Malária: infecção assintomática persistente por Plasmodium falciparum na estação seca aumenta o tempo de circulação do parasita
A estação seca é um grande desafio para os parasitas Plasmodium falciparum em muitas regiões endêmicas da malária, onde a disponibilidade de água limita os mosquitos vetores a apenas uma parte do ano. Como o P. falciparum liga duas estações de transmissão com meses de intervalo, sem ser eliminado pelo hospedeiro humano ou comprometer a sobrevivência1 do hospedeiro, é pouco compreendido.
Nesse estudo, publicado na revista Nature Medicine, pesquisadores mostraram que baixos níveis de parasitas P. falciparum persistem no sangue2 de indivíduos malineses assintomáticos durante a estação seca de 5 a 6 meses, raramente causando sintomas3 e afetando minimamente a resposta imune do hospedeiro.
Parasitas isolados durante a estação seca são transcricionalmente distintos daqueles de indivíduos com malária febril na estação de transmissão, coincidindo com uma circulação4 mais longa dentro de cada ciclo replicativo de eritrócitos5 parasitados sem aderir ao endotélio vascular6.
Os baixos níveis de parasitas durante a estação seca não são devidos à replicação prejudicada, mas sim ao aumento da depuração esplênica7 de eritrócitos5 infectados de longa circulação4, o que provavelmente mantém as parasitemias abaixo do radar clínico e imunológico.
Dessa forma, propõe-se que a virulência8 de P. falciparum em áreas de transmissão sazonal da malária seja regulada de modo que o parasita9 diminua sua capacidade de ligação endotelial, permitindo o aumento da depuração esplênica7 e possibilitando vários meses de persistência subclínica do parasita9.
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Fonte: Nature Medicine, publicação em 26 de outubro de 2020.