Análise mostra como uma população rara de células cancerosas contribui para a recaída da doença
A maioria das mortes relacionadas ao câncer1 não ocorre a partir do primeiro tumor2 que surge em um paciente, mas de cânceres que reaparecem meses ou anos após o tratamento.
Os cientistas acreditam que um grupo de células3 cancerosas raras, chamadas células3 persistentes, pode contribuir para essa recorrência4. As células3 persistentes representam apenas uma fração das células3 cancerosas; como o nome sugere, elas persistem apesar do tratamento com drogas, podem sobreviver no corpo tempo suficiente para ganhar novas mutações que as permitem escapar dos medicamentos e, em última análise, levam ao crescimento recorrente do tumor2.
Agora, uma equipe de pesquisadores da Harvard Medical School e do Broad Institute de MIT e Harvard mostrou que uma pequena fração das células3 persistentes, chamadas células3 persistentes cíclicas, não apenas sobrevivem quando expostas a drogas contra o câncer1, mas mantêm a capacidade de crescer e se multiplicar até mesmo sob constante tratamento medicamentoso.
Para o estudo, a equipe desenvolveu um novo sistema para rastrear essas células3 e defini-las com genômica de célula5 única. A análise identificou características-chave que podem tornar as células3 resistentes ao tratamento e as vias bioquímicas que as células3 usam para crescer.
As descobertas, publicadas na revista Nature, podem ajudar a explicar por que tantos tratamentos contra o câncer1 promissores em laboratório falham nos testes clínicos. A equipe sugere que novas terapias que têm como alvo essas células3 persistentes podem atrasar ou prevenir a recorrência4 da doença.
“Este trabalho nos dá uma visão6 sem precedentes sobre a dinâmica das mudanças do estado celular após o tratamento com drogas”, disse Joan Brugge, professora de Biologia Celular da HMS e co-autora sênior7 do artigo. “Esse tipo de informação é crítica para o desenvolvimento de estratégias para prevenir a resistência à terapia, que é algo que limita severamente a eficácia da maioria das terapêuticas direcionadas hoje”, disse Brugge.
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No artigo, os pesquisadores mostram como as células3 cancerosas persistentes cíclicas surgem de linhagens com programas distintos.
Mecanismos não genéticos surgiram recentemente como importantes impulsionadores do fracasso da terapia do câncer1, onde algumas células3 cancerosas podem entrar em um estado persistente reversível e tolerante a drogas em resposta ao tratamento.
Embora a maioria das células3 persistentes do câncer1 permaneça presa na presença da droga, um subconjunto raro pode voltar a entrar no ciclo celular sob o tratamento com drogas constitutivas.
Pouco se sabe sobre os mecanismos não genéticos que permitem que as células3 cancerosas persistentes mantenham a capacidade proliferativa na presença de drogas. Para estudar esta população persistente proliferativa rara, transitoriamente resistente, os pesquisadores desenvolveram a Watermelon, uma biblioteca lentiviral de código de barras expresso de alta complexidade para rastreamento simultâneo da origem clonal de cada célula5 e dos estados proliferativos e transcricionais.
Neste estudo, mostrou-se que as células3 persistentes cíclicas e não cíclicas surgem de diferentes linhagens celulares com programas transcricionais e metabólicos distintos.
A regulação positiva dos programas de genes antioxidantes e uma mudança metabólica para a oxidação de ácidos graxos estão associadas à capacidade proliferativa persistente em vários tipos de câncer1.
Impedir o estresse oxidativo ou a reprogramação metabólica altera a fração de células3 persistentes cíclicas.
Em tumores humanos, os programas associados às células3 persistentes cíclicas são induzidos na doença residual mínima em resposta a múltiplas terapias direcionadas.
O sistema Watermelon permitiu a identificação de linhagens raras de persistência que estão preferencialmente posicionadas para proliferar sob pressão de medicamentos, expondo assim novas vulnerabilidades que podem ser direcionadas para retardar ou até mesmo prevenir a recorrência4 da doença.
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Fontes:
Nature, publicação em 11 de agosto de 2021.
Harvard Medical School, notícia publicada em 11 de agosto de 2021.