O propionato atenua a aterosclerose por regulação imunodependente do metabolismo do colesterol intestinal
A doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA) é uma das principais causas de mortalidade1 e morbidade2 em todo o mundo, e o aumento das lipoproteínas de baixa densidade (LDLs) desempenha um papel crítico no desenvolvimento e progressão da aterosclerose3.
Neste estudo, publicado pelo European Heart Journal, examinou-se pela primeira vez os efeitos imunomoduladores intestinais do ácido propiônico (AP), um metabólito4 derivado da microbiota5, no metabolismo6 do colesterol7 intestinal.
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Usando estudos de modelos humanos e animais, demonstrou-se que o tratamento com AP reduz os níveis de colesterol7 total e LDL9 no sangue10. Em camundongos com apolipoproteína E -/- (Apoe -/-) alimentados com uma dieta rica em gordura11 (DRG), o AP reduziu a absorção intestinal de colesterol7 e a área de lesão12 aterosclerótica aórtica.
Além disso, o AP aumentou o número de células13 T regulatórias e os níveis de interleucina (IL)-10 no microambiente intestinal, que por sua vez suprimiu a expressão de Niemann-Pick C1-like 1 (Npc1l1), um importante transportador de colesterol7 intestinal.
O bloqueio da sinalização do receptor de IL-10 atenuou a redução relacionada ao AP no colesterol7 total e LDL9 e aumentou a gravidade da lesão12 aterosclerótica nos camundongos Apoe -/- alimentados com DRG.
Para traduzir esses achados pré-clínicos para humanos, conduziu-se um estudo humano randomizado14, duplo-cego e controlado por placebo15.
A suplementação16 oral com 500 mg de AP duas vezes ao dia ao longo de 8 semanas reduziu significativamente os níveis de colesterol7 LDL9 (15,9 mg/dL17 [-8,1%] vs. -1,6 mg/dL17 [-0,5%], P = 0,016), colesterol7 total (-19,6 mg/dL17 [-7,3%] vs. -5,3 mg/dL17 [-1,7%], P = 0,014) e colesterol7 de lipoproteína de não alta densidade (AP vs. placebo15: -18,9 mg/dL17 [-9,1%] vs. -0,6 mg/dL17 [-0,5%], P = 0,002] em indivíduos com níveis basais de colesterol7 LDL9 elevados.
Os resultados revelam uma nova via imunomediada que liga o metabólito4 derivado da microbiota5 intestinal ácido propiônico com a expressão intestinal de Npc1l1 e homeostase do colesterol7.
Os resultados destacam o sistema imunológico18 intestinal como um potencial alvo terapêutico para controlar a dislipidemia que pode introduzir um novo caminho para a prevenção da doença cardiovascular aterosclerótica.
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Fonte: European Heart Journal, publicação em 01 de outubro de 2021.