Mulheres com infertilidade enfrentam depressão e ansiedade na meia-idade
Mulheres com histórico de infertilidade1, especialmente aquelas que nunca tiveram filhos, eram mais propensas a desenvolver depressão e ansiedade na meia-idade do que mulheres sem infertilidade1, segundo um novo estudo.
Mulheres com infertilidade1, incluindo aquelas que não engravidaram depois de tentar por pelo menos 1 ano, tiveram um risco aumentado de sintomas2 depressivos antes da menopausa3, relatou Victoria Fitz, MD, do Massachusetts General Hospital, em Boston.
Mulheres incapazes de ter filhos – que não tiveram filhos involuntariamente – enfrentaram um risco ainda maior de depressão que antecedeu a menopausa3, disse Fitz na apresentação do estudo no encontro anual da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva.
Mulheres com histórico de infertilidade1 também tiveram um risco aumentado de ansiedade durante a transição da menopausa3, assim como aquelas que não tiveram filhos involuntariamente.
Uma história de infertilidade1 ou de não ter filhos involuntariamente não foi associada ao aumento dos sintomas2 vasomotores ou vaginais durante a transição da menopausa3.
Os prestadores de cuidados primários e ginecologistas devem estar cientes de um potencial risco aumentado de ansiedade e depressão entre pacientes com infertilidade1 para que possam receber a triagem apropriada, disse Fitz.
“Não acho que tenha pensado na infertilidade1 como sinalizadora de um motivo para realizar em alguém um exame completo de depressão”, disse Fitz. “Isso poderia ser visto como um fator de risco4 se for confirmado em mais estudos”.
Ela acrescentou que era “tranquilizador” que as pacientes com infertilidade1 não apresentassem riscos aumentados de sintomas2 vasomotores ou vaginais durante a menopausa3.
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No resumo do estudo, divulgado pela American Society for Reproductive Medicine, os pesquisadores contextualizam que os dados sobre a experiência da menopausa3 em mulheres com histórico de infertilidade1 são limitados.
O objetivo, portanto, foi determinar se mais mulheres com história de infertilidade1 ou que não tiveram filho involuntariamente relatam sintomas2 da menopausa3 do que mulheres sem infertilidade1.
Dados longitudinais de 16 anos de acompanhamento foram analisados a partir de participantes da coorte6 Study of Women's Health Across the Nation (SWAN), excluindo participantes com falta de informações sobre gravidez7, histórico de fertilidade, uso de hormônios sistêmicos8 ou diabetes9.
As participantes que relataram histórico de infertilidade1 e nuliparidade foram consideradas involuntariamente sem filhos (ISF). Sintomas2 vasomotores, relacionados ao sono e depressivos e ansiosos foram avaliados nas visitas de acompanhamento.
Os sintomas2 vasomotores (SVM) foram avaliados usando recordatório de 2 semanas e definidos como qualquer vs nenhum. Sintomas2 depressivos elevados foram definidos como uma pontuação R16 na escala de depressão do Center for Epidemiological Studies. A ansiedade foi definida como uma pontuação R5 na escala 7 do Transtorno de Ansiedade Generalizada. Os problemas de sono foram definidos como responder sim à pergunta “problemas para dormir 3 ou mais vezes por semana”.
As covariáveis incluíram local do estudo, índice de massa corporal10 (IMC11), raça/etnia, estado civil, educação, dificuldade em pagar custos básicos, status de seguro de saúde12 e uso de contraceptivos orais.
Os sintomas2 foram rastreados ao longo dos estágios de transição da menopausa3. Os dados foram analisados por meio de testes de Kruskal-Wallis e qui-quadrado conforme apropriado, com modelos logbinomiais multivariáveis com variância robusta para estimar razões de risco (RR) e intervalos de confiança (IC) de 95%.
Entre as 3.061 participantes, 600 (19,6%) relataram infertilidade1 e tiveram filhos, enquanto 172 (4,1%) eram ISF. As mulheres ISF eram mais jovens, tinham IMC11 mais baixo, eram mais propensas a serem caucasianas, casadas, ter mais educação e não ter dificuldades para pagar custos básicos do que as mulheres sem histórico de infertilidade1 ou aquelas que relataram infertilidade1, mas tiveram filhos.
Comparado à ausência de infertilidade1, infertilidade1 e ISF não foram associados com SVM em nenhum estágio da menopausa3 (RR 1,01, IC 0,90, 1,12 para infertilidade1 e RR 1,05, IC 0,87, 1,28 para ISF). Nenhuma associação foi observada com problemas de sono e infertilidade1 ou ISF.
Mulheres com infertilidade1 (RR 1,25, IC 1,06, 1,49) e ISF (RR 1,44, IC 1,05, 1,97) estavam em maior risco de sintomas2 depressivos na pré-menopausa3 em comparação com o grupo sem infertilidade1, ajustando para uso de contraceptivos orais, estado civil, dificuldade para pagar custos básicos, seguro de saúde12, educação, raça/etnia e local.
Além disso, um maior risco de ansiedade foi observado em mulheres ISF na pós-menopausa3 em comparação com participantes não inférteis (RR 1,38, IC 1,06, 1,79).
Esses achados confirmam que uma história de infertilidade1 ou de não ter filhos involuntariamente está associada a sintomas2 depressivos na meia-idade, com maior risco na fase pré-menopausa3, enquanto não ter filhos involuntariamente está associado à ansiedade na pós-menopausa3.
As informações sobre o impacto da infertilidade1 durante a experiência da menopausa3 são limitadas. Os resultados sugerem que as mulheres com infertilidade1 não estão em maior risco de sintomas2 vasomotores ou problemas de sono durante a experiência da menopausa3, mas estão em maior risco de sintomas2 depressivos e ansiedade, sugerindo implicações para os cuidados na meia-idade.
Leia sobre "Menopausa3", "Depressão maior" e "Transtorno de ansiedade generalizada".
Fontes:
American Society for Reproductive Medicine 2022 Congress, em 25 de outubro de 2022.
MedPage Today, notícia publicada em 26 de outubro de 2022.