Hipertensão na meia-idade foi associada ao aumento do risco de danos cerebrais mais tarde na vida
Dados de mais de 37 mil pacientes no estudo UK Biobank, do Reino Unido, sugerem que a hipertensão1 na meia-idade estava associada a um risco aumentado de hiperintensidades da substância branca mais tarde na vida.
Hiperintensidades da substância branca (HSB) progridem com a idade e hipertensão1, mas o período chave de exposição à pressão arterial2 (PA) elevada e o papel relativo da PA sistólica (PAS) vs. PA diastólica (PAD) permanecem obscuros.
Uma nova pesquisa do Wolfson Centre for Prevention of Stroke and Dementia da Universidade de Oxford, publicada no European Heart Journal, visou a determinar a relação entre HSB e PA atual vs. passada, e os resultados sugeriram que a pressão alta na meia-idade está associada a um risco aumentado de dano cerebral mais tarde na vida.
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“O estudo mostrou que a pressão arterial diastólica4 em pessoas na faixa dos 40 e 50 anos está associada a danos cerebrais mais extensos anos depois. Isso significa que não é apenas a pressão arterial sistólica5, o primeiro e maior número, mas a pressão arterial diastólica4, o segundo e menor número, que é importante para prevenir danos ao tecido6 cerebral”, disse Karolina Wartolowska, pesquisadora clínica do Centro de Prevenção de Derrame7 e Demência8 da Universidade de Oxford, em comunicado. “Muitas pessoas podem pensar em hipertensão1 e acidente vascular cerebral9 como doenças de pessoas mais velhas, mas nossos resultados sugerem que, se quisermos manter um cérebro10 saudável em nossos 60 e 70 anos, podemos ter que ter certeza de que nossa pressão arterial2, incluindo a pressão arterial diastólica4, permaneça dentro de uma faixa saudável quando estamos em nossos 40 e 50 anos.”
O UK Biobank é uma coorte11 prospectiva baseada na comunidade de pessoas de 40 a 69 anos de 22 centros, com ressonância magnética12 em um subgrupo de mais de 40.000 pessoas 4 a 12 anos após a avaliação inicial.
Associações padronizadas entre a carga de HSB (volume de HSB normalizado pelo volume total de substância branca e transformado em logit) e PA atual vs. passada foram determinadas usando modelos lineares, ajustados para idade, sexo, fatores de risco cardiovascular, fonte de PA, centro de avaliação e tempo desde a linha de base. As associações ajustadas para o viés de diluição da regressão foram determinadas entre HSB médias e a PAS ou PAD usuais, estratificadas por idade e PA basal.
Em 37.041 participantes elegíveis com dados de HSB e medidas de PA, HSB foram mais fortemente associadas com PAS atual [PAD: β = 0,064, intervalo de confiança (IC) de 95% 0,050–0,078; PAS: β = 0,076, IC 95% 0,062–0,090], mas a associação mais forte foi para a PAD passada (PAD: β = 0,087, IC 95% 0,064–0,109; PAS: β = 0,045, IC 95% 0,022–0,069), particularmente com menos de 50 anos (PAD: β = 0,103, IC 95% 0,055–0,152; PAS: β = 0,012, IC 95% –0,044 a 0,069).
Devido à maior prevalência13 de PAS elevada, HSB médias aumentaram 1,126 (IC 95% 1,107-1,146) por 10 mmHg de PAS usual e 1,106 (IC 95% 1,090-1,122) por 5 mmHg de PAD usual, enquanto a fração atribuível à população de HSB no decil superior foi maior para PAS elevado (19,1% para PAS atual; 24,4% para PAS passada).
Qualquer aumento na PA, mesmo abaixo de 140 para PAS e abaixo de 90 mmHg para PAD, e principalmente se necessitar de medicação anti-hipertensiva, foi associado ao aumento de HSB.
O estudo concluiu que hiperintensidades da substância branca foram fortemente associadas com pressão arterial2 elevada atual e passada, com a carga populacional de HSB grave maior para pressão arterial sistólica5. No entanto, antes dos 50 anos, a pressão arterial diastólica4 estava mais fortemente associada às HSB. A prevenção a longo prazo de hiperintensidades da substância branca pode exigir o controle até da pressão diastólica14 levemente elevada na meia-idade.
"Nossos resultados sugerem que, para garantir a melhor prevenção das hiperintensidades da substância branca na vida adulta, o controle da pressão arterial diastólica4, em particular, pode ser necessário no início da meia-idade, mesmo para a pressão arterial diastólica4 abaixo de 90 mmHg, enquanto o controle da pressão arterial sistólica5 pode ser mais importante mais tarde na vida”, acrescentou Wartolowska.
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Fontes:
European Heart Journal, publicação em 26 de novembro de 2020.
Practical Cardiology, notícia publicada em 02 de dezembro de 2020.