Valor alto de cálcio da artéria coronária pode identificar indivíduos que provavelmente obterão benefício da terapia com aspirina
O valor elevado de cálcio da artéria1 coronária (CAC) identifica os indivíduos com risco aumentado de doença cardiovascular aterosclerótica (DCVA). Se ele também pode identificar indivíduos com probabilidade de obter benefícios líquidos da terapia com aspirina, não está claro.
O objetivo desse estudo, publicado pelo JAMA Cardiology, foi examinar a associação entre CAC, hemorragia2 e DCVA e explorar o efeito líquido estimado da aspirina em diferentes limiares de CAC.
Saiba mais sobre "Aterosclerose3" e "Hemorragias4".
O estudo de coorte5 prospectivo6 teve como base a população de participantes do Dallas Heart Study, livres de DCVA e que não tomavam aspirina no início do estudo. Os dados foram analisados entre 1º de fevereiro de 2020 e 15 de julho de 2020. A exposição do estudo foi o escore de cálcio da artéria1 coronária nas seguintes categorias: 0, 1-99 e 100 ou superior.
Eventos de hemorragia2 grave e DCVA foram identificados a partir dos códigos da Classificação Internacional de Doenças, Nona Revisão. As estimativas do efeito da aspirina derivadas da metanálise foram aplicadas à DVCA observada e às taxas de hemorragia2 para modelar o efeito líquido da aspirina em diferentes limiares de CAC.
Um total de 2.191 participantes (média [DP], idade de 44 [9,1] anos, 1.247 mulheres [57%] e 1.039 indivíduos negros [47%]) tiveram 116 eventos de hemorragia2 grave e 123 eventos de DCVA em um acompanhamento médio de 12,2 anos.
As categorias de CAC mais altas (CAC 1-99 e ≥100 vs CAC 0) foram associadas a ambos eventos, de DCVA e hemorrágicos7 (razão de risco [HR], 1,6; IC de 95%, 1,1-2,4; HR, 2,6; IC de 95%, 1,5-4,3; HR, 4,8; IC de 95%, 2,8-8,2; P <0,001; HR, 5,3; IC de 95%, 3,6-7,9; P <0,001), mas a associação entre CAC e hemorragia2 foi atenuada após o ajuste multivariável.
Aplicando estimativas de metanálise, independentemente do CAC, o uso de aspirina foi estimado para resultar em dano líquido em indivíduos com risco baixo (<5%) e intermediário (5%-20%) de DCVA em 10 anos e benefício líquido naqueles com alto risco (≥20%) de DCVA.
Entre os indivíduos com menor risco de hemorragia2, um escore de CAC de pelo menos 100 identificou indivíduos que experimentariam benefício líquido, mas apenas naqueles em risco limítrofe ou superior (≥5%) de DCVA em 10 anos. Em indivíduos com maior risco de hemorragia2, haveria dano líquido da aspirina, independentemente do risco de CAC e de DCVA.
O estudo concluiu que o cálcio da artéria1 coronária mais alto está associado a eventos hemorrágicos7 e de DCVA, com uma associação mais forte com DCVA. Um escore de CAC alto identifica os indivíduos estimados para obter benefício líquido da terapia com aspirina para prevenção primária daqueles que não o obteriam, mas apenas no cenário de menor risco de hemorragia2 e risco estimado de DCVA que não é baixo.
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Fonte: JAMA Cardiology, publicação em 28 de outubro de 2020.