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Uso de terapia hormonal na menopausa não foi associado a riscos aumentados de desenvolver demência em geral

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A menopausa1 geralmente se manifesta em uma variedade de sintomas2 mentais e físicos, como ondas de calor, distúrbios do sono, depressão ou disfunção cognitiva3, e cerca de 80% das mulheres na menopausa1 são afetadas por esses sintomas2. Destas mulheres, cerca de 70% apresentam sintomas2 que também podem estar associados a avisos de declínio neurológico futuro.

Os hormônios sexuais, e particularmente o estrogênio, demonstraram ter um efeito neuroprotetor, portanto, o declínio das concentrações desses hormônios pode contribuir para o desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.

Embora a gravidade dos sintomas2 da menopausa1 difira amplamente na população feminina, a prescrição de estrogênio para pelo menos algumas pacientes foi descrita como “apropriada e necessária”.

Foi nesse contexto que, em estudo publicado no The British Medical Journal, pesquisadores buscaram avaliar os riscos de desenvolver demência4 associado a diferentes tipos e durações de terapia hormonal na menopausa1.

Saiba mais sobre "Menopausa1", "Terapia de Reposição Hormonal ou TRH" e "Demência4".

Foram realizados dois estudos de caso-controle aninhados em clínicas gerais do Reino Unido que contribuem para o QResearch ou o Clinical Practice Research Datalink (CPRD), usando todas as ligações para dados de hospitais, mortalidade5 e privação social.

Os participantes incluíram 118.501 mulheres com 55 anos ou mais com um diagnóstico6 primário de demência4 entre 1998 e 2020, pareadas por idade, clínica geral de atendimento e data índice com 497.416 mulheres controles.

As principais medidas de desfecho foram diagnósticos de demência4 dados por uma clínica geral, mortalidade5 e registros hospitalares; além de odds ratios para tratamentos hormonais da menopausa1 ajustados para dados demográficos, tabagismo, consumo de álcool, comorbidades7, história familiar e outros medicamentos prescritos.

No geral, 16.291 (14%) mulheres com diagnóstico6 de demência4 e 68.726 (14%) controles haviam usado terapia hormonal na menopausa1 mais de três anos antes da data índice. No geral, não foram observados riscos aumentados de desenvolver demência4 associados à terapia hormonal da menopausa1.

Uma diminuição do risco global de demência4 foi encontrada entre os casos e controles com menos de 80 anos que estavam recebendo terapia apenas com estrogênio por 10 anos ou mais (odds ratio ajustada de 0,85, intervalo de confiança de 95% 0,76 a 0,94).

Riscos aumentados de desenvolver especificamente a doença de Alzheimer8 foram encontrados entre mulheres que usaram terapia com estrogênio-progestogênio por entre cinco e nove anos (1,11, 1,04 a 1,20) e por 10 anos ou mais (1,19, 1,06 a 1,33). Isso foi equivalente a, respectivamente, cinco e sete casos extras por 10.000 mulheres/ano.

Também foram fornecidas associações de risco detalhadas para os progestogênios específicos estudados.

Este estudo fornece estimativas para os riscos de desenvolver demência4 e doença de Alzheimer8 em mulheres expostas a diferentes tipos de terapia hormonal da menopausa1 por durações diferentes e não mostrou riscos aumentados de desenvolver demência4 em geral. Ele mostrou um risco ligeiramente aumentado de desenvolver a doença de Alzheimer8 entre as usuárias de longo prazo de terapias de estrogênio-progestogênio.

Leia sobre "Doenças degenerativas9", "Mal de Alzheimer10" e "Distúrbio neurocognitivo".

 

Fonte: The British Medical Journal, publicação em 30 de setembro de 2021.

 

NEWS.MED.BR, 2021. Uso de terapia hormonal na menopausa não foi associado a riscos aumentados de desenvolver demência em geral. Disponível em: <https://www.news.med.br/p/medical-journal/1403645/uso-de-terapia-hormonal-na-menopausa-nao-foi-associado-a-riscos-aumentados-de-desenvolver-demencia-em-geral.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.

Complementos

1 Menopausa: Estado fisiológico caracterizado pela interrupção dos ciclos menstruais normais, acompanhada de alterações hormonais em mulheres após os 45 anos.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Cognitiva: 1. Relativa ao conhecimento, à cognição. 2. Relativa ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
4 Demência: Deterioração irreversível e crônica das funções intelectuais de uma pessoa.
5 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
6 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
7 Comorbidades: Coexistência de transtornos ou doenças.
8 Doença de Alzheimer: É uma doença progressiva, de causa e tratamentos ainda desconhecidos que acomete preferencialmente as pessoas idosas. É uma forma de demência. No início há pequenos esquecimentos, vistos pelos familiares como parte do processo normal de envelhecimento, que se vão agravando gradualmente. Os pacientes tornam-se confusos e por vezes agressivos, passando a apresentar alterações da personalidade, com distúrbios de conduta e acabam por não reconhecer os próprios familiares e até a si mesmos quando colocados frente a um espelho. Tornam-se cada vez mais dependentes de terceiros, iniciam-se as dificuldades de locomoção, a comunicação inviabiliza-se e passam a necessitar de cuidados e supervisão integral, até mesmo para as atividades elementares como alimentação, higiene, vestuário, etc..
9 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
10 Alzheimer: Doença degenerativa crônica que produz uma deterioração insidiosa e progressiva das funções intelectuais superiores. É uma das causas mais freqüentes de demência. Geralmente começa a partir dos 50 anos de idade e tem incidência similar entre homens e mulheres.
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