Indivíduos com defeitos congênitos importantes têm risco aumentado de câncer, que persiste na vida adulta
Estudo publicado no The British Medical Journal buscou examinar as associações entre defeitos congênitos1 e câncer2 desde o nascimento até a idade adulta.
O estudo de caso-controle aninhado de base populacional utilizou dados dos registros nacionais de saúde3 na Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia. Foram analisados 62.295 casos de câncer2 (0-46 anos) e 724.542 controles pareados por frequência (pareados por país e ano de nascimento), nascidos entre 1967 e 2014.
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A principal medida de desfecho foi o risco relativo de câncer2 em relação aos principais defeitos congênitos1, estimado como odds ratio com intervalos de confiança de 99% a partir de modelos de regressão logística.
Ao todo, 3,5% (2.160 / 62.295) dos casos e 2,2% (15.826 / 724.542) dos controles nasceram com defeitos congênitos1 importantes. O odds ratio de câncer2 para pessoas com defeitos congênitos1 importantes, em comparação com aquelas sem, foi de 1,74 (intervalo de confiança de 99%, 1,63-1,84).
Para indivíduos com defeitos congênitos1 não cromossômicos, a razão de chances de câncer2 foi de 1,54 (1,44-1,64); para aqueles com anomalias cromossômicas, a razão de chances foi de 5,53 (4,67-6,54).
Muitos defeitos congênitos1 estruturais foram associados a câncer2 posterior no mesmo sistema orgânico ou localização anatômica, como defeitos do olho5, sistema nervoso6 e órgãos urinários.
A razão de chances de câncer2 aumentou com o número de defeitos e diminuiu com a idade, tanto para anomalias não cromossômicas quanto cromossômicas. A razão de chances de câncer2 em pessoas com qualquer defeito congênito7 não cromossômico foi menor em adultos (≥20 anos: 1,21, 1,09-1,33) do que em adolescentes (15-19 anos: 1,58, 1,31-1,90) e crianças (0-14 anos: 2,03, 1,85-2,23). O risco geral relativo de câncer2 entre adultos com anomalias cromossômicas foi significativamente reduzido de 11,3 (9,35-13,8) em crianças para 1,50 (1,01-2,24).
Entre adultos, displasia8 esquelética (odds ratio 3,54, 1,54-8,15), defeitos do sistema nervoso6 (1,76, 1,16-2,65), anomalias cromossômicas (1,50, 1,01-2,24), defeitos de órgãos genitais (1,43, 1,14-1,78) e defeitos congênitos1 do coração9 (1,28, 1,02-1,59) foram associados ao risco geral de câncer2.
O estudo concluiu que o aumento do risco de câncer2 em indivíduos com defeitos congênitos1 persistiu na idade adulta, tanto para anomalias cromossômicas quanto não cromossômicas. Mais estudos sobre os mecanismos moleculares envolvidos são necessários.
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Fonte: The British Medical Journal, publicação em 02 de dezembro de 2020.