial coronariana (DAC), mas seu significado clínico na era clínica contemporânea não foi investigado.

O objetivo deste estudo, publicado no JAMA, foi comparar a associação de isquemia1 induzida por estresse mental ou convencional com eventos cardiovasculares adversos em pacientes com DAC.

Foi realizada uma análise agrupada de 2 estudos de coorte2 prospectivos de pacientes com DAC estável de uma rede de hospitais universitários em Atlanta, Geórgia: o Mental Stress Ischemia Prognosis Study (MIPS) e o Myocardial Infarction and Mental Stress Study 2 (MIMS2). Os participantes foram inscritos entre junho de 2011 e março de 2016 (último acompanhamento, fevereiro de 2020).

Leia sobre "Doenças cardiovasculares3", "Doença arterial coronariana" e "Estresse".

A exposição do estudo foi a provocação de isquemia1 miocárdica com teste de estresse mental padronizado (tarefa de falar em público) e com teste de estresse convencional (exercício ou farmacológico), utilizando tomografia computadorizada4 por emissão de fóton único.

O desfecho primário foi um composto de morte cardiovascular ou primeiro infarto do miocárdio5 não fatal ou recorrente. O desfecho secundário adicionalmente incluiu hospitalizações por insuficiência cardíaca6.

Dos 918 pacientes no conjunto total da amostra (idade média, 60 anos; 34% mulheres), 618 participaram do MIPS e 300 do MIMS2. Destes, 147 pacientes (16%) tinham isquemia1 induzida por estresse mental, 281 (31%) isquemia1 de estresse convencional e 96 (10%) tinham ambas.

Ao longo de um acompanhamento médio de 5 anos, o desfecho primário ocorreu em 156 participantes. A taxa de eventos combinados foi de 6,9 ​​por 100 pacientes-ano entre os pacientes com e de 2,6 por 100 pacientes-ano entre os pacientes sem isquemia1 induzida por estresse mental.

A razão de risco (HR) ajustada multivariável para pacientes7 com vs aqueles sem isquemia1 induzida por estresse mental foi de 2,5 (IC de 95%, 1,8-3,5). Em comparação com pacientes sem isquemia1 (taxa de eventos, 2,3 por 100 pacientes-ano), os pacientes com isquemia1 induzida por estresse mental isoladamente tiveram um risco significativamente aumentado (taxa de eventos, 4,8 por 100 pacientes-ano; HR, 2,0; IC de 95%, 1,1-3,7), assim como os pacientes com isquemia1 de estresse mental e isquemia1 de estresse convencional (taxa de eventos, 8,1 por 100 pacientes-ano; HR, 3,8; IC de 95%, 2,6-5,6).

Pacientes com isquemia1 de estresse convencional isoladamente não tiveram um risco significativamente aumentado (taxa de eventos, 3,1 por 100 pacientes-ano; HR, 1,4; IC de 95%, 0,9-2,1). Pacientes com isquemia1 de estresse mental e isquemia1 de estresse convencional tiveram um risco elevado em comparação com pacientes com isquemia1 de estresse convencional isolada (HR, 2,7; IC de 95%, 1,7-4,3).

O desfecho secundário ocorreu em 319 participantes. A taxa de eventos foi de 12,6 por 100 pacientes-ano para pacientes7 com e 5,6 por 100 pacientes-ano para pacientes7 sem isquemia1 induzida por estresse mental (HR ajustada, 2,0; IC de 95%, 1,5-2,5).

Entre os pacientes com doença arterial coronariana estável, a presença de isquemia1 induzida por estresse mental, em comparação com nenhuma isquemia1 induzida por estresse mental, foi significativamente associada a um risco aumentado de morte cardiovascular ou infarto do miocárdio5 não fatal.

Embora esses achados possam fornecer informações sobre os mecanismos de isquemia1 miocárdica, pesquisas adicionais são necessárias para avaliar se o teste de isquemia1 induzida por estresse mental tem valor clínico.

Veja também sobre "Infarto do miocárdio5", "Insuficiência cardíaca congestiva8" e "Sete passos para um coração9 saudável".

 

Fonte: JAMA, publicação em 09 de novembro de 2021. (doi:10.1001/jama.2021.17649)

 

NEWS.MED.BR, 2021. Estudo confirmou a ligação entre isquemia miocárdica induzida por estresse mental e eventos cardiovasculares em pessoas com doença coronariana estável. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1405435/estudo-confirmou-a-ligacao-entre-isquemia-miocardica-induzida-por-estresse-mental-e-eventos-cardiovasculares-em-pessoas-com-doenca-coronariana-estavel.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.

Complementos

1 Isquemia: Insuficiência absoluta ou relativa de aporte sanguíneo a um ou vários tecidos. Suas manifestações dependem do tecido comprometido, sendo a mais frequente a isquemia cardíaca, capaz de produzir infartos, isquemia cerebral, produtora de acidentes vasculares cerebrais, etc.
2 Estudos de coorte: Um estudo de coorte é realizado para verificar se indivíduos expostos a um determinado fator apresentam, em relação aos indivíduos não expostos, uma maior propensão a desenvolver uma determinada doença. Um estudo de coorte é constituído, em seu início, de um grupo de indivíduos, denominada coorte, em que todos estão livres da doença sob investigação. Os indivíduos dessa coorte são classificados em expostos e não-expostos ao fator de interesse, obtendo-se assim dois grupos (ou duas coortes de comparação). Essas coortes serão observadas por um período de tempo, verificando-se quais indivíduos desenvolvem a doença em questão. Os indivíduos expostos e não-expostos devem ser comparáveis, ou seja, semelhantes quanto aos demais fatores, que não o de interesse, para que as conclusões obtidas sejam confiáveis.
3 Doenças cardiovasculares: Doença do coração e vasos sangüíneos (artérias, veias e capilares).
4 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
5 Infarto do miocárdio: Interrupção do suprimento sangüíneo para o coração por estreitamento dos vasos ou bloqueio do fluxo. Também conhecido por ataque cardíaco.
6 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
7 Para pacientes: Você pode utilizar este texto livremente com seus pacientes, inclusive alterando-o, de acordo com a sua prática e experiência. Conheça todos os materiais Para Pacientes disponíveis para auxiliar, educar e esclarecer seus pacientes, colaborando para a melhoria da relação médico-paciente, reunidos no canal Para Pacientes . As informações contidas neste texto são baseadas em uma compilação feita pela equipe médica da Centralx. Você deve checar e confirmar as informações e divulgá-las para seus pacientes de acordo com seus conhecimentos médicos.
8 Insuficiência Cardíaca Congestiva: É uma incapacidade do coração para efetuar as suas funções de forma adequada como conseqüência de enfermidades do próprio coração ou de outros órgãos. O músculo cardíaco vai diminuindo sua força para bombear o sangue para todo o organismo.
9 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
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